Os partidos da maioria parlamentar da Guiné-Bissau avisaram que a marcha hoje realizada é a última exigência pacífica para a nomeação do primeiro-ministro e formação do Governo, depois das legislativas de 10 de março.
"Este é o nosso último ensaio, a nossa última chamada de atenção, última exigência pacífica que fazemos não só ao povo guineense, mas também à comunidade internacional", afirmou o presidente do PAIGC, Domingos Simões Pereira, vencedor das últimas legislativas.
No discurso, proferido no final do protesto que juntou milhares de pessoas em Bissau, Domingos Simões Pereira disse que a Guiné-Bissau "não é o diabo" e exigiu à Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para resolver o problema, salientando que no país as leis também são para cumprir.
"Exigimos à CEDEAO porque se a CEDEAO não for parte da solução, é porque é parte do problema", afirmou.
Domingos Simões Pereira alertou também para a grave situação económica do país - confirmada pelo Fundo Monetário Internacional - que pode entrar em "bancarrota" e "falência total" se o novo Governo não for nomeado.
"Isso é o que o Presidente (da Guiné-Bissau, José Mário Vaz) quer, um estado de caos", disse.
Domingos Simões Pereira afirmou também que é tempo de haver uma nova Guiné-Bissau que exige respeito.
"A Guiné-Bissau ajoelhada com os braços no ar, a pedir, acabou de vez. Se olharem para os países do mundo e africanos estão bem e não há segredos e magias, há só uma coisa: a lei, ordem e disciplina, e foram capazes de garantir que a justiça funciona", afirmou.
Numa mensagem à comunidade internacional, o presidente do PAIGC sublinhou que quem estiver interessado em ajudar tem de saber que "só há um caminho que é aquele que é feito através da lei, da Constituição, da ordem, da disciplina e do desenvolvimento".
Às Forças Armadas guineenses, o presidente do PAIGC disse que têm uma "herança extraordinária", mas que só faz sentido ao serviço da Justiça e do Estado de Direito democrático.
"As pessoas que têm poder, a começar pelo Presidente da República, é que estão a ensaiar golpes de Estado. Ele próprio é que está a pedir que finjam que há um golpe de Estado para ver se eu tomo medidas mais fortes ou se fujo e abandono o país", afirmou Domingos Simões Pereira, referindo-se aos rumores que têm circulado nos últimos dias em Bissau sobre alegadas tentativas de golpes.
O presidente do PAIGC salientou também que se não fez golpes depois de ter sido demitido em 2015, depois de vencer as eleições legislativas de 2014, também não o vai fazer em 2019.
"Nós respeitamos todos os organismos internacionais, mas desta vez têm de nos deixar construir o nosso país", afirmou Nuno Nabian, líder da Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), que assinou com o PAIGC, a União para Mudança e o Partido da Nova Democracia um acordo de incidência parlamentar e governativa.
Aqueles quatro partidos juntos têm 54 dos 102 deputados do parlamento guineense.
"Domingos Simões Pereira, custe o que custar, se não for primeiro-ministro estamos a caminho de uma nova revolução", disse Nuno Nabian, salientando que há uma maioria para garantir ao povo guineense quatro anos de governação.
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