O professor português de agronomia Manuel Correia
vai coordenar uma equipa de trabalho na Guiné-Bissau para formar 30
agricultores sobre as melhores práticas para o cultivo do caju, principal
produto agrícola e de exportação do país africano.
Em declarações à Agência Lusa em Bissau, Manuel Correia, antigo presidente
do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD), disse que vai
coordenar uma equipa de trabalho que dará formação aos 30 camponeses que, por
sua vez, vão enquadrar 1.000 cultivadores do caju em três regiões.
O projeto tem a duração de 18 meses e os
1.000 agricultores serão selecionados nas regiões de Oio e Cacheu, no norte e
Biombo no nordeste da Guiné-Bissau.
A iniciativa enquadra-se no âmbito do
projeto de extensão rural, financiado pelo Banco Mundial, para ensinar os
agricultores a lidar com a questão do envelhecimento dos cajueiros, pragas e
também como utilizar melhor e rentabilizar os campos do cultivo.
Manuel Correia indicou que "a
tarefa mais complicada será o da georreferenciação das áreas" que os 1.000
agricultores ocupam para depois propor sugestões de mudanças de práticas de
cultivo.
O professor ligado ao Centro Português
de Estudos Tropicais para o Desenvolvimento - Instituto Superior de Agronomia,
CENTROP-ISA, estima serem entre 1.500 a 1.800 hectares que vai ter que
monitorar para determinar quais as medidas para a "grande questão do caju
guineense, que é o envelhecimento das árvores".
Manuel Correia observou que em várias
zonas da Guiné-Bissau existem cajueiros com mais de 25 anos, sendo que estas
árvores já "não servem para nada", precisou.
"A parte mais sensível do programa
será sensibilizar. Convencer os agricultores sobre a necessidade de se
arrancarem os cajueiros velhos. O agricultor terá que perceber que um cajueiro
com mais de 25 anos, não está lá a fazer nada", sublinhou o professor
português, conhecedor da realidade agrícola guineense.
Além da questão do envelhecimento dos
cajueiros, a equipa de Manuel Correia também vai sensibilizar os agricultores
guineenses sobre a necessidade da redução das plantas por hectare e desta forma
melhorar a produção, disse.
"O ideal seria ter 80 a 120
cajueiros num hectare. Há situações em que vemos mais de 400 cajueiros num
hectare", afirmou o professor português, observando ser fundamental
"acabar com os matos de cajueiros e criar pomares a sério".
“A ideia é levar o agricultor a perceber
que entre os cajueiros, pode e deve plantar outras culturas de alimento ou de
renda”, enalteceu o professor português, assinalando ser esta uma das armas
para combater a pobreza e garantir a segurança alimentar no país.
Dados do Governo indicam que mais de 80
por cento da população guineense depende diretamente do cultivo do caju para
subsistênc.
Notabanca; 13.09.2018
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