“SEM LIBERDADE DE IMPRENSA NÃO HÁ DEMOCRACIA”
O Presidente do Sindicato Nacional dos Jornalistas e Técnicos da Comunicação Social (SINJOTECS), pediu hoje a união dos profissionais da imprensa nacional com o objetivo de elevar o nível do jornalismo guineense.
Indira Correia Baldé falava no encontro de reflexão sobre o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, que se assinala hoje sob o lema “ A Liberdade de Imprensa é a Base de Todos os Direitos”.
Na ocasião, disse que sem liberdade de imprensa não há nada, salientando que os jornalistas são vozes da população e têm que estar a altura de responder perante suas obrigações.
“A luta pela liberdade de imprensa e de expressão deve ser encarada não só pela classe, mas também pela sociedade guineense em geral no momento em que estamos a assistir apesar de alguns avanços, ainda há muitos desafios para vencer “,disse.
Entre esses desafios, Correia Baldé, aponta a nova lei que determina a atribuição de novas licenças de emissão de Alvarás no sector.
Segundo ela, essa lei não facilita o exercício da liberdade de imprensa, ou seja um Governo que não subvenciona e não dá atenção aos órgãos de comunicação social e está a cobrá-los mais do que ganham, é uma forma de os acantonar ou de dizer-lhes que daqui à algum tempo vão fechar as portas.
Segundo Correia Baldé, além da Taxa Audiovisual, existem vários pacotes de lei sobre a imprensa a espera da promulgação, inclusive a lei sobre a Carreira Jornalística que foi aprovada desde 2020 no Conselho de Ministros.
“Até a data presente o ministro da Comunicação Social não se dignou a assinar o documento em causa e levá-lo à Presidência da República para promulgação”, lamentou.
A líder do SINJOTECS critica que tudo isso representa uma tentativa de silenciar os sindicatos, ou de “dizer aos jornalistas que não são importantes nesta sociedade”.
“São temas sobre os quais devemos refletir e perguntar o porque de tudo isto aos nossos governantes, para se saber se se trata de má-fé ou uma campanha contra a classe. Deve ser esclarecida ”, vincou Baldé.
Por seu turno, o Bastonário da Ordem dos Jornalistas da Guiné-Bissau António Nhaga ,disse que a Guiné-Bissau é o país mais difícil para jornalistas, se assim se pode dizer, acrescentando que, de facto, têm tido um grande problema para exercerem as suas atividades.
“Digo isso porque há uma precariedade enorme em relação ao exercício da nossa profissão e hoje devia ser um dia em que devia se realizar uma ação para alertar aos governantes de que, de facto, é preciso respeitar a imprensa uma vez que sem ela não há democracia, nem a liberdade de expressão “,disse.
Para o também docente da Universidade Lusófona da Guiné (ULG), a imprensa é aquela instância que deve permitir à todos darem a sua voz em pé de igualdade, exprimindo cada um a sua ideia, mas diz que isso não existe na Guiné-Bissau. “A Lei da Imprensa Nacional é bonita mas não tem aplicação prática”,disse .
O Bastonário da Ordem dos Jornalistas da Guiné-Bissau sugere, para o ano, o boicote de duas horas de suspensão das atividades dos órgãos da Comunicação Social ,frisando que o ato seria uma boa forma de chamar a atenção a alguém que deve assumir a responsabilidade em relação a este setor, uma vez que sem a imprensa não há Direitos Humanos.
No encontro de reflexão participarem jornalistas, Presidente da Associação das Mulheres Profissionais da Comunicação Social, Vice-presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos entre outras individualidades.
No mais recente relatório dos Repórteres sem Fronteiras sobre a liberdade de Imprensa, a Guiné-Bissau subiu 18 lugares ocupando o lugar número 78 do Ranking
Notabanca; 05.05.2023
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