O traficante Jacques Monsieur estava escondido num abrigo junto à Herdade do Zambujal. Nos últimos 35 anos esteve envolvido em tudo o que foi conflito militar.
Foi um negócio com cavalos que levou quarta-feira à detenção em Portugal do maior traficante de armas da Bélgica e um dos maiores do mundo, conhecido como "Raposa" ou "Marechal" - segundo a televisão belga VTM, nos últimos 35 anos, não há conflito armado em que não tenha estado envolvido.
Sempre colaborador próximo do Irão, esteve envolvido no Irangate e forneceu armas a Teerão, nos anos 80, na guerra contra o Iraque.
Jacques Monsieur, de 66 anos, foi detido na Herdade do Zambujal, perto de Évora, onde estava escondido há quase um ano, depois de ter sido condenado em 2018 a quatro anos de prisão no seu país e ao pagamento de uma multa de 1,2 milhões de euros por tráfico de armamento para a Líbia, Chade, Paquistão e Irão.
Um agravamento depois de ter recorrido da pena aplicada em primeira instância - três anos de prisão e 300 mil euros de multa.
Vamos à história dos cavalos, a que levou à sua detenção ao abrigo de um mandato europeu. "Raposa" tinha uma quinta em França que vendeu em março passado. Decidiu transportar nove cavalos da quinta para Portugal. Transporte no valor de 2 500 euros que Monsieur nunca terá pago. Mais foi esta pista de Tarascon que trouxe a equipa especial belga FAST a Évora, em estreita colaboração com as polícias portuguesa e francesa.
A polícia encontrou-o escondido num pequeno abrigo, junto aos estábulos da herdade.
Jacques Monsieur foi condenado por tráfico de material militar para países em guerra, onde introduziu, entre 2006 e 2009, armas automáticas, munições e até tanques, helicópteros e aviões.
De acordo com a TVI, que cita a acusação, Jacques Monsieur vendeu 100 mil armas automáticas à Líbia; tanques e helicópteros à Guiné Bissau; material militar ao Irão, 200 mil armas automáticas e munições, helicópteros e outras aeronaves militares ao Chad (na altura em guerra civil); e lança rockets e metralhadoras ao Paquistão.
Monsieur - que esteve ao serviço do Exército belga até 1980 - já tinha sido condenado a 23 meses de prisão nos Estados Unidos em 2010 por tentar contrabandear peças de aviões de guerra para o Iraque, segundo a AFP.
Em 2002, um tribunal de Bruxelas sentenciou Monsieur a mais de três meses de prisão por vender armas, incluindo lança-granadas e partes de mísseis ao Irão, China, Equador, Bósnia-Herzegovina e Croácia, nas décadas de 1980 e 1990.
Jacques Monsieur deverá ser hoje presente a juiz.
Notabanca; 16.08.2019
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