A produção de petróleo saudita foi reduzida pela metade e pode demorar semanas para ser normalizada depois dos ataques deste sábado (14), que atingiram duas instalações estratégicas da companhia nacional de petróleo Aramco.
As
explosões foram provocadas por drones teleguiados enviados pelos rebeldes
hutis, do Iémen e geraram incêndios nas refinarias em Abqaiq, a maior
usina de processamento de bruto do mundo, e Khurais. Os locais bombardeados
ficam a mais de 1.000 quilômetros da região do noroeste do país que estão sob
controle dos hutis.
Dentro
de 48 horas, a Aramco deve reavaliar a situação. De acordo com o ministro da
Energia, o príncipe Abdoulaziz ben Salman, cerca de 5,7 milhões de barris
produzidos diariamente foram afetados pela interrupção parcial. Isso representa
metade da produção saudita, ou 5% do comércio mundial do petróleo.
Os
ataques foram reivindicados pelos rebeldes iemenitas hutis, que apoiam o Irã e
são alvo de ofensivas militares da Arábia Saudita e de outros aliados sunitas,
desde 2015. Em um contexto de tensões no Golfo, o secretário de Estado
americano, Mike Pompeo, acusou o Irã de ter organizado os ataques.
O
governo iraniano reagiu, acusando Washington der buscar pretextos para
desencadear uma guerra. "Os Estados Unidos perderam força no Iêmen
acreditando que a superioridade militar conduz à vitória. Acusar o Irã não
colocará um fim a esse desastre", disse o chefe da diplomacia iraniana,
Mohammad Java.
Em
entrevista à RFI, o analista francês Pierre Terzian, diretor da revista
Petrostratégie, disse que a grande novidade é que agora os sauditas estão
diretamente na mira dos iemenitas. "Quando os Estados Unidos se retiraram
do acordo nuclear iraniano todos os olhares se voltaram para o estreito de
Ormuz”, diz.
“A
questão era se os iranianos tentariam bloquear o estreito de Ormuz se suas
exportações de petróleo caíssem demais. Mas os ataques iemenistas agora
envolvem diretamente as instalações da Arábia Saudita”, analisa. “É uma
guerra descentralizada, onde potências como os Estados Unidos e outras da
região, como a Arábia Saudita, estão sendo pegas desprevenidas", conclui.
Segundo
ele, os ataques devem afetar a exportações, mas os sauditas têm 200 milhões de
barris em estoque e podem utilizá-los durante 33 dias. Usar esse petróleo,
entretanto, é arriscado, “porque é necessário ter uma margem para dar continuidade
às operações”, ressalta Terzian. A França condenou os ataques, “que agravam as
tensões e os riscos de conflito na região”, reafirmando sua solidariedade à
Árabia Saudita.
Por
conta das explosões, a bolsa de Ryad abriu em baixa de 2,3% neste domingo, mas
já reduziu uma parte de suas perdas. Os analistas esperam que o preço do
petróleo cresça entre US$ 3 e US$ 5 na abertura da bolsa de valores.
Notabanca;
16.09.2019
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