ATAQUE RUSSO MATA 17 PRESOS NA UCRÂNIA APÓS NOVO ULTIMATO DE TRUMP
Outros 85 detentos
ficaram feridos; Kremlin diz ter 'tomado nota' de nova ameaça americana
Na noite seguinte ao novo
ultimato de Donald Trump para que Vladimir Putin encerre a guerra que
promove desde 2022 na Ucrânia, um ataque aéreo russo
atingiu prédios de uma colônia penal no sul do país invadido. Ao menos 17
presos morreram e 85 ficaram feridos.
A ação perto da 0h desta terça-feira (29) foi chamada pelo governo de "outro crime de guerra", nas palavras do chefe de gabinete da Presidência, Andrii Iermak. Em todo o país, foram 22 mortos, numa das noites mais mortíferas dos últimos tempos no conflito.
A Colônia Penal de
Bilenke fica dentro dos cerca de 30% da região de Zaporíjia, anexada
ilegalmente por Putin e que faz parte de sua lista de desejos oficial para um
cessar-fogo, que ainda estão sob controle de Kiev . Ela tem capacidade,
segundo documentos ucranianos disponíveis na internet, para mais de 200 presos. Não foi
divulgado, contudo, quantos estavam lá na hora do ataque, que ocorreu com
quatro bombas planadoras guiadas —arma de preferência de Moscou em estágios anteriores da
guerra , mas que vinha sendo usada com menor frequência do que
drones na atual escalada do conflito, que vive sua fase mais violenta.
Ela coincidiu com o vaivém de Trump
acerca do apoio americano a Volodimir Zelenski, que até abril deste ano
havia sido o maior entre os aliados de Kiev. O republicano primeiro alinhou-se
a Putin e abriu interlocução direta, conversando com o russo por telefone por
cinco vezes desde que assumiu, em janeiro.
O fracasso em arrancar mais do que uma lista de
pedidos para a trégua considerados inaceitáveis pelos ucranianos, que querem
primeiro um cessar-fogo e negociações com Putin que o Kremlin descarta, levou
Trump a se dizer cada vez mais frustrado com o russo.Há duas semana, ele deu um
ultimato: ou Putin aceitava o cessar-fogo em até 50 dias ou sofreria junto com
países que compram seu petróleo novas sanções. A ameaça da sobretaxa secundária
é especialmente grave para economia russa, e atingirá
se executada aliados russos do Brics como China, Índia e Brasil.
Como o russo nem sequer
comentou pessoalmente assunto, deixando a rejeição de pressão externa para seus
subordinados, Trump elevou o tom da ameaça nesta segunda (28). Disse
que daria de 10 a 12 dias para Putin—ou seja, até o fim da semana que vem.
Nesta terça, o porta-voz
do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que o governo "tomou nota" da fala
do americano, mas que não faria novos comentários.
Segundo uma pessoa
próxima do centro do poder disse à
Folha, está em curso um recálculo tático: até aqui, os russos
preferiam deixar o barco correr, acreditando que o prazo de 50 dias lhes daria
tempo para testar a convicção de Trump enquanto avançavam em solo. Zaporíjia
é uma das regiões onde isso tem ocorrido lentamente, tendo visto a tomada de
uma vila nesta terça, assim como Donetsk, a leste. As incursões recentes mais
significativas, contudo, foram contra a vizinha
Dnipropetrovsk , uma área que nem faz parte do cardápio de
guerra oficial de Putin.
Sob pressão de Trump, os russos realizaram com os ucranianos uma
terceira e inócua rodada de negociações em Istambul, que gerou a usual troca de
prisioneiros. Agora fica em aberto o que pode acontecer, mas a pessoa que
conversou com a reportagem disse que o ânimo geral parece ser o de absorver as
novas punições e seguir a guerra.
Na segunda, a linha dura
russa fez suas críticas usuais, vocalizadas pelo ex-presidente Dmitri Medvedev.
Ele disse que os EUA estavam "dando um passo rumo à guerra como esse jogo
de ultimatos". "O regime de Putin, que também emite
ameaças contra os EUA através de alguns de seus porta-vozes, deve enfrentar
golpes econômicos e
militares que o privem da capacidade de fazer
guerra", escreveu Iermak, o chefe de gabinete ucraniano, no X.
Na Rússia, a estatal de
aviação Aeroflot cancelou mais de 50 voos como consequência do efeito cascata
do ataque de hackers que dizem apoiar a Ucrânia e a Belarus, ditadura vizinha
que é vassala política de Putin. A ação ocorreu na segunda e causou caos aéreo
no país.
Notabanca; 30.07.2025

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