O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que "ninguém sabe" com certeza o que provoca a mudança climática.
A declaração feita durante a conferência de imprensa anual, em que aborda diversos assuntos, coloca em questão a responsabilidade humana no aquecimento do planeta.
"Sabemos que nosso planeta conheceu períodos de aquecimento e de resfriamento e isso pode estar relacionado a um processo no universo", declarou Putin acrescentando que uma pequena mudança no ângulo de rotação da Terra ao redor do Sol pode levar o planeta a sofrer séras mudanças do clima.
Por isso, para o
presidente russo, "avaliar a influência que a humanidade contemporânea
pode ter sobre o clima é muito difícil, até impossível". No entanto,
ratificou o compromisso da Rússia para reduzir as emissões de gases do efeito
estufa, assim como para respeitar o Acordo de Paris sobre o Clima.
"Não fazer nada
tampouco é uma solução e neste ponto estou de acordo com meus colegas [chefes
de Estado]. Temos que fazer um esforço máximo para que o clima não mude de
maneira dramática", disse, reconhecendo que a própria Rússia está exposta
ao fenômeno.
"É um processo
muito sério para nós. Há cidades inteiras construídas sobre o permafrost,
imaginem as consequências no caso de um grande degelo", afirmou.
O chefe de Estado russo também abordou outros assuntos durante a sua
coletiva de imprensa anual, como o processo de impeachment que enfrenta o
presidente americano, Donald Trump.
Para ele, o republicano é visado por acusações "completamente
inventadas".
Putin lembrou que o
processo ainda tem que passar pelo Senado, onde os republicanos são maioria e
devem barrar o impeachment.
"O partido que
perdeu as eleições, o Partido Democrata, tenta alcançar seus objetivos usando
outros meios e outras ferramentas e acusando Trump de complô com a Rússia. E
quando fica claro que não foi o que aconteceu, inventam essa história da
pressão sobre a Ucrânia", completou.
Outra questão comentada por Putin foi a participação dos atletas do país em
competições esportivas sob as cores da bandeira russa.
Atualmente os desportistas russos
são obrigados a competir sob uma bandeira neutra, devido a um recente
escândalo de doping.
O presidente russo
lembrou que "nenhuma declaração oficial foi feita pela Agência
Mundial Antidoping contra o nosso Comitê Olímpico". Então, segundo ele,
"qualquer punição deve ser individual". Putin também prometeu
"fazer de tudo para manter o esporte russo limpo".
Para o presidente russo,
o corpo de Vladimir Ilyich Lênin deve continuar no mausoléu na Praça Vermelha
de Moscou, onde foi colocado após sua morte, em 1924.
"Acredito que não é necessário tocar
nele. Pelo menos enquanto a vida e o destino de muitas pessoas estiverem
relacionados a ele e relacionados aos sucessos do passado, com os anos
soviéticos", afirmou.
A questão do mausoléu de
Lênin, aberto após sua morte, é muito controversa na Rússia, onde o Partido
Comunista é a primeira força de oposição no Parlamento. Segundo uma pesquisa
recente, mais de 60% dos russos pensam que o corpo do primeiro líder soviético
deveria ser removido do local e enterrado.
Por último, Putin
respondeu a perguntas sobre uma reforma da Constituição, em particular sobre a
possível proibição que um presidente exerça mais do que "dois mandatos
consecutivos". "O que poderia ser feito é suprimir o termo
'consecutivo' do texto quando se refere à função presidencial", afirmou.
Essa foi a primeira vez que se manifestou favoravelmente sobre a questão.
No entanto, se esse termo fosse removido da Constituição, excluiria
qualquer possibilidade de um retorno de Putin após 2024, quando seu segundo
mandato consecutivo actual expira.
Desta forma, ele não poderia deixar a presidência por um tempo e depois
voltar a exercê-la,como fez em 2012, após quatro anos como primeiro-ministro,
entre 2008 e 2912.
Neste momento,
"este fiel servidor cumpre seus dois mandatos, deixa a função e depois
terá o direito de retornar ao cargo de presidente porque já não se trata mais
de dois mandatos consecutivos", afirmou o líder russo. No entanto,
reconheceu que esse tipo de alternância "incomoda certos cientistas
políticos e actores da sociedade e pode ser eliminada", concluiu.
Notabanca; 21.12.2019
Sem comentários:
Enviar um comentário