quinta-feira, 20 de outubro de 2022

PUN DENUNCIA DESVIO DE MAIS DE TREZE BILHÕES DE FRANCOS CFA NO IMPOSTO DA DEMOCRACIA

Ao seu estilo simpático e sincero, o líder do Partido da Unidade Nacional (PUN), Idriça Djaló, denunciou o desvio de mais de 20 milhões de dólares norte-americanos (correspondentes a 13 bilhões de francos CFA) do imposto da democracia. Deste valor, dois milhões terão sido, segundo o político que citou o governo, canalizados para a compra de materiais de recenseamento eleitoral “sem concurso público”.

Djaló revelou aos jornalistas que o Tesouro Público terá transferido do mesmo fundo, um bilião e trezentos milhões de francos CFA para as contas do Gabinete Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral (GTAPE), bem como terá sido autorizado levantamento de seiscentos milhões de francos CFA para o Tesouro Público, sem nenhuma explicação sobre o destino do montante.

O presidente do PUN fez essas denúncias esta terça-feira, 18 de outubro de 2022, em conferência de imprensa, na qual apontou também o dedo acusador ao Madem-G15 e ao Partido dos Trabalhadores Guineenses (PTG) de estarem a usar uma narrativa étnico-religiosa para chegar ao poder, dividir o povo e criar confusão no país.

No encontro com a imprensa, Djaló falou da campanha de comercialização da castanha de cajú, do adiamento das eleições legislativas e do tráfico de droga.

Sobre a campanha de comercialização da castanha de cajú, Idriça Djaló disse ter avisado ao governo que o aumento da taxa ao produtor de 7 para 28 francos CFA comprometeria o processo, porque “a Guiné-Bissau não é o único país produtor deste produto”.

“Felizmente, a Guiné-Bissau não teve grandes constrangimentos, porque a castanha saiu das mãos dos produtores e está com os intermediários e os empresários, que contraíram empréstimos aos bancos comerciais que não liquidaram porque não conseguiram vender as suas castanhas. O preço no mercado internacional baixou e o dos transportes explodiu”, salientou.

Segundo o político, a saída da empresa Maersk Line da Guiné-Bissau, uma operadora logística dedicada a prestação de serviços de navegação marítima, foi resultado do “banditismo”, sublinhando que devido à má política económica dos sucessivos governos, a produção nacional foi relegada ao terceiro plano.

O político convida todos os partidos políticos que não estejam alinhados com as formações políticas na governação a boicotarem as próximas eleições legislativas antecipadas, exigir a formação de um governo de “tecnocratas”, incluindo a sociedade civil, quadros de reconhecida “capacidade” e pessoas “honestas”, para o relançamento dos setores chaves de desenvolvimento, nomeadamente a educação, a saúde, as infraestruturas, a agricultura, etc.

O presidente do PUN revelou a descoberta de valas comuns em Cumeré, setor de Nhacra, região de Oio, no norte da Guiné-Bissau, supostamente de pessoas vítimas de fuzilamento pelas forças colonialistas portugueses.

“Vou questionar o Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas para confirmar essa informação. A República Popular da China ofereceu vários tipos de materiais às Forças Armadas e quando estava a ser identificado o espaço para parquear esses materiais, foram descobertas num terreno em frente ao quartel de Cumeré valas comuns de pessoas fuziladas, pessoas provavelmente fuziladas pelos colonialistas portugueses e abandonadas lá sem um enterro com honra e merecida”, afirmou.   

Idirça Djaló apelou a todos os “patriotas” a trabalharem para a criação de um movimento nacional para salvação da Guiné-Bissau.

Idriça Djaló afirmou que a Guiné-Bissau, em toda a sua história, nunca teve um governo “tão pouco sensível” com os problemas sociais, tendo criticado a passividade em travar as sucessivas greves nos setores da saúde e educação.

O líder do PUN acusou ainda o Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15) de envolvimento em todas as subversões que ocorreram no país e responsabilizou o Presidente da República por todos os resultados derivados da má governação do governo de iniciativa presidencial.

Notabanca; 20.10.2022

Sem comentários:

Enviar um comentário