EFEITO DO RUÍDO NA CONVIVÊNCIA SOCIAL PESQUISADO PELO DIRETOR DA CESJ
Preocupado com o efeito do ruido nas escolas, o diretor da Cooperativa Esciolar São José coloca em mãos dos docentes da mesma instituição, a materia em causa para minimizar o barulho nas escolas bem como nas outras localidades.
O tema foi investigado e trazido a tona por Raúl Daniel da Silva.
Confira o documento:
Preocupado com o efeito do ruido nas escolas, o diretor da Cooperativa Esciolar São José coloca em mãos dos docentes da mesma instituição, a materia em causa para minimizar o barulho nas escolas bem como nas outras localidades.
O tema foi investigado e trazido a tona por Raúl Daniel da Silva.
Confira o documento:
EDUCAR PARA A CONTENÇÃO DO RUÍDO NAS NOSSAS ESCOLAS
Será
possível conter o ruído nas escolas?
Analise das pistas para diminuir o problema do ruido, lançando
o conjunto de desafios aos professores, alunos, pais e encarregados de
Educação.
1 - O
ruído como uma questão de saúde pública…
2 - Conceitos
e terminologia…
O som, e as
suas propriedades, é um tema da Física que tem domínios de aplicação muito diversificados
como se pode deduzir pelos trabalhos de investigação publicados e disponíveis
nos repositórios públicos de trabalhos académicos.
Entende-se
como ruído o som não articulado ao qual se sobrepõe (com maior ou menor
esforço) o som da comunicação. O ruído ambiental é associado aos sons pouco
agradáveis e inclusive prejudiciais, que modificam as condições consideradas
normais ou toleráveis num determinado contexto, que quando excessivo é
normalmente designado por “poluição sonora”.
Os
efeitos do ruído na saúde:
A partir de
1989, a Organização Mundial de Saúde (OMS) passou a tratar o ruído como um
problema de saúde pública, recomendando que o limiar seguro de exposição ao
ruído é de 55 dB. De acordo com a Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no
Trabalho, os níveis efetivos de ruído nas escolas ultrapassam frequentemente
estes limites e podem atingir os 60 dB a 80 dB.
O ruído pode
prejudicar a audição, interferir na comunicação, perturbar o trabalho e o sono,
bem como provocar perturbações a nível fisiológico e a nível psicológico. Estes
efeitos são agravados quando a exposição ao ruído ocorre por longo período de
tempo como acontece com alunos, professores e funcionários.
Os sintomas mais comuns nos adultos, de uma
exposição prolongada ao ruído são as dores de cabeça, a ansiedade e “stress”,
as perturbações metabólicas e as dificuldades em dormir.
*NOTA BEM : Para além
dos efeitos registados nos adultos, entre as crianças e adolescentes
salientam-se a falta de concentração, a baixa produtividade, a interferência
na comunicação e as dificuldades na aprendizagem. Alguns autores reportam ainda
problemas de hiperatividade, irritação e agressividade (por excesso) como
consequências da exposição ao ruído.
O
ruído nas nossas escolas
Temos
escolas tão barulhentas como as outras
Mesmo nos
contextos mais regulados (salas de aula, bibliotecas escolares, etc.), tem
vindo a constatar-se que o problema do ruído em contexto escolar tem vindo a
agravar-se, com consequências muito
negativas para a saúde dos alunos, professores e funcionários, e com impactos
muito negativos na qualidade das aprendizagens, na relação pedagógica, e mesmo
na relação entre pares (níveis de ruído elevados potenciam a irritação e a agressividade).
Alguns
estudos realizados em escolas portuguesas demonstram níveis de ruído muito
acima dos valores recomendados pela OMS e transcritos para a Legislação
Portuguesa (Decreto-lei n.º 9/2007). Estes dados estão em linha com as
conclusões de estudos de grande dimensão, realizados a nível internacional. Um
dos estudos mais recentes, noticiado pelo jornal Público, envolveu escolas da
área metropolitana de Londres e acentuou a preocupação acerca das consequências
da exposição ao ruído, que tem vindo a acentuar-se e a ser alvo de
recomendações dos organismos internacionais.
Em termos de
saúde os professores são os que mais sofrem com as situações de ruído excessivo nas escolas:
para além de, tal como alunos e funcionários, estarem sujeitos a níveis de
ruído pouco recomendados para a saúde (cuja tolerância diminui com a idade),
têm de se fazer ouvir acima do ruído ambiental sendo obrigados, demasiadas
vezes, a falar mais alto com consequências nocivas para o aparelho fonador
(cordas vocais, boca e garganta) de que resultam doenças profissionais cada
vez mais comuns.
O
ruído e a aprendizagem:
A
comunicação oral é o requisito de comunicação por excelência na maioria das
aulas mas com particular relevância nas línguas. A existência de um ruído
ambiental excessivo interfere com a forma como a mensagem é recebida pelo
aluno.
A figura
representa um aspeto relativo à propagação do som em função da distância. O
professor, para se fazer ouvir, coloca a sua voz acima do ruído de fundo da
sala. A qualidade da mensagem que chega aos alunos depende de características individuais
(acuidade auditiva) mas também da sua distância ao professor. A generalidade
dos professores compensa intuitivamente este aspeto problema mudando com
frequência a sua posição na sala da aula.
Podemos imaginar a corrupção da mensagem
pelo ruído ambiente como frases e parágrafos de texto que foram retiradas
palavras ou alteradas na sua grafia. De acordo com alguns estudos, a
fragmentação da informação é particularmente grave para os alunos mais jovens
(que têm mais dificuldade em inferir a informação em falta) e no âmbito da
aprendizagem das línguas.
O efeito do ruído na aprendizagem é estudado desde finais do século passado com demonstrações do que todos
podemos deduzir pelo senso comum: aulas barulhentas são menos eficazes por
vários motivos nomeadamente as dificuldades de comunicação da mensagem do
professor, os problemas de interação entre alunos, o esforço e tempo adicionais
necessários à regulação de comportamentos, entre outros. Esta situação
afeta de forma diferenciada os alunos mas tem efeitos gerais muito
significativos no coletivo.
Os
desafios baseados na medição do som:
Os desafios
envolvendo a medição do som 55 dB OMS 65 dB escola, (intensidade sonora) foram
particularmente difíceis de conceber pois revelaram-se com frequência muito dependentes
do ruído ambiental. Compensamos essa dificuldade com desafios de natureza mais
exploratória, realizados com toda a turma. Um dos mais comuns é desafiar os
alunos, que tem projetado o valor da medida, a conseguir o valor mais baixo
possível de ruído (abaixo de um limiar previamente estabelecido) introduzindo
de seguida pequenos sons do quotidiano das salas de aula (brincar com o
material, cochichar com o parceiro, arrastar a cadeira, etc.) e verificando
como, cada pequeno ruído, afeta a medida do sensor de som.
Nos desafios competitivos (as palmas
mais sonoras) os alunos, mesmo os alunos mais novos (1.º e 2.º ano), sabem que
devem fazer silêncio para não beneficiar os competidores. Em muitos momentos
são eles a propor a medição de diversos sons (assobios, gritos, etc.). Para
além do entusiasmo podemos constatar uma atitude que nos surpreendeu a nós, e
aos seus professores: a surpreendente capacidade dos alunos regularem com
eficácia os seus comportamentos individuais e coletivos para a contenção do ruído.
NOTA BEM : Temos a consciência do muito que há por fazer em termos de melhoria
da acústica dos espaços escolares e de intervenções de diminuição do ruído
ambiental, nos edifícios das escolas. Há intervenções muito simples e baratas
(painéis de materiais que absorvem o som) mas outras requerem intervenções
especializadas dos Professores ou da administração educativa.
Passo
1:
Visão
positiva da contenção do ruído:
O ruído é,
demasiadas vezes, encarado como uma questão disciplinar. “Fazer barulho” em espaços
em que tal é proibido (aulas, biblioteca) é talvez o problema disciplinar mais
comum. A abordagem disciplinar para além de uma eficácia limitada, tem ainda a
desvantagem de ser muito difícil de implementar em espaços com menor regulação
(recreios, refeitórios, corredores).
Quando
abordagem regulamentar não é suficiente o que as Sociedades fazem é recorrer à
Escola para promover a mudança de atitudes dos alunos perante situações de
risco (segurança rodoviárias,
educação para a saúde, etc.). A Escola demonstrou uma extraordinária eficácia
nesse processo:
Há comportamentos de quando eramos crianças que hoje são inadmissíveis. Por maioria de razão se justifica colocar a questão da contenção do
ruído, não como um problema disciplinar, mas como uma finalidade para o bem
comum, que pode e deve ser integrada nos programas de educação para a saúde;
Passo
2:
Sensibilização
para a importância da contenção do ruído;
Ao contrário
da disciplina, que pode ser simplesmente imposta, não se Educa na ignorância Parece-nos por isso fundamental
que os alunos sejam informados e sensibilizados para o problema e sobre as
finalidades das iniciativas.
É particularmente relevante que os alunos compreendam como os seus
comportamentos individuais alteram a qualidade do ambiente partilhado por todos.
Com a adequação a diferentes idades dos alunos propomos que desenvolvam
atividades que os levem a compreender os princípios essenciais da origem do
ruído e da sua propagação.
Passo
3:
Celebramos o Dia Internacional de
Sensibilização para o Ruído;
As escolas
celebram ao longo do ano letivo diversas datas relevantes para a Solidariedade,
Saúde, Segurança, entre outros. Estas datas surgem como pretexto para
atividades de sensibilização para riscos, promoção de atitudes e os Valores da
Cidadania.
NOTA BEM :A celebração do Dia Internacional
de Sensibilização para o Ruído que ocorre a 27 de Abril, embora comum em muitas
escolas de vários países europeus ainda não é muito comum nas nossas
escolas. A ideia é promovermos nesse dia, em contextos escolares diversos (sala
de aula, recreios, bibliotecas), atividades de sensibilização dos alunos para a
contenção do ruído nos espaços escolares.
Notabanca;
10.09.2018
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