Binta Mandjam, líder das mulheres de Cutiá, no norte da Guiné-Bissau, afirmou perante duas secretárias de Estado portuguesas que «há muito que não se pratica o fanado», como é conhecida a prática da mutilação genital naquela comunidade.
Cutiá é uma das várias localidades guineenses onde atuam organizações da sociedade civil da Guiné-Bissau e de Portugal no combate às práticas nefastas à saúde da mulher e da criança, nomeadamente os casamentos precoce e forçado e, sobretudo, a mutilação genital feminina. O Governo português é um dos principais financiadores das ações daquelas organizações.
Durante uma
visita de cinco dias, que terminou hoje, as secretárias de Estado portuguesas
para Cidadania e Igualdade, Rosa Monteiro, e da Saúde, Rosa Matos, visitaram
várias comunidades na capital e no interior da Guiné-Bissau para constatarem o
que tem sido feito.
Na
sexta-feira, as duas governantes portuguesas foram às localidades de Cutiá e
Mansoa, onde conversaram com líderes comunitários e chefes religiosos, os imãs.
No alpendre
da casa do imã Bacar Seidi, em Cutiá, e perante cerca de duas dezenas de
pessoas, na sua maioria mulheres, a líder comunitária Binta Mandjam garantiu
que na aldeia já não se pratica a excisão e que se souber quem a faça vai
denunciar a situação à presidente do comité para o abandono das práticas
nefastas à saúde da mulher e criança, Fatumata Djau Baldé.
O único
problema, disse Mandjam, é que não tem um telemóvel para fazer as denúncias. O
problema foi de pronto resolvido, com Djau Baldé, antiga chefe da diplomacia
guineense, a entregar dinheiro à líder comunitária para que compre um aparelho.
As duas
secretárias de Estado portuguesas assistiram à conversa, tendo ambas deixado o
apelo para o abandono da mutilação genital feminina e para os pais levaram as
meninas à escola.
«De agora em
diante quem ousar fazer o fanado, se eu souber, ligo-lhe diretamente e
informo», declarou a líder das mulheres de Cutiá, dirigindo-se a Djau Baldé.
O compromisso
de Binta Mandjam e a atitude de Djau Baldé mereceram rasgados aplausos dos
presentes que foram à casa do chefe religioso Bacar Seidi, para acolherem as
hóspedes portuguesas.
Em Mansoa,
ativistas locais que trabalham na sensibilização à população sobre os riscos da
prática da mutilação genital feminina também explicaram que o fenómeno «está a
acabar», mas o médico Duarte Castillo disse ser «difícil perceber se de facto
há ou não a erradicação» da excisão, já que, regra geral, as mulheres só
vão ao médico no trabalho do parto.
O ativista
Alfa Umaro de Mansoa contou à Lusa que cada vez mais a excisão é feita às
crianças de tenra idade, o que, disse, se torna difícil saber, já que não há
festas «como no passado» para anunciar o acontecimento nas comunidades.
Notabanc; 16.09.2018
Para não é verdade que está pratica acabou elas não fazem festa mas fazem escondido.problemas deve ser anunciadas por médicos nos hospitais
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