O primeiro-ministro guineense desvalorizou hoje a presença de Umaro Sissoco Embaló, em Adis Abeba, adiantando que da reunião da CEDEAO sobre a Guiné-Bissau só pode sair a decisão de aguardar pela decisão judicial sobre o resultado das presidenciais.
"A
única coisa que pode sair daqui é que nós, como toda a gente, esperemos pela
decisão das instâncias judiciais do nosso país. É preciso que as instâncias
judiciais possam julgar os casos que existem a nível nacional", disse
Aristides Gomes.
O primeiro-ministro guineense falava hoje aos jornalistas à entrada para a reunião de chefes de Estado e de Governo da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), realizada à margem da cimeira da União Africana, para analisar o impasse pós-eleitoral resultante da divulgação dos resultados da segunda volta das presidenciais de 29 de dezembro.
"Temos o acompanhamento da comunidade internacional, e da CEDEAO em especial, mas sem prejuízo do funcionamento das instituições, nomeadamente das judiciais", acrescentou.
Questionado sobre a presença em Adis Abeba, para contactos com os chefes de Estado da União Africana, do candidato dado como vencedor das eleições pela CNE, Umaro Sissoco, Aristides Gomes desvalorizou.
"Qualquer pessoa tem a possibilidade de se encontrar com estadistas em qualquer parte do mundo. É preciso não dramatizar. Faz parte da construção da imagem de qualquer ator. A imagem não é fundamental, é importante, mas não é fundamental", disse.
No mesmo sentido, considerou sem "qualquer importância" o país estar representado por Suzy Barbosa na cimeira da União Africana.
A Guiné-Bissau está representada na cimeira da UA por Suzy Barbosa, que se demitiu de ministra dos Negócios Estrangeiros e a que o Presidente José Mário Vaz deu "plenos poderes" de representação, em detrimento do primeiro-ministro, Aristides Gomes, e da nova ministra dos Negócios Estrangeiros, Ruth Monteiro.
Aristides Gomes considerou que esta representação não fragiliza o seu Governo, mas questiona a legitimidade da delegação que representa o país, referindo que a União Africana falhou em compreender a situação numa primeira fase.
O chefe do Governo guineense aludia desta forma ao convite feito pela UA a Umaro Sissoco Embaló para participar na cimeira, convite entretanto retirado.
Aristides Gomes considerou ainda que existe muita agitação interna dos dois lados envolvidos na situação.
"Estamos à espera de uma decisão de validação ou não pelo Supremo Tribunal de Justiça do trabalho realizado pela CNE através daquilo que apresenta como o seu mapa de apuramento das eleições. Estamos à espera, mas há muita agitação de um lado e de outro", disse.
O primeiro-ministro disse esperar dos parceiros da CEDEAO "a cooperação e o apoio à Guiné-Bissau como um todo".
A reunião de chefes de Estado e Governo da CEDEAO sobre a situação política na Guiné-Bissau, que começou hoje cerca das 20:30 horas (menos três horas em Lisboa), em Adis Abeba, com a presença do primeiro-ministro guineense, Aristides Gomes, não tem indicação de hora prevista para terminar.
Notabanca; 09.02.2020
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