PROIBIÇÃO DE MANIFESTAÇÕES - LGDH EXIGE A "REVOGAÇÃO IMEDIATA" DA MEDIDA
A Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) exigiu a “revogação imediata”
do comunicado à imprensa com a data de 15 de janeiro de 2024, assinado pelo
Brigadeiro General, Salvador Soares, que proíbe, “de forma incondicional”,
o exercício das liberdades de reunião e de manifestação na Guiné-Bissau.
A posição da organização da defesa dos direitos humanos na Guiné-Bissau foi tornada pública esta quarta-feira, 15 de janeiro 2025, precisamente há um ano a vigorar a medida do Ministério do Interior e da Ordem Pública, que “violou sistematicamente os direitos humanos no país”.
A Liga lembrou que, na sequência dessa decisão, as atuais autoridades
fizeram proibições seletivas e repressivas de 28 iniciativas de exercício das
liberdades de reunião e de manifestações organizadas pelos partidos políticos,
pelas organizações da sociedade civil, confissões religiosas, músicos,
organizações estudantis, entre outras entidades.
A Liga Guineense dos Direitos Humanos condenou no seu
comunicado lido na voz da sua primeira vice-presidente, Claudina
Viegas, o caso de “detenções ilegais” e “arbitrárias” de mais de 100 pessoas e
consequente submissão das mesmas às “sessões criminosas” de torturas e de
espancamentos, sendo as maiores vítimas os membros da Frente Popular e
dirigentes de diferentes partidos políticos.
“Não obstante esta proibição ilegal das liberdades de reunião e de
manifestação, assinte-se no país a realização de reuniões e manifestações de
carater político e partidário, organizadas por grupos de pessoas do regime ,
numa clara violação do principio de igualdade”, pode ler-se no comunicado
da Liga, que ressalva que a s liberdades de reunião e de manifestação “são
uma válvula de segurança da sociedade democrática”, por ser
através das reuniões e manifestações que os cidadãos,
sobretudo as minorias afastadas dos centros de decisões,
podem erguer a sua voz e transmitir as suas exigências e, por
conseguinte, escrutinar as atuações dos poderes públicos.
Perante estes fatos, a Liga exigiu do
Ministério Público a instauração de um processo criminal contra os responsáveis
da proibição, sine die, das
liberdades de reuniões e de manifestações, responsabilizar o
Ministério do Interior pelas suas reiteradas “condutas ilegais” de restrição
abusiva das liberdades de reuniões e de manifestações, bem como
reafirmar a sua inabalável determinação de promover e proteger
intransigentemente os direitos humanos na Guiné-Bissau.
O governo, através do Ministério do Interior, emitiu um despacho no dia 15
de janeiro de 2024, que proíbe a liberdade de reuniões e de
manifestações, alegando, entre outras situações, tentativas de golpe de Estado
e posse de armas indevida pelos cidadãos.
Para a Liga, este comportamento ilegal, antidemocrático
e violador das normas internacionais de direitos humanos demostra
claramente que os argumentos invocados pelas autoridades nacionais para
suspender estas liberdades fundamentais são inconsistentes.
“Para além de serem falsos, visam impedir o escrutínio dos cidadãos sobre
as atuações ilegais e arbitrárias do regime no poder”, frisou a nota.
Notabanca; 17.01.2025
Sem comentários:
Enviar um comentário