“SISTEMA
MAL MONTADO ABRE A PORTA À CORRUPÇÃO E À VIOLÊNCIA NA GUINÉ-BISSAU”-PUN
O líder do PUN, Idrissa Djaló apresentou hoje, no círculo eleitoral 29,
concretamente no bairro militar em Bissau, o programa do partido, com o qual
projeta uma nova Guiné-Bissau. Idrissa lança apelo à forte mobilização de
jovens para mudar o país, afirmando que o futuro é hoje.
O Partido de Unidade Nacional foi criado após o conflito político-militar na
Guiné-Bissau, entre 1998 e 1999, mas nunca elegeu nenhum deputado para a
Assembleia Nacional Popular do país.
O partido não participou nas últimas eleições legislativas do país, mas o
seu presidente tem sido bastante crítico em relação à crise política que a
Guiné-Bissau vive desde 2015, com a demissão do primeiro-ministro Domingos
Simões Pereira, líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo
Verde, vencedor das eleições de 2014, com quem assinou um acordo político.
"Muitas vezes os nossos parceiros colocam a problemática militar como
causa da instabilidade na Guiné-Bissau e isso não é verdade. A causa
fundamental da instabilidade reside num sistema político que não acredita na
democracia, outra causa fundamental é a tentação de fazer coexistir um sistema
democrático e a subversão e isso é impossível de funcionar ao mesmo
tempo", salientou.
Para Idrissa Djaló, todo o sistema político é "completamente inadequado".
"Na Guiné-Bissau, todo o espaço público é ocupado pelo sistema político
para fazer negócios, para arranjar um emprego. A função pública é politizada e
para se servir lá dentro é preciso fazer política, as forças armadas são
politizadas e a justiça instrumentalizada", disse.
Para fazer frente a estes desafios, Idrissa Djaló entende que é
"importante racionalizar o espaço público, redefinir o espaço da política
e reconstruir o sistema político".
"Se um sistema é bem montado, o sistema é capaz de auto proteger. Um
sistema mal montado abre a porta à corrupção e à violência e é o que temos na
Guiné-Bissau", salientou.
No programa do seu partido, Idrissa Djaló propõe a racionalização dos
recursos do país, passando da eleição de 102 deputados para apenas 50, a
despolitização da administração pública e o reforço da administração
territorial, bem como a reforma do setor de defesa e segurança.
"Sem estas reformas nunca vai haver paz e estabilidade", disse.
A Guiné-Bissau realiza eleições legislativas a 10 de março. Candidataram-se
ao escrutinio 21 partidos políticos.
Notabanca; 01.03.2019
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