segunda-feira, 3 de abril de 2023

JUNTA MILITAR EXPULSA JORNALISTAS DE “LE MONDE” E “LIBÉRATION”A.

As autoridades militares no poder no Burkina Faso expulsaram os correspondentes do Le Monde e Libération, avançaram os jornais no domingo, 2 de Abril.

Esta é a mais recente medida da Junta militar contra os meios de comunicação franceses.

O Burkina Faso testemunhou dois golpes no ano passado e continua a lutar contra uma insurgência jihadista que se espalhou do vizinho Mali, em 2015.

“A nossa correspondente no Burkina Faso, Sophie Douce, foi expulsa do país… ao mesmo tempo que o colega do Libération, Agnes Faivre”, anunciou o vespertino Le Monde.

As autoridades convocaram as duas jornalistas na noite de sexta-feira e deram-lhes 24 horas para deixarem o país. As duas correspondentes francesas desembarcaram em Paris na manhã de domingo, disse.

Sophie Douce e Agnès Faivre receberam ordens de deixar Ouagadougou no sábado, 1 de Abril, sem serem notificadas de qualquer motivo para expulsão.

O jornal Le Monde condenou o que chamou de decisão arbitrária nos termos mais fortes e exigiu que as autoridades a rescindissem da decisão.

Libération “protesta vigorosamente contra estas expulsões absolutamente injustificadas” e sugeriu que estavam relacionadas com a uma investigação publicada no início da semana. “A publicação a 27 de Março de uma investigação do Libération sobre as circunstâncias em que um vídeo foi filmado, mostrando crianças e adolescentes a serem executados num quartel militar por um soldado não agradou a Junta no poder em Burkina Faso”, descreve o jornal.

Depois da publicação do artigo, o porta-voz do governo de transição, Jean-Emmanuel Ouedraogo, condenou “veementemente as manipulações disfarçadas de jornalismo para manchar a imagem do país”.

O investigador doutorando no Instituto de Estudos Políticos da Universidade de Bordéus, Régio Conrado, lembra que existe um sentimento crescente contra os órgãos de comunicação franceses. "Há um sentimento generalizado não só na Guiné-Bissau, no Mali, em países como a Guiné Conacri ou o Burkina Faso. A Junta militar considera que esses dois meios de comunicação sociais franceses produziam informações que não condiziam com os factos que ocorriam no terreno. Talvez tenhamos que aceitar que existe uma certa sensibilidade por parte de alguns Estados africanos em relação a narrativas produzidas por meios de comunicação ocidentais", afirma o investigador.

Notabanca, 03.03.2023

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