segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

DÍVIDAS DOS PAÍSES POBRES AUMENTAM

Os pagamentos de dívida dos países em desenvolvimento mais do que duplicaram entre 2010 e 2021, estando no valor mais alto desde 2001 e representando 14,3% das receitas fiscais destes países, segundo uma ONG.

De acordo com a Organização Não-Governamental (ONG) Comité para o Jubileu da Dívida (CJD), "a média dos pagamentos de dívida estava nos 14,3% da receita dos governos em 2021, uma subida face aos 6,8% em 2010" que foi exacerbada nos últimos anos devido à crise económica causada pela pandemia de covid-19.

"Os elevados pagamentos de dívida estão a impedir muitos países de resolver e recuperar da pandemia de covid-19", lê-se numa nota do CJD enviada à Lusa, na qual se alerta que "a subida das taxas de juro nos EUA e no mundo em 2022 podem intensificar ainda mais a crise da dívida que muitos países de baixo rendimento enfrentam".

Entre os 54 países identificados como estando a enfrentar uma crise da dívida (`debt distress`, no original em inglês) estão Angola, Cabo Verde e Moçambique, com São Tomé e Príncipe e a Guiné-Bissau a estarem em risco de entrar em `debt distress`.

"A crise da dívida continua a engolir os países de mais baixo rendimento, sem fim à vista a não ser que haja uma ação urgente de alívio da dívida", disse a diretora executiva do CJD.

Segundo Heidi Chow, "os líderes do G20 não podem continuar a enfiar a cabeça na areia e simplesmente desejar que a crise da dívida passe, é preciso um esquema abrangente de cancelamento da dívida que obrigue os credores privados a fazerem parte do alívio da dívida".

Este ano, dos pagamentos de dívida externa que serão suportados por países de rendimento baixo e médio-baixo, 47% serão feitos a credores privados, 27% a instituições multilaterais, 12% à China e 14% a outros governos para além da China, aponta o CJD.

A situação, concluem os ativistas, é particularmente preocupante em África, porque a pandemia "acelerou uma situação que já estava a deteriorar-se e que vai reverter os ganhos socioeconómicos da última década", lê-se ainda na nota enviada à Lusa.

"Temos consistentemente afirmado que as medidas atuais de alívio da dívida não são suficientes e temos pedido um programa de alívio da dívida verdadeiramente inclusivo com todos os credores, e um programa abrangente de cancelamento da dívida, porque só isto poderá salvar os cidadãos africanos de tempos difíceis no futuro", avisou o diretor executivo do Fórum Africano sobre a Dívida e Desenvolvimento (AFRODAD), Jason Braganza.

Notabanca; 24.01.2022

 

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