Ouvi com uma certa tristeza para o meu país algumas intervenções na
Assembleia Nacional: as do CIPRIANO CASSAMA, Presidente da instituição, por um
lado, e por outro, a do Coordenador do MADEM G-15.
Ideias e afirmações de personalidades deste país. Que pena! A
Guiné-Bissau merece melhor em termos de produção intelectual dos seus
dirigentes.
Quanto ao Presidente da Assembleia Nacional, que pretende erguer-se em defensor
de última hora de ARISTIDES GOMES, eu diria que dispenso esse gesto cínico.
Prefiro que o Presidente da ANP trate, com lealdade e sensatez, o caso de
MARCIANO INDI, Deputado e líder de uma das bancadas no Hemiciclo, sequestrado e
espancado, sem que o senhor tenha dito algo...Quanto às acusações do BRAIMA CAMARA, em jeito de força, mas, infelizmente, sem algum " logos" eu só teria que manifestar um desejo: ver os dirigentes do meu país fazer tudo para aprender e modestamente.
Não é difícil, mesmo para quem consagrou toda a sua vida até agora à procura de riquezas. O que é bom, aliás, para o Desenvolvimento do nosso país. Hoje em dia pode-se aprender em todos os domínios.
Existem escolas, cá mesmo, para os que não tiveram oportunidade, infelizmente, de o fazer antes.
Isso teria permitido ao BRAIMA CAMARA saber como funciona o mercado em geral e, neste caso, o do Petróleo. Ele até podia ter pedido informações ao lado e pertinho dele.
Nessa matéria, tem os serviços de gente como o JULIO BALDE, que aliás conhece a matéria melhor que eu. Tem gente ainda como o BARROS BANJAI. Todos esses quadros do MADEM, que, enquanto actuais conhecedores da matéria do Petróleo da Guiné-Bissau, incluindo as transações do mercado deste produto, sabem que nenhuma empresa poderia ter-me dado dinheiro, em troca de " blocos de Petróleo" .
É triste a situação da Guiné-Bissau. Isto porque a posição que BRAIMA CAMARA ocupa atualmente, requeria melhor conhecimento dos dossiers de governação e demarches para o Desenvolvimento.
Quem sabe se um dia ele poderá vir a ser chamado ao cargo de Primeiro-Ministro! Seria bom que começasse a fazer aquecimento. E é simples. Nada de complexo... É só pedir conselhos junto dos quadros que estão à sua disposição.
De resto, eu mesmo, com toda a modestia, já pedi conselhos, informalmente, ao JULIO BALDE quando era PM. Estando fora do governo, fiz a mesma coisa junto do BARROS BANJAI, quando este era Ministro dos Recursos Naturais. Fui pessoalmente ao Gabinete dele. Na altura, queria aprender coisas..., na minha qualidade de investigador em matéria económica.
Apesar de tudo, gostaria de ver os tais documentos que BRAIMA teria para me acusar. Espero que ele tenha feito uma interpretação fiel dos mesmos, sem "erros de paralaxe figurados" como diria alguém. Bem esta última era só para quebrar o gelo.
Outro assunto:
Voltando ao Ciprias. O defensor da plebe: jà tens segurança para defender a mim que não tenho segurança? Espero que sim.
Se conseguires para o MARCIANO eu teria mais conforto.
Voltando ao BRAIMA CAMARA, diria que o Direito funciona na base dos princípios científicos, que não se compadecem com a linguagem da força que você exprime, com toda uma técnica corporal na ANP. A não ser que queira jogar-me à boca de tanques blindados.
Isso não teria sido um jogo bonito. Um jogo com regras. Teria sido um julgamento de Golpe de Estado, que não integra a minha tradição de acção política.
A minha só pode incorporar a violência quando esta tem uma legitimidade, como aquela a que aderi aos 18 anos de idade para evitar de ser incorporado nas Forças Armadas coloniais, apesar de que, se tal tivesse acontecido, teria sido com uma patente de Alferes, porquanto a Tropa ja me teria enrolado como Estudante Universitário em Portugal, por uma razão simples: já estava no fim do Curso Complementar no Liceu Honório Barreto, em Bissau, quando optei pela fuga para a única acção política violenta, aceitável para mim: a Luta Armada pela Independência do meu país.
Aristides Gomes
Notabanca; 11.07.2020
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