segunda-feira, 28 de abril de 2025

DETIDOS SOBRE QUEIMA DE MINA DE AREIAS PESSADAS JÁ ESTÃO EM LIBERDADE INCLUINDO ITALIANA

Após dez dias, a empresária italiana, detida por alegada participação no fogo posto à mina de areias pesadas de Varela, no norte da Guiné-Bissau, foi hoje libertada, anunciou ontem o seu advogado, Mamadu Serifo Djaló.

Além da empresária italiana, outras quatro pessoas, três mulheres e um homem, foram restituídos à liberdade.

A decisão é de um magistrado do Ministério Público, Pedro Gomes, que os inquiriu na passada sexta-feira durante quase seis horas.

O Magistrado quis saber do seu hipotético envolvimento no fogo posto à maquinaria da mina de exploração das areias pesadas na aldeia de Nhinquin, na estância balnear de Varela, a 170 quilómetros a norte de Bissau.

A empresária e as restantes quatro outras pessoas estavam encarceradas na 2ª Esquadra de Bissau, por ordens do Ministério do Interior, após terem sido detidas no dia 18 de Abril pela Guarda Nacional.

Agora saíram em liberdade, mas mediante medidas de coação: apresentação periódica no Ministério Público, duas vezes por semana, e TIR – Termo de Identidade e Residência.

O processo que levou à restituição à liberdade da empresária foi acompanhado pelo cônsul-geral da Itália na Guiné-Bissau e por uma equipa de advogados guineenses.

A empresária, proprietária de um hotel em Varela que também se dedica à capacitação das mulheres locais, foi detida juntamente com um grupo de 15 pessoas na estância balnear de Varela, no dia em que um grupo de mulheres da zona ateou fogo às máquinas da chinesa GMG Mininig SARL, como protesto contra a exploração das areias pesadas por esta empresa na comunidade de Nhinquin.

Desde o início da exploração desse recurso naquela comunidade, em meados dos anos 2000, a população, especialmente as mulheres, têm reiteradamente marcado a sua rejeição deste projecto.

A empresa russa Poto Sarl, que foi a primeira detentora da licença de exploração, bem como a chinesa GMG Mininig SARL que tem actualmente a tutela da mina, foram ambas acusadas pela população local de não cumprirem as suas promessas de apoio à comunidade, nomeadamente a construção de uma escola, de estradas, fontanários e de um hospital.

As mulheres da localidade também não aceitaram a instalação da mina nessa zona por alegadamente se situar numa “zona sagrada” onde se organizam os rituais da aldeia.

De acordo com estudos do governo guineense, existe na aldeia Nhinquin uma mina de areias pesadas com um potencial de 440 mil toneladas, das quais podem ser extraídos o equivalente a 119 mil toneladas de minérios utilizados em áreas estratégicas como a metalurgia, a aeronáutica bem como a indústria nuclear.



"Valentina Cirelli na companhia do Cônsul Honorário da Itália, Gil Biazzi e do Advogado, Dr. Mamadú"


Notabanca; 28.04.2024

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