No Quénia, morreu esta terça-feira (04.02), o ex-Presidente Daniel arap Moi. O antigo chefe de Estado estava internado há cerca de um mês. A informação foi avançada pela Presidência da República.
Daniel arap Moi, que governou o Quénia com mão de ferro durante 24 anos e foi o segundo Presidente do país, morreu aos 95 anos, informou o gabinete do Presidente Uhuru Kenyatta.
Moi esteve no cargo de 1978 a 2002, uma época marcada pela centralização do poder, corrupção e alegações de abuso dos direitos humanos. A ex-colónia britânica foi um Estado de partido único durante grande parte do seu Governo.
Apelidado de ditador pelos críticos, Moi foi fortemente apoiado por muitos quenianos e era visto como uma figura de união quando assumiu o poder em 1978, na sequência da morte do Presidente Jomo Kenyatta.
Regime de partido único
Em 1982, o Governo de Moi alterou a Constituição
para impor um regime de partido único. No final do ano, o exército pôs fim a
uma tentativa de golpe de Estado liderada por membros da oposição e alguns
oficiais da força aérea. Pelo menos 159 pessoas morreram.
Um relatório da comissão governamental Verdade
Justiça e Reconciliação queniana, que avaliou a administração de Moi, concluiu
que o regime deteve e torturou sistematicamente ativistas políticos
opositores.
A mesma comissão verificou também a ocorrência de
detenções ilegais e homicídios, incluindo o assassínio de um ministro dos
Negócios Estrangeiros Robert Ouko.
Uhuru Kenyatta e Daniel arap Moi, quando deixou o
poder em 2002
"O [sistema] judiciário tornou-se cúmplice na
manutenção das violações, enquanto o parlamento foi transformado num fantoche
controlado pela mão pesada do executivo", indicou o mesmo documento.
A corrupção, especialmente na distribuição ilegal de
terras, estendeu-se a todas as esferas da administração, enquanto o poder
político estava concentrada nas mãos de alguns, acrescentou.
Saída do poder em 2002
Em 1991, Moi cedeu à pressão interna, e também
ocidental, e às exigências para a criação de um sistema político
multipartidário, devido à pressão interna. No mesmo ano, a polícia matou mais
de 20 pessoas numa manifestação.
As eleições multipartidárias de 1992 e 1997 foram
marcadas pela violência política e étnica.
Quando Moi deixou o poder em 2002, a economia do
Quénia, um dos países mais desenvolvidos da África Oriental, apresentava
resultados negativos devido à corrupção.
Frequentemente, o antigo Presidente queniano acusou
o Ocidente pelas dificuldades
económicas sentidas pela população durante o seu mandato.
Os quenianos aprovaram uma nova
Constituição, que entrou em vigor em 2010, com mecanismos para impedir um
culto da personalidade.
Notabanca; 04.92.2929
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