JUSTIÇA
ARGELINA PEDE QUATRO ANOS DE PRISÃO PARA JORNALISTAS
O Ministério Público argelino requereu na
segunda-feira quatro anos de prisão efectiva para o jornalista independente Khaled
Drareni, um símbolo do combate pela liberdade de expressão na Argélia, e dois
co-acusados, no início do seu processo em Argel.
De acordo com fonte judicial citada pela agência noticiosa AFP, o procurador do tribunal de Sidi M'hamed pediu quatro anos de prisão efectiva e uma pesada pena dirigida aos três acusados, e ainda a privação dos seus direitos cívicos.
"Preocupante e chocante! Quatro anos de prisão efectiva requeridos pelo procurador da República contra o nosso correspondente na Argélia", protestou num tweet a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), que apelou à sua absolvição imediata.
Drareni, 40 anos, dirige o 'site' informativo digital Casbah Tribune e trabalha como correspondente na Argélia da cadeia televisiva francesa TV5Monde e dos RSF, uma organização não governamental (ONG).
O jornalista foi acusado por "incitamento a uma concentração não armada e atentado à integridade do território nacional", após ter efectuado a cobertura jornalística no início de Março em Argel de uma manifestação do 'Hirak', o movimento de constatação popular anti-regime que durante mais de um ano desafiou o poder, até à sua recente suspensão devido à pandemia de covid-19.
O jornalista é julgado por videoconferência desde o centro penitenciário de Kolea, perto de Argel, onde permanece em prisão preventiva desde 29 de Março.
No decurso da audiência, rejeitou as acusações, assegurando que fez o seu trabalho "na qualidade de jornalista independente", de acordo com a AFP.
Drareni está a ser julgado em companhia de duas figuras do 'Hirak', Samir Benlarbi e Slimane Hamitouc
he, igualmente detidos em 07 de Março em Argel, e que estavam presentes na sala do tribunal.
Apesar de terem sido indicados pelos mesmos motivos, estes dois activistas beneficiaram em 02 de Julho de uma medida de liberdade provisória, enquanto Drareni foi mantido na prisão.
As detenções de jornalistas multiplicaram-se nos últimos meses na Argélia, as mais recentes dirigidas a um correspondente e um operador de câmara da cadeia televisiva France 24, libertados na quarta-feira após serem detidos na terça-feira.
Outros jornalistas estão na prisão e com os processos em curso.
A Argélia figura no 146.º lugar na classificação mundial de liberdade de imprensa 2020 estabelecida pelos RSF, e que engloba 180 países.
Notabanca; 04.08.2020
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