CEDEAO PEDE
URGÊNCIA NA FORMAÇÃO DO NOVO GOVERNO
CEDEAO pede aos actores políticos guineenses diálogo construtivo, para
colocarem os interesses da Guiné-Bissau em primeiro lugar e muita urgência na
nomeação do primeiro-ministro e formação do Governo.
Cinquenta dias depois da realização das eleições legislativas foi preciso a
Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) enviar à Bissau,
nesta terça-feira (30.04.) uma missão para pressionar os atores políticos a
ultrapassar com "urgência” as divergências no Parlamento, nomear rapidamente
o novo primeiro-ministro e empossar o novo Governo. Um ato que cidadãos
guineenses descrevem nas redes sociais como vergonhoso para a soberania da
Guiné-Bissau.
Na declaração, Jean-Claude Kassi Brou, porta-voz da delegação refere que a
CEDEAO insiste que os "grupos parlamentares devem finalizar com urgência a
constituição da mesa da Assembleia Nacional de acordo com os votos expressos
pelo povo" nas legislativas de 10 de março.
A CEDEAO pediu também a "urgente implementação do Governo após a nomeação
do primeiro-ministro para enfrentar os desafios do desenvolvimento económico e
social".
De acordo com DW, a missão acontece no dia em que o Partido Africano para a
Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) exigiu ao "Presidente da
República, José Mário Vaz, o mais rápido cumprimento da sua obrigação
constitucional, ou seja, de reconhecer os resultados das últimas eleições
legislativas e viabilizar a imediata nomeação do primeiro-ministro e a
consequente formação do governo, para que se dê início ao cumprimento das
obrigações e promessas assumidas para com o povo guineense".
Não impasse na ANP
À saída do encontro com a delegação da CEDEAO chefiada por Geoffrey Onyeama,
ministro dos Negócios Estrangeiros da Nigéria, o presidente do PAIGC, Domingos
Simões Pereira, negou que haja bloqueio ou obstáculos na composição da mesa do
novo Parlamento e falou em tentativa de "fabricar uma falsa crise"
para impedir a tomada de posse do novo Governo, que tudo indica irá ser
liderada por ele.
"A Assembleia Nacional Popular tem funcionado com absoluta normalidade. E,
de acordo com a nossa Constituição não entra no conjunto de prerrogativas do
Presidente da República condicionar um órgão de soberania como é Assembleia
Nacional Popular. Todos nós estamos estupefactos por hoje completar 50 dias
depois das eleições e ainda não haver designação do primeiro-ministro e a
formação do Governo”, disse Simões Pereira.
O presidente do PAIGC, partido vencedor das eleições de 10 de março, falava aos
jornalistas em nome da Coligação que forma a maioria parlamentar, no hemiciclo
empossado a 22 de abril último.
Entretanto, na perspetiva do Movimento para Alternância Democrática, a solução
para os diferendos, passa por PAIGC se abster de ocupar 80% dos lugares na mesa
do Parlamento, afirma Aristides Ocante da Silva, alto dirigente do MADEM-G15.
"Um partido como o PAIGC que tem 46% dos deputados na Assembleia Nacional
Popular nunca pode pretender dominar a mesa da Assembleia com 80 % dos cargos,
isto é inaceitável. A segunda questão, é que deve aceitar que o lugar de
primeiro-secretário pertence ao PRS (Partido da Renovação Social) por lei”.
CEDEAO pede consensos
Por seu lado, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Nigéria, Geoffrey
Onyeama, disse que é preciso que as partes cheguem a consensos para que a Guiné-Bissau
possa avançar para as eleições presidenciais e as reformas da Constituição.
"Estamos aqui para discutir com todas as partes visando encontrar uma
solução, chegar a um consenso porque o país precisa de avançar. Há as
presidenciais, a questão da reforma da Constituição e tudo isso não pode
avançar sem consensos. Isso para nós é a chave do futuro do país para que possa
avançar e a estabilidade na Guiné-Bissau seja uma realidade”, afirmou Onyeama.
O chefe da missão que permaneceu algumas horas na capital guineense salientou
também que o facto de os deputados da Assembleia Nacional Popular (ANP) não
conseguirem eleger a mesa está a atrasar a formação de um Governo e "não
será fácil, porque as tensões estão a aumentar e podem ameaçar a estabilidade do
país e haver um recuo no processo pós-eleitoral".
Recorde-se que o novo impasse surgiu a 18 de abril, logo após a cerimónia de
tomada de posse dos novos deputados, com a eleição da mesa da Assembleia
Nacional Popular.
Notabanca; 30.04.2019
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