DOMINGOS SIMÕES PEREIRA VAI ÀS PRESIDENCIAIS COM APOIO DOS MILITANTES
O presidente do
PAIGC, Domingos Simões Pereira, afirmou que está disponível para se candidatar
às eleições presidenciais marcadas para 23 de novembro, caso essa decisão seja
validada pelos militantes do seu partido.
A declaração foi
feita à agência Lusa, à margem de um encontro com a comunidade guineense
residente em Portugal, realizado este domingo em Paço de Arcos, no concelho de
Oeiras.
“Estou totalmente disponível”, afirmou, ressalvando, no entanto, que a sua candidatura depende da vontade dos militantes e do respeito pelos estatutos do PAIGC, partido que lidera. “Faço parte de uma coligação e, portanto, de acordo com os nossos estatutos, haverá um momento em que os militantes irão decidir quem será o candidato, que, por sua vez, terá de ser também sufragado pela coligação”, explicou.
Simões Pereira
lembrou que o PAIGC é “o maior partido político da Guiné-Bissau” e considerou
“inconcebível” que não participe nas eleições legislativas, também previstas
para o dia 23 de novembro, data em que os guineenses serão chamados a votar nas
eleições gerais.
Processo eleitoral
tardio e instituições enfraquecidas
Para o dirigente
político, o escrutínio de novembro já chega fora de prazo, sublinhando que
“todos os prazos constitucionais foram violados”. Apontou ainda que as
instituições com responsabilidade na organização das eleições, como o
recenseamento e a garantia de transparência do processo, não estão a funcionar
em pleno.
“O próprio
funcionamento da Assembleia Nacional Popular está condicionado, e isso não é
por acaso”, afirmou, acusando as autoridades de terem criado de forma
deliberada um ambiente que impede uma verdadeira expressão democrática por
parte do povo guineense.
“Vivemos uma situação
de não-Estado”
Confrontado com as
críticas recentes da Liga Guineense dos Direitos Humanos sobre a degradação do
Estado de direito, Domingos Simões Pereira recordou que há mais de dois anos
tem vindo a alertar para o risco de colapso institucional no país. “Hoje,
vivemos uma situação de ‘não-Estado’. Quando a Constituição não é respeitada,
quando os prazos são ignorados, quando os órgãos eleitorais não são
independentes nem credíveis, estamos de facto perante um ‘não-Estado’”,
alertou.
O líder do PAIGC
considera, no entanto, que a situação se agravou nos últimos tempos. “Quando se
chega ao ponto de se sequestrar e assassinar cidadãos – não apenas violentar,
como no passado –, atinge-se outro patamar. Não há dúvida sobre o carácter
violento e criminoso deste regime”, declarou.
Ainda assim,
expressou esperança de que o pior já tenha passado: “Enquanto cidadão e
dirigente, espero que tenhamos atingido o ponto mais alto de violência, e que
não haja mais mortes. Cada vida humana é insubstituível”, afirmou.
Dissolução do
parlamento e afastamento político
Recorde-se que o
Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, dissolveu em dezembro de 2023 a
Assembleia Nacional Popular, eleita nas legislativas ganhas pela coligação
Plataforma Aliança Inclusiva – Terra Ranka (PAI–Terra Ranka), liderada pelo
PAIGC. A dissolução ocorreu antes do prazo mínimo de 12 meses previsto pela
Constituição.
Com a dissolução,
Domingos Simões Pereira foi afastado da presidência da Assembleia Nacional e da
respetiva comissão permanente, o que intensificou o clima de tensão política no
país.
Notabanca; 04.08.2025

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