Comando-Geral Polícia da República de Moçambique (PRM) confirmou a decapitação de dez cidadãos na província de Cabo Delgado pelo chamado Al-Shabaab. “Destas vítimas temos dois que eram adolescentes” lamentou Inácio Dina, o porta-voz da instituição, que afirmou que a situação no distritos é estacionária porque as Forças de Defesa e Segurança estão a “caçar este grupo de indivíduos que está bastante fragilizado”, no entanto não sabe quantos membros restam deste movimento que académicos apuraram ter recrutado centenas de jovens. Entretanto o Governador da provinha nortenha revelou que o grupo fez outras duas vítimas mortais no distrito de Macomia.
“Foram sim
dez concidadãos que perderam a vida com recurso a armas brancas,
especificamente do tipo catana. Lamentar que destas vítimas temos dois que eram
adolescentes, de 15 e 16 anos, que se estavam a deslocar para a sua actividade
de busca de alimento, nas zonas rurais tem-se buscado ratazanas. Este grupo de
criminosos encontrou estes dois adolescentes e retirou-lhes a vida”, detalhou
Dina.
“A polícia
quando tomou conhecimento em conjunto com as outras forças que estão
posicionadas naquele ponto iniciou um processo de perseguição que está a
decorrer até então. O que nós estamos a fazer é caçar este grupo de indivíduos
que está bastante fragilizado”, declarou o porta-voz do Comando da PRM
acrescentando que o grupo que as comunidades locais chamam de Al Shabaab “após
o acto colocou-se em fuga e até então continua”.
Inácio
Dina esclareceu aos jornalistas que: “Tudo o que está sendo feito neste momento
é encontrar estes indivíduos para coloca-los na prisão para a devida
responsabilização de forma copiosa como tantos outros já os colocamos na barra
do tribunal para serem responsabilizados”.
“Neste
momento o ambiente nós descrevemos como estacionário, as pessoas estão a voltar
normalmente a consciência e a procurar retomar com as suas vidas, o nosso
posicionamento naqueles pontos está a permitir que haja confiança por parte das
comunidades”, referiu a fonte policial.
Polícia
não sabe quantos mortos acontecerem desde Outubro e nem quantos membros restam
do Al Shabaab
Questionado
sobre a alegada “fragilidade” do grupo e sobre quantos membros fazem parte dele
Dina disse: “Neste momento não temos a precisão do número mas o que queremos
assegurar é que de longe sejam números daquele grupo que em Outubro
protagonizou o acto (...) 300 foram detidos”.
Todavia a
Procuradora-Geral da República indicou no seu Informe à Assembleia da República
que na sequência dos ataques e confrontos armados de 5, 6 e 7 de Outubro de
2017 e que vitimou cinco agentes da polícia no município de Mocímboa da Praia,
“foi aberto um processo-crime com 133 arguidos em prisão preventiva (...) dos
quais 32 estrangeiros de nacionalidade tanzaniana”.
Para além
não saber exactamente quando os dois últimos ataques aconteceram, não ter
conhecimento de quantos membros tem o grupo de “criminosos”, as autoridades
policiais também não souberam dizer se entre as dez vítimas existem familiares
e nem mesmo quantas vítimas mortais ocorreram desde os primeiros ataques em
Outubro de 2017.
Ainda esta
terça-feira (29) Júlio Parruque, o Governador da província de Cabo Delgado,
revelou que o Al Shabaab fez mais outras duas vítimas mortais no distrito de
Macomia.
O jornal
Meadiafax reporta que mais duas pessoas terão sido decapitadas nesta
terça-feira (29) numa zona costeira situada na região limite entre o Posto
Administrativo de Olumbi e o distrito de Mocímboa da Praia.
No entanto
o académico João Pereira, co-autor de um estudo sobre este
movimento que aterroriza o Norte da província de Cabo Delgado,
referiu que o grupo que as populações chamam de Al Shabaab é constituído por
células com 10 a 20 jovens, “e conseguem multiplicar-se num distrito para 20 ou
30 células, diziam-nos fontes locais que só no distrito de Mocímboa da Praia
eram pelo menos mil jovens que estavam directa ou indirectamente ligados a
essas mesquitas e que operavam nas redes informais. Uma outra fonte disse-nos
que só na vila (de Mocímboa da Praia) os Al Shabaab tinham cerca de 350 fiéis”.
De acordo
com o estudo apresentado no passado dia 23 este Al Shabaab moçambicano tem dois
objectivos. “O primeiro é criar uma situação de instabilidade na Região para
permitir o negócio ilícito no qual as suas lideranças estão envolvidas. O
outro, é a partir desses negócios ilícitos alimentar outras redes que eles têm
ligação, por exemplo os comandos das milícias no Congo, na Somália, no Quénia e
na Tanzânia”.
Notabanca; 30.05.20
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