PJ PORTUGUESA INVESTIGA AMEAÇAS DE MORTE A DEPUTADAS E ACTIVISTAS ANTI-RACISTAS
A Polícia Judiciária (PJ) portuguesa está a investigar ameaças de morte a três deputadas, à SOS Racismo e aos familiares.
As perseguições têm sido crescentes por parte do grupo extremista “Nova Ordem de Avis-Resistência Nacional”.
A associação SOS Racismo apresentou queixa ao Ministério Público após uma manifestação de extrema-direita em frente à sua sede, em Lisboa.
Os manifestantes são acusados pela associação anti-racista de ameaças e ofensas à integridade física.
No espaço de uma semana, a associação SOS Racismo recebeu dois e-mails com ameaças de morte por parte de um recém-formado movimento neonazi que se auto-intitula Nova Ordem de Avis-Resistência Nacional.
Um grupo de duas dezenas de militantes de extrema-direita juntou-se, na noite de sábado, 8 de Agosto, em frente à sede da associação SOS Racismo, com máscaras brancas a tapar o rosto e empunhando tochas, uma imagem em muito semelhante às dos supremacistas brancos do Ku Klux Klan, que perseguiam, espancavam e matavam afro-americanos, nos EUA, no século passado.
Beatriz Gomes, Danilo Moreira, Joacine Katar Moreira, Mamadou Bá, Jonathan Costa, Rita Osório, Vasco Santos, Luís Lisboa, Melissa Rodrigues e Mariana Mortágua, receberam mensagens enviadas pelo grupo extremista Resistência Nacional, com ameaças directas a deputados e activistas e familiares.
O mail refere que Agosto será "o mês do reerguer nacionalista" e dá um prazo de 48 horas para os visados abandonarem o país.
"Em Junho fomos alvo de ameaças de morte por parte da extrema-direita em Lisboa, em escolas, num centro de refugiados e a ameaça foi crescendo", explica Mamadou Ba, representante da SOS Racismo.
O Presidente português condenou as ameaças racistas de que foram alvo estes deputados e activistas.
Marcelo Rebelo de Sousa apela à necessidade de ser “firme” na aplicação dos princípios do Estado de Direito, confiar nas autoridades e saber responder aos fenómenos com “inteligência”
O representante da SOS Racismo, Mamadou Bá, discorda "da análise do senhor Presidente da República, talvez por falta de ligação directa com a temática do racismo.
Os instrumentos legais de que dispomos são nitidamente insuficientes e ineficazes no combate ao racismo", disse.
"Apenas o código 140 do Código Penal, em circunstâncias agravantes, prevêem uma sanção. É insuficiente, aliás, ficou provado com o número de queixas que prescrevem, a falta de condenações efectivas de agentes policias, acusados de práticas racistas. Não há condenações em tribunal, não havendo quer dizer que a lei é ineficaz", conclui Mamadou Bá.
Notabanca; 14.08.2020
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