“Umaro Sissoco Embaló vai deixar de ser o Presidente da República caso não respeitar o comunicado da CEDEAO”
O deputado APU-PDGB afirmou que o país não pode ter um Presidente da República “descarado e jogador”, mas sim, um chefe de Estado que vai desempenhar seu papel de árbitro.
Em entrevista
exclusiva à ANG na quarta-feira, Marciano Indi disse que o Presidente deve
sempre correr nas linhas admissíveis de um árbitro e apitar o jogo como deve
ser e que não tem direito de chutar a bola para baliza contrária porque tem o
interesse que outra equipa ganhe.
Marciano
Indi disse ainda que o Presidente da República não deve ser quem faz conexão
com outros partidos, por seu interesse pessoal, pondo o Povo em causa,
sustentando que toda a engenharia que está a ser feita nesse momento é uma
forma de confundir a opinião pública nacional e internacional para poder
satisfazer o interesse do seu grupo, em detrimento do interesse nacional.
“Quando o
Presidente está a reivindicar de que vem de eleições e tem todo o poder, não
deve esquecer que há partido que venceu eleições legislativas e tem o direito
de governar porque apresentou o programa eleitoral e o Povo acreditou, nesse
caso, tem que transformar aquele programa em acção governativa para poder
satisfazer o interesse do Povo”, frisou.
Segundo
Marciano Indi, num Estado de Direito Democrático, quem ganha eleição é que deve
governar por isso Umaro Sissoco Embaló deve devolver o poder ao PAIGC.
O deputado
voltou a reconfirmar que o seu partido APU-PDGB e sobretudo os quatro deputados
continuam fiéis ao “Acordo de Incidência Parlamentar” assinado com o PAIGC, em
2019 para garantir a governação do partido que ganhou as eleições legislativas.
Segundo Indi, quem ganha eleição deve governar.
Promenteu
que os quatros deputados vão continuar a dar as suas contribuições para
ajudarem o país a sair definitivamente da crise cíclica que sempre prejudicou o
Povo.
Indi
sublinhou que APU-PDGB foi criado para dar contribuições para que a democracia
torne forte na Guiné-Bissau, e defende que
isso só pode ser com respeito ao princípio democrático.
Mostrou o
desejo de ver as partes do seu partido reconciliadas, garantindo que para que
haja uma reconciliação de verdade no seio do partido, o seu presidente Nuno
Gomes Nabian deve se renunciar de
acordos assinados ilegalmente, violando o Estatuto do partido APU-PDGB e
voltar ao acordo antigo.
“Pode haver
reconciliação a partir do memento em que o Presidente do partido está de
acordo, em voltar ao Acordo antigo, e quando houver outra situação podemos
analisar no seio de partido, com sangue frio sem interesse de cada um, mas sim,
vendo o que vai beneficiar o país e partido. Caso contrário, não haverá
reconciliação”, afirmou Indi.
Disse
esperar que a comunidade internacional e sobretudo a CEDEAO e União Africana,
como fiscalizadores do cumprimento e respeito da democracia nos Estados que
aceitaram a democracia, não vão entrar nas jogadas de Umaro Sissoco Embalo.
O deputado
acrescentou que um Presidente não pode usurpar o poder e transformar-se num
ditador, e “pensar que tudo o que ele ou seu grupo quer é que deve ser”.
Indi disse
que, se o último comunicado de CEDEAO que ordenou Umaro Sissoco Embaló a nomear
um novo governo até dia 22 do mês corrente não veio a ser respeitado, Sissoco
Embaló vai deixar de ser o Presidente da República.
“Umaro
Sissoco Embaló vai deixar de ser o Presidente da República caso não respeitar o
comunicado da CEDEAO. E a organização deve lhe contar que foi reconhecido com o
intuito de criar estabilidade governativa para que a Guiné-Bissau possa andar,
mas como não foi o caso, vai esperar o pronunciamento do s Tribunal”, disse.
Respondendo
a declaração do Presidente da República Umaro Sissoco Embaló sobre a dissolução
do Parlamento, Indi disse que pode-se dizer que Umaro Sissoco Embaló não é
Presidente da República porque a sua investidura carece de algumas
formalidades, e que todas as decisões tomadas são inválidas, acrescentando que
quando foi reconhecido devia haver uma cerimónia de sua investidura na
Assembleia Nacional Popular, o que não foi o caso.
A
reafirmação do vínculo de quatro deputados do partido APU-PDGB, feita por
Marciano Indi põe em causa a maioria parlamentar desejada por esta formação política
no quadro de um acordo de incidência governativa e parlamentar, assinado na
semana passada entre APU-PDGB, MADEM G-15 e o PRS, três formações que
constituem à frente oposta ao PAIGC.
Assim vai a
democracia guineense.
Notabanca; 20.05.2020
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