sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

RÚSSIA E UCRÂNIA NUMA CRONOLOGIA DE UMA GUERRA (AINDA) NÃO DECLARADA

Ao tempo que a Rússia espalhou mais de cem mil soldados ao longo das fronteiras com a Ucrânia, o que deixou logo o ocidente de sobreaviso, temendo que Moscovo esteja a preparar uma nova agressão militar contra aquele país seu vizinho.

Desde 2014 que a Ucrânia luta contra os separatistas pró-russos, apoiados, claro está, por Vladimir Putin, que já tinha declarado a anexação da península da Crimeia nesse ano, num ato considerado ilegal pela comunidade internacional.

Agora, o pano de fundo desta crise crescente prende-se com a recusa da Rússia em aceitar a aproximação da Ucrânia à NATO e à União Europeia. Basicamente, continua a considerar que o país vizinho ainda é parte da sua identidade – como antiga república soviética – e que o seu controlo é vital para a segurança de todos. Para Putin, que se declarou presidente vitalício faz tempo, os dois países formam mesmo “um só povo”.

Recuemos então um pouco para tentar compreender melhor o que se passa, com a ajuda desta linha do tempo alinhavada pelo El País.

Novembro de 2013

O presidente pró-russo da Ucrânia, Victor Yanukovych, suspende a assinatura de um acordo de associação com a União Europeia, devido à pressão da Rússia, que também estava a oferecer uma compensação económica significativa. Logo depois, dezenas de milhares de ucranianos saíram à rua, manifestando-se contra o governo em Kiev, a capital do país.

Fevereiro de 2014       

Confrontos violentos rebentam entre opositores e polícia de choque. As forças de segurança matam pelo menos 100 pessoas durante os protestos. A brutal repressão força Yanukovych a fugir.
Entretanto, em Simferopol, a capital da península da Crimeia da Ucrânia, os militantes pró-russos chocam-se com os apoiantes da unidade ucraniana. Ao mesmo tempo, militares russos camuflados e agentes espiões do Kremlin penetram no território para forçar a sua anexação pela Rússia.

16 de Março de 2014

Realiza-se um referendo na Crimeia em que – no meio de acusações de fraude – a anexação à Rússia vence por mais de 97% dos votos. Dois dias mais tarde, Putin assina a incorporação da península ucraniana no seu território, o que a comunidade internacional não reconhece. A NATO congela a sua cooperação com Moscovo, e os EUA e a UE impõem sanções.

Abril-Maio 2014

Os eventos na Crimeia tiveram réplicas na na região de Donbas, na Ucrânia. Em Maio, grupos separatistas em Donetsk e Lugansk autoproclamaram-se “repúblicas populares” e exigiram a integração na Rússia. A Ucrânia Oriental torna-se, então, o cenário da última guerra da Europa entre separatistas pró-russos, com apoio militar de Moscovo, e o exército ucraniano.

5 de Setembro de 2015

Ucrânia, Rússia e representantes separatistas de Donetsk e Lugansk assinam um acordo em Minsk para pôr fim à guerra sob os auspícios da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE). Entra em vigor um cessar-fogo, mas só dura uma semana.

19 de Outubro de 2016

Patrocinada pela França e Alemanha, a reunião que decorre em Berlim para tentar resolver o conflito termina sem progresso

10 de Dezembro de 2019

Vladimir Putin e o novo presidente ucraniano, Volodymir Zelensky, concordam em retyomar o Ucrânia. A 29 de Dezembro, Kiev e representantes separatistas trocam 200 prisioneiros, o que descongela um pouco a relação entre os dois países.

Janeiro-Abril 2021

Há um ano, houve novos desenvolvimentos. Foi quando a Rússia voltou a deslocar tropas para as suas fronteiras com a Ucrânia e para a península da Crimeia. A 13 de Abril, o Secretário-Geral da OTAN Jens Stoltenberg descreveu mesmo aquele destacamento como “o maior contingente russo desde a anexação da Crimeia”.

23 de Agosto de 2021

46 Estados e organizações, incluindo a NATO, assinam a Plataforma da Crimeia em Kiev, na qual o Ocidente exige que a Rússia devolva a península ucraniana.

3 de Dezembro de 2021

Washington entra na discussão, com o presidente Joe Biden a tornar público que está convicto da intenção de Moscovo em invadir a Ucrânia agora no início de 2022.

16 de Dezembro de 2021

A UE ameaça, então, a Rússia com “enormes sanções” se este país invadir a Ucrânia.

11 e 12 de Janeiro de 2022

Uma reunião entre Washington e Moscovo em Genebra, Suíça, e outra no dia seguinte entre a NATO e a Rússia termina sem progresso. Moscovo reinicia exercícios militares no sul da Rússia, no Cáucaso e na Crimeia.

14 de Janeiro de 2022

Os EUA advertem que a Rússia está a planear um “ataque falso” contra as suas forças na Ucrânia oriental, para culpar Kiev e justificar uma invasão. Nas primeiras horas da manhã anterior, um ciberataque maciço deixou o governo ucraniano em baixo durante horas.

18 de Janeiro de 2022

A Rússia envia tropas para a Bielorrússia para manobras conjuntas perto das fronteiras da Ucrânia.

Entretanto, o Secretário de Estado norte-americano Antony Blinken inicia uma nova ronda de reuniões, culminando numa reunião com o Ministro dos Negócios Estrangeiros russo Sergey Lavrov, prevista para esta sexta-feira.

Notabanca; 21.01.2022

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