A União Nacional de Trabalhadores da Guiné-Bissau (UNTG) saiu hoje as ruas de Bissau numa marcha pacífica de exigência à aplicação pelo Governo da nova grelha salarial, aprovada pelo Executivo de Umaro Sissoco, e o pagamento integral da dívida aos funcionários públicos de 2003.
A referida marcha que iniciou na Chapa de Bissau e terminou na sede da UNTG contou com a participação de funcionários de diferentes instituições públicas, e elementos do Movimento dos Cidadãos Conscientes e Inconformados.
Os marchantes exibiram dísticos com dizeres tais como: “trabalho digno, salário justo, abaixo aqueles que ganham sem trabalhar, abaixo aos sindicatos e funcionários que se solidarizam com o governo, abaixo os deputados que não fizem nada e recebem salários exorbitantes”.
Em
declarações à imprensa no final da marcha, o Secretário-geral da UNTG, Júlio
António Mendonça disse que a caminhada serviu para mostrar ao Executivo que não
estão a brincar neste processo.
“Concluímos
que, se não houver reivindicações dos trabalhadores a situação continuará pior,
e os políticos continuarão a resolver os seus problemas a custa dos
trabalhadores. A título de exemplo, os deputados não obstante terem beneficiado
em 2015 de um aumento salarial de cem por cento, este ano fizeram o mesmo e nós
não podemos esperar que tudo caia do céu”, criticou o líder sindical.
Júlio
Mendonça sublinhou que os trabalhadores têm que assumir o processo de
reivindicação dos seus direitos, porque eles é que produzem as riquezas, e
disse que vai prosseguir com protesto até que os seus objectivos sejam
alcançados.
Instado a
falar do encontro tido segunda-feira com o chefe do Governo na qual Aristides
Gomes pediu uma moratória aos sindicatos, Júlio Mendonça disse que é preciso
que o governante perceba que os sacrifícios não devem ser só dos trabalhadores,
mas também dos políticos, deputados e que os próprios dirigentes devem se
sacrificar.
“Os
trabalhadores deram moratória há mais de 44 anos ao governo, doravante os
políticos, deputados e dirigentes devem dar igualmente uma moratória aos
trabalhadores, permitindo que os mesmos tenham um pouco de sorriso no final de
cada mês”, disse Júlio Mendonça.
Afirmou que
a luta pela melhoria de condições de vida dos funcionários vai continuar até
que o Governo cumpra o Decreto número 1/2017, de 15 Janeiro, promulgado pelo
Presidente da República que ordena aplicação da nova grelha salarial e reajuste
salarial na função pública guineense.
Conforme
ANG, o Secretário-geral da UNTG indicou a aplicação da nova grelha salarial,
pagamento das dívidas do ano 2003 aos funcionários públicos, instituição do
fundo de pensão e abono de família para os servidores públicos e garantias de
assistência médica e medicamentosa como condições mínimas para a suspensão das
paralisações.
Entretanto,
O Presidente do Movimento de Cidadãos Conscientes e Inconformados, em
declarações à Rádio “Sol Mansi”, nas primeiras horas desta marcha, justificou a
sua participação na marcha com aquilo que chamou de “violação dos direitos do
povo” e que quando é assim a sua organização está e estará sempre em defesa dos
direitos do povo e neste caso dos trabalhadores.
Porque,
segundo Sana Canté, assistiu-se recentemente aprovação do estatuto
remuneratório dos magistrados e os ministros e seus assessores estão a
beneficiar de subsídios de representação, enquanto os geradores desses
rendimentos continuam a usufruir de magro salário.
O Ministério
de Interior impediu os marchantes de passarem a frente das instalações do
Ministério da Função Pública ou seja na Avenida Domingos Ramos.
Notabanca;
11.07.2018
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