O Conselho de Segurança das Nações Unidas rejeitou, por unanimidade, a mudança de poder decidida pelo presidente da Guiné-Bissau, apelando ainda ao respeito pela data das próximas eleições presidenciais naquele país.
A declaração das Nações Unidas foi adotada na quinta-feira, no mesmo dia em que o presidente guineense, José Mário Vaz, deu posse ao novo governo de Faustino Imbali, dias depois de ter destituído o Executivo liderado por Aristides Gomes.
A adoção da
declaração do Conselho de Segurança foi resultado de uma reunião à porta
fechada na quinta-feira, convocada a pedido dos três membros africanos deste
órgão, no caso a África do Sul, Costa do Marfim e Guiné Equatorial, estando já
agendada outra reunião para a próxima segunda-feira, dia 04, de manhã.
No
documento, o Conselho de Segurança manifesta “profunda preocupação com a
situação política e social” na Guiné-Bissau” e pede “ao presidente José Mário
Vaz e ao governo liderado pelo primeiro-ministro Aristides Gomes, responsável
por liderar o processo eleitoral, que resolvam as suas diferenças num espírito
de respeito e de cooperação”, parecendo ignorar a mudança de executivo.
“Exorta os
atores políticos da Guiné-Bissau a observarem a máxima contenção, a não
recorrerem à violência ou ao incitamento ao ódio e a privilegiarem o diálogo
com a única maneira de resolver diferenças e preservar a paz e a segurança no
país”, lê-se no documento.
O Conselho
de Segurança sublinha a “necessidade urgente de realizar as eleições
presidenciais de 24 de novembro, conforme acordado, a fim de concluir o ciclo
eleitoral que permite uma transferência pacífica de poder ao presidente eleito”.
O órgão das
Nações Unidas lembra ainda que pode decidir avançar com sanções contra os que
desestabilizam o país, e aproveita para elogiar “a estrita neutralidade” que as
forças de segurança e o Exército têm tido até agora.
A
Guiné-Bissau vive um momento de grande tensão política, tendo o país neste
momento dois governos e dois primeiros-ministros, nomeadamente Aristides Gomes
e Faustino Imbali.
O Presidente
guineense deu na quinta-feira posse a um novo Governo, depois de ter demitido o
Governo liderado por Aristides Gomes na segunda-feira.
A União
Africana, a União Europeia, a Comunidade Económica dos Estados da África
Ocidental (CEDEAO), a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e as
Nações Unidas já condenaram a decisão do Presidente, José Mário Vaz, de demitir
o Governo liderado por Aristides Gomes e disseram que apenas reconhecem o
executivo saído das eleições legislativas de 10 de março, que afirma continuar
em funções.
O Governo de
Aristides Gomes já disse que não reconhece a decisão de José Mário Vaz, por
este ser candidato às eleições presidenciais, por o seu mandato ter terminado a
23 de junho — cinco anos após a posse como chefe de Estado – e por se ter
mantido no cargo, após o final do seu mandato, por decisão da CEDEAO.
Este sábado
arrancou no país a campanha eleitoral para as eleições presidenciais de 24 de
novembro.
Notabanca;
03.11.2019
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