quarta-feira, 25 de novembro de 2020

 “EXTRAÇÃO DE RECURSOS NATURAIS PODE PROVOCAR ESCASSEZ DE ÁGUA LEVAR ANIMAIS À EXTINÇÃO E ACELERAR MUDANÇAS CLIMÁTICAS”

Um novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, PNUMA, afirma que o comércio internacional exerce um efeito prejudicial não apenas nas florestas, mas em todo o planeta. 

A agência citou centenas de incêndios florestais, capturados por satélite, e que estariam sendo iniciados por agricultores que tentam responder à demanda global por carne de vaca e soja. 

O relatório pede novas regras de comércio mais ecológicas.

Segundo a pesquisa, a extração de recursos naturais pode provocar escassez de água, levar os animais à extinção e acelerar as mudanças climáticas.

 

Em comunicado, a diretora-executiva do Pnuma, Inger Andersen, disse que “as consequências econômicas da Covid-19 são apenas uma amostra do que aconteceria se os sistemas naturais da Terra quebrassem.” 

Para ela, a comunidade internacional precisa “ter certeza de que as políticas comerciais globais protegem o meio ambiente, não apenas para o bem do planeta, mas também para a saúde a longo prazo das economias.” 

O relatório “Comércio Sustentável de Recursos” revela que 35 bilhões de toneladas de recursos materiais, como petróleo, ferro e batatas, foram extraídos da terra para fins comerciais em 2017. 

Embora isso tenha ajudado a criar milhões de empregos, especialmente em comunidades pobres, também teve um efeito profundo no planeta. A extração foi responsável por 90% da perda de espécies, 90% do estresse hídrico e 50% das emissões de gases de efeito estufa nesse ano.  

O Pnuma estima que a demanda por recursos naturais deve dobrar até 2060. Por isso, pede a adoção de um modelo econômico “circular” baseado na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia. 

Isto faria com que as empresas usassem menos recursos, reciclassem mais e estendessem o prazo de seus produtos. Também seria esperado que os consumidores comprassem menos, economizassem energia e consertassem coisas que estão quebradas em vez de jogá-las fora. 

Essas mudanças podem ter grandes vantagens para o planeta. Ao conservar recursos, a humanidade poderia reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 90%.  

Embora o modelo circular tenha implicações para países que dependem de recursos naturais, o sistema daria origem a novas indústrias dedicadas à reciclagem e reparo. No geral, o relatório prevê que um modelo econômico mais verde impulsionaria o crescimento em 8% até 2060. 

Inger Andersen disse que existe a ideia de que é preciso “extrair e perfurar o caminho para a prosperidade”, mas ela diz que “isso não é verdade.” Com circulação e reutilizando materiais, “é possível impulsionar o crescimento econômico e, ao mesmo tempo, proteger o planeta para as gerações futuras.” 

Alguns países, tanto desenvolvidos como em desenvolvimento, adotaram o conceito de economia circular, mas acordos comerciais internacionais podem desempenhar um papel importante. 

A pesquisa pede que a Organização Mundial do Comércio, OMC, que reúne 164 países, pense no meio ambiente quando define seus regulamentos.

Também recomenda que os pactos comerciais regionais promovam investimentos em indústrias pouco poluentes, eliminem subsídios aos combustíveis fósseis e não prejudiquem os acordos ambientais globais. 

Inger Andersen afirma, no entanto, que “reorientar a economia global não é uma tarefa fácil.” Segundo ela, é preciso “lutar contra muitos interesses adquiridos, mas com a expectativa de que a população da Terra atinja quase 10 bilhões em 2050, é preciso encontrar maneiras de aliviar a pressão sobre o planeta.”

Notabanca; 25.11.2020

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