quinta-feira, 13 de setembro de 2018

ALGUNS DEPUTADOS DO PCD DECIDEM APOIAR O PRS NAS PRÓXIMAS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 
Dois deputados do Partido da Convergência Democrática (PCD) anunciaram hoje apoio incondicional ao Partido da Renovação Social para concorrerem às próximas eleições legislativas.
Segundo os mentores da iniciativa, o grupo promete levar consigo vários militantes e simpatizantes do partido “Baguera” para os renovadores. 
Em conferência de imprensa promovida na quinta-feira em Bissau, o líder cessante do PCD acusa o PAIGC de sequestrar o poder político ao longo dos 25 anos da democracia e 45 anos da independência. 
No entender de Vítor Mandinga vulgo “Nado Mandinga”, em 45 anos da administração do país, os libertadores não conseguiram garantir as necessidades básicas aos guineenses e constituir um Estado de direito almejado.
O grupo convoca à todos os cidadãos que votaram neles para associarem-se para a construção de uma alternativa política apoiando o PRS.
Sobre o processo eleitoral em curso, o político do Partido “Baguera” aconselha que não se deve caminhar para o “abismo provocando mais crises politicas no país:
“Realizar eleições não é só uma questão técnica e financeira. As eleições devem ser feitas respeitando o quadro legal existente. Devemos respeitar os camponeses! Eles estão mais preocupados, neste momento com a lavra dos seus campos do que, ir recensear e ouvir as promessas “açucaradas” dos políticos. Por isso, exortamos o Senhores PR e PM, bem como toda a classe política, à maior ponderação, sobre a necessidade de aquilatar, o reajustamento do calendário do processo eleitoral.”.
 Ler a “Declaração Política”

                                  Declaração Política
Caros Senhores Jornalistas,

Esta conferência de imprensa é para dar a conhecer ao Povo, a nossa posição política sobre duas questões importantes na agenda da política nacional, isto é:
1º- A nossa decisão de participar numa Coligação com o PRS, para concorrer às próximas eleições legislativas, e;
2º- A nossa posição sobre a oportunidade de realização de eleições no próximo dia 18 de Novembro. 

Quais são as razões que nos orientam para coligarmos com o PRS?

As razões resultam do balanço feito aos 25 anos de Democracia, e 45 anos após a Independência, em que o PAIGC sequestrou o poder político.

1ª Razão- As instituições do nosso Estado são cópias falsas do que é uma separação de poderes, e estão assentes num fingido respeito dos direitos públicos, sociais e econômicos dos cidadãos.

Razão - O Estado que temos, não conseguiu, em 45 anos de administração do PAIGC, garantir as funções básicas de soberania de um Estado: justiça, polícia, exército, negócios estrangeiros, e principalmente não conseguiu garantir as funções sociais e económicas do Estado: educação, saúde e infraestruturas.

Razão - Todas as atividades decorrentes das funções do Estado que temos, têm um denominador comum: o disfuncionamento e a mediocridade na qualidade dos serviços públicos prestados, particularmente, os serviços de natureza social. A mediocridade dos serviços públicos contribui, por sua vez, a minar a confiança no Estado, a tornar mais complicada a tarefa de mobilização de receitas fiscais, e a criar um contexto propício à corrupção.     

Razão- Por outro lado, ao nível externo e sub-regional, somos um Estado desrespeitado.
Os “libertadores”, fazem uso da integração do país na sub-região, para desresponsabilizarem-se dos compromissos assumidos com os guineenses nas urnas. Pois, o PAIGC, com o pretexto de cumprir a hierarquia das “leis e normas” da UEMOA ou da CEDEAO, despreza a Constituição e as leis da Guiné Bissau.
Quando há grandes dificuldades, políticas, económicas ou sociais, os libertadores,  pedem a UEMOA ou a CEDEAO para as resolver. Mas, sabemos que, as Comissões da UEMOA, da CEDEAO ou o Governador do BCEAO, não foram eleitos pelo povo guineenses, e ,por isso, não têm responsabilidades perante os nossos compatriotas.

Por exemplo: 

- A Comissão da UEMOA e da CEDEAO, não têm responsabilidades políticas, se há mau ou bom preço de caju. Isso não lhes preocupa. Essas Comissões nunca interpelaram os governos da sub-região, para a necessária coordenação de iniciativas destinadas ao sector do caju. Mas se fosse com o algodão, mancarra, cacau ou café, a perderem metade do seu valor numa campanha, como foi o caso este ano com o caju, como reagiriam aquelas Comissões (UEMOA/CEDEAO)??

- A Comissão da CEDEAO, não tem responsabilidades e não enfrenta de perto uma manifestação popular de repúdio contra as sanções que impôs, com a cumplicidade perversa do PAIGC, à deputados e líderes políticos guineenses, em pleno gozo dos seus direitos e liberdades constitucionais;

- Inaceitavelmente, em estreita cumplicidade com o PAIGC, começa a ser habitual verificar que burocratas da CEDEAO, vêm assumindo posturas arrogantes, do tipo colonial, dando ultimatos e fixando agendas políticas às autoridades eleitas pelo nosso povo (ao PR, a ANP, ao Governo, e em breve aos Tribunais).

Para onde caminha a Nação de Cabral?? Onde estão os patriotas guineenses? Nós defendemos uma integração sub-regional, sem submissão e com base no respeito dos interesses recíprocos. 

Primeira conclusão:

A separação de poderes no nosso Estado é aparente. Pois, o poder legislativo, ao invés de fiscalizar, é servil e manobrado pelo poder executivo. O executivo, por via da administração pública, esconde o real processo de acumulação primitiva de economias mafiosas que traficam votos, influências e favoritismos ilícitos. A justiça, aquela que impacta na vida dos cidadãos e das empresas, encontra-se ao arbítrio da política e dos mais afortunados. Ao fim de 25 anos de democracia e 45 anos de Independência, não temos um ESTADO, com autoridade democrática interna e respeitado no exterior.  

Razão- Nos últimos 25 anos, para confirmar as capacidades de liderança e de boa governança do PAIGC, na luta contra o subdesenvolvimento e a pobreza, foram apresentados muitas estatísticas e relatórios provando: entre outros, o crescimento da fileira da castanha de caju; a realização de algumas benfeitorias nas infraestruturas económicas e sociais; a desregulamentação da economia e implementação de medidas de facilitação do comércio; os bons resultados das medidas de consolidação orçamental, centradas na redução do deficit e da divida pública. Todavia, para a maioria dos guineenses, as estatísticas  anunciadas, nos discursos oficiais, têm leitura e vivencia diferentes.

De facto, o povo guineense (o país sofredor), viu a economia crescer, mas paradoxalmente, sentiu a pobreza generalizar-se em todos os grupos sociais, recebeu salários nominais (sobretudo da função pública) fixos ou tendencialmente a baixos, sentiu o desemprego a aumentar no campo e na cidade, mas sobretudo, constatou que a criação de novos empregos, para atender a procura do 1º emprego para os jovens, foi insuficiente. 

Paralelamente, seria difícil de imaginar a vida dos nossos camponeses e da população em geral, se não pudessem contar com o rendimento da castanha de caju, cerca de 800.000 FCFA ano, por agregado familiar de oito a dez pessoas, isto é, menos de 250 FCFA, por pessoa, por dia. Esta quantia é dramaticamente exígua, relativamente às enormes necessidades sociais dos camponeses (educação, saúde, acesso a energia e água potável, habitação condigna, etc.). Pelos  impactos (fome, malnutrição, etc.) que a castanha de caju tem, sobre o mundo rural e a população, ela não devia ser sempre esquecida pelos governos do PAIGC e pelas Comissões da UEMOA/CEDEAO. Aliás, o mundo rural no seu todo, deixou de ser preocupação desses governantes, há muito tempo.

De facto, para o país sofredor, o facto da Guiné Bissau ocupar, em 2016, o 178º lugar do Índice de Desenvolvimento Humano,  pertencer ao grupo dos 48 países menos desenvolvidos do planeta, e estar classificada, de entre os sete países em que a corrupção é mais percetível só tem uma leitura: o sofrimento da pobreza e a indignação contra a corrupção endémica vigente no país.

Razão- È verdade que as nossas sucessivas crises políticas, aliás, criadas no interior do PAIGC, não ajudaram a ação do Estado, para transformar a estrutura “subdesenvolvida” da nossa economia, combater a pobreza e criar novos empregos, mas não é menos verdade, que o palavreado demagógico dos libertadores, predominou sobre a coragem de agir e de pensar o país, como ensina A. Cabral, visando romper o “ciclo vicioso” do subdesenvolvimento e erradicar a pobreza.
Há países africanos (como o Ruanda) que já demonstraram que o subdesenvolvimento e as crises políticas, podem ser enfrentados mobilizando recursos e energias do país, em que o papel do Estado é decisivo. Crise política maior que a do Ruanda, não há memória em África. Por isso, Basta de “responsabilizar” as crises políticas.

Razão- Em associação com as crises políticas, há uma razão decisiva pela qual temos o país que somos. È que, em matéria de medidas de política económica de desenvolvimento e do papel do Estado na economia, os libertadores limitaram-se, inicialmente: a nacionalizar e estatizar tudo, fazendo falsas cópias  do “socialismo”,  e depois: converteram-se depressa ao “liberalismo” capitalista, privatizando e desregulamentando tudo, tal  como ditam as regras de “boa governança” imposta pelos “doadores” e pelo FMI.   

O Terra Ranka dos “libertadores”, é um produto da lógica ultraliberal: em que o Estado fixa as regras e cobra os impostos para financiar as despesas e as transferências, num contexto em que a consecução de dois objetivos: reduzir o deficit e a divida pública externa, imperam cegamente sobre os outros objetivos de política económica, por exemplo: as despesas com a escola e a saúde (direitos fundamentais do cidadão), não têm prioridade sobre o pagamento dos juros da dívida pública externa! A construção de um sistema fiscal e orçamental propício ao desenvolvimento, não faz parte da agenda de prioridades do Terra Ranka.

Para o Terra Ranka, dos libertadores, a agenda principal è: cortar no sector público e reduzir o papel do Estado na economia, mesmo que isso se traduza na preterição dos direitos de cidadania (escola, saúde, emprego, rendimento e habitação condignos). Para os “libertadores”, as forças do mercado encarregar-se-ão de gerar o desenvolvimento. Mas isso só será possível, talvez, com um “milagre” dos “libertadores!? È que eles agora são também “milagreiros”!

Prosseguir com essas politicas de desenvolvimento, é esperar um futuro pior que o presente, é fomentar cada vez mais a pobreza, é aumentar o desemprego dos jovens, é fortalecer as causas das crises políticas, é pôr em risco a sobrevivência da nossa pequena mas grande Nação, é perder a Guineandade!

Razão- Num contexto de subdesenvolvimento e de crises políticas, é irrefutável o poder e o papel central que o Estado tem na vida económica e social. Por isso, hoje, o debate deve centrar-se em torno das três importantes “ missões” do Estado: (1) O de permitir igualdade de acesso aos bens fundamentais (escola e saúde). (2) O de assegurar estabilidade dos rendimentos dos que trabalham por conta de outrem (salários), a estabilidade das pensões e reformas, e, principalmente, garantir a estabilidade dos rendimentos dos mais vulneráveis no campo e na cidade (o país sofredor) (3) O de construir infraestruturas estruturantes e incitativas da economia.

Para isso, o Estado tem que intervir: aperfeiçoando e inovando os mecanismos de regulação da nossa economia, visando romper com o “subdesenvolvi-mento” (e com a crónica dependência face aos doadores tal como previsto no  Terra Ranka), e simultaneamente,  aumentar o peso do Estado na economia (medida pela importância  dos impostos e das despesas sociais no rendimento nacional), ativando medidas transparentes e eficazes de política fiscal (sistema de tributação), orçamental (priorização das despesas sociais), de segurança social (transferências de rendimentos), de emprego e de investimentos públicos (infraestruturas estruturantes e incitativas da atividade económica), visando erradicar a pobreza, aumentar o emprego e preservar o ambiente. Uma política de desenvolvimento, ambientalmente sustentável, que crie emprego, é a nossa alternativa.





Segunda Conclusão

As nossas razões, para mobilizar e unir todas as forças patrióticas, para vencer e infringir ao PAIGC uma derrota vergonhosa e disciplinar nas próximas eleições, não resultam apenas da necessidade de refundarmos o ESTADO, resultam, também, da necessidade de dar outro rumo a nossa vida económica e social, para vencer o subdesenvolvimento e erradicar a pobreza.

Compete a quantos têm clara consciência de que não temos um estado direito de democrático, e que precisamos dar outro rumo a nossa vida económica,  empenharem-se na construção das bases de uma renovada alternativa política, a apresentar aos guineenses nas próximas eleições legislativas.

Convocamos as cidadãs e os cidadãos, especialmente os jovens, com ou sem partido, com distintos percursos políticos e cívicos, e particularmente, todos aqueles que nos últimos anos têm votado em mim e nos meus colegas Deputados do Partido Baguera,   a tomar em mãos a construçãode uma alternativa política, coligando o PRS, os Deputados do PCD e demais partidos e organizações da sociedade civil.
............................................................../.................................................................
Sobre a realização da eleições: Não devemos caminhar para o abismo provocando mais crises políticas. Realizar eleições não é só uma questão técnica e financeira. As eleições devem ser feitas respeitando o quadro legal existente. Devemos respeitar os camponeses! Eles estão mais preocupados, neste momento  com a lavra dos seus campos do que, ir recensear e ouvir as promessas “açucaradas” dos políticos. Por isso, exortamos o Senhores PR e PM, bem como toda a classe política, à maior ponderação, sobre a necessidade de aquilatar, o reajustamento do calendário do processo eleitoral.      

Bissau, 13.09.2018
 Notabanca; 13.09.2018

2 comentários: