O ex-primeiro ministro José Maria Neves reagiu aos incidentes entre moradores e a polícia no bairro da Jamaica (Portugal), onde vivem cidadãos de origem cabo-verdiana, afirmando que “só seremos livres quando desracializarmos as relações entre povos”.
Na
publicação intitulada “Jamaica, um país de todas as cores”, José Maria Neves
começa por manifestar sua “amizade e solidariedade com todos os que, onde quer
que seja, sofrem de racismo”.
Prosseguindo,
o ex-governante escreveu que o “colonialismo alimentou-se do racismo e da
violência” para “espoliar povos” em África, Américas e Ásia.
“Temos que
continuar a luta pela liberdade! A luta contra a subjugação – o que é o
racismo, se não uma forma de dominação? -, e pelas liberdades civis e
políticas. A luta pela democracia, por mais igualdade e mais fraternidade”,
ajuntou.
“Só seremos
livres quando desracializarmos as relações entre povos”, acrescentou José Maria
Neves, arrematando que “não há raças”, mas “Humanidade, homens e mulheres de
todas as cores, que podem viver em paz e amizade”.
Mas adiante,
Neves afirmou que não haverá paz enquanto uns desejam colonizar os outros, pela
espoliação, pela violência e pelo racismo.
Para José
Maria Neves, a luta pela liberdade continua uma vez que, segundo escreveu,
“todos os dias, sobretudo neste mundo onde o racismo, a violência, o
recuo das liberdades civis e políticas e o avanço do populismo e do
autoritarismo são realidades palpáveis”.
Finalizando,
este interlocutor afirmou que o Bairro da Jamaica, no Seixal (Portugal), por
tudo o que lá se vive, “pelo simples facto de existir, ganhou direito à nossa
mais profunda solidariedade e ao nosso veemente repúdio por todas as formas de
racismo e de violência”.
O Presidente
da República, Jorge Carlos Fonseca, escolheu a sua página pessoal na rede
social Facebook para anunciar que está a seguir os acontecimentos no bairro da
Jamaica, onde residem várias pessoas de origem cabo-verdiana, local, domingo,
20, em que se registaram incidentes entre a PSP e moradores, os quais
resultaram cinco civis e um polícia feridos, sem gravidade.
Uma pessoa
foi, entretanto, libertada.
“Acompanho e
procuro informações concretas relativas ao sucedido no bairro da Jamaica,
Seixal, Portugal”, lê-se na mensagem do chefe de Estado.
A Embaixada
de Angola em Portugal, por seu turno, anunciou na terça-feira que está
atenta ao apuramento de responsabilidades no caso que ocorreu no bairro da
Jamaica, no Seixal (Setúbal), apelando aos cidadãos angolanos que “se abstenham
de acções negativas”.
O Ministério
Público português abriu um inquérito aos incidentes no bairro da Jamaica e a
PSP abriu um inquérito para “averiguação interna” sobre a “intervenção policial
e todas as circunstâncias que a rodearam”.
Notabanca;
25.01.2019
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