TRÁFICO DE DROGA MANELINHO DIZ SER VÍTIMA DE “CILADA” MONTADA POR SISSOCO EMBALÓ
O deputado guineense Manuel Lopes, conhecido por 'Manelinho', está a ser julgado em Lisboa por alegado tráfico de estupefacientes. Analista afirma que regime de Bissau está fortemente associado ao tráfico de droga."Indiscutivelmente
pode-se afirmar" que Lisboa faz parte da rota do cartel da droga proveniente
da América Latina, com passagem pela Guiné-Bissau, rumo à Europa. Existem
"cerca de cinco a sete voos por semana diretamente para Portugal.
Ninguém leva droga para Dakar”, porque na Europa "a droga é
muito lucrativa".
Quem o diz é o
advogado guineense Luís Vaz Martins a propósito do julgamento, que decorre no
Campus da Justiça, do deputado Manuel Irénio Nascimento Lopes acusado de
tráfico de estupefacientes.
De acordo com DW, o empresário, ex-dirigente da Federação de Futebol da Guiné-Bissau, foi detido em maio de 2024, no aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, na posse de 13 quilos de cocaína e mais de 200 mil dólares.
O arguido, conhecido
por 'Manelinho', que começou a ser julgado no dia 25 de
fevereiro do ano em curso, revelou estar a ser vítima de uma "cilada"
do Presidente Umaro Sissoco Embaló.
Na primeira sessão de
julgamento, disse que nunca esteve envolvido em tráfico de droga e que tudo não passa
de uma "cilada política" montada por altas figuras
da Guiné-Bissau, nomeadamente o Presidente da República. Lopes alegou que a
mala que continha a droga lhe foi entregue, em Bissau,
por um trabalhador da TAP.
Para Vaz Martins, que
é também presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados da Guiné-Bissau, o facto do arguido ter
mencionado o nome de Umaro Sissoco Embaló "deixa aqui um alerta à
navegação", tendo em conta o historial do regime no que toca a
vários outros escândalos ligados ao narcotráfico. "O regime já era
fortemente associado à questão do tráfico", afirma o advogado
guineense, em entrevista à DW.
SISSOCÓ EM MAUS LENÇÓIS?
Luís Vaz Martins
lembra que o deputado do Movimento para a Alternância Democrática (MADEM-G15)
foi um dos apoiantes da "campanha que levou à vitória de Sissoco
Embaló" nas eleições presidenciais de 2020. "São pessoas
que se conhecem muito bem. Não é um estranho de Umaro Sissoco Embaló",
alerta.
"Quando ele vem fazer essa afirmação, espero que o [tenha feito] com alguma responsabilidade,
porquanto ninguém chama um Presidente da República só por chamar",
acrescenta. "E, sendo da entourage de Umaro Sissoco Embaló, isso deixa em
maus lençóis não só Umaro Sissoco Embaló", admite.
Vaz Martins lembra
ainda que, semanas antes de ser detido em Lisboa, Manuel Lopes havia tecido
fortes críticas à liderança de Sissoco Embaló e se "distanciado
publicamente" do chefe de Estado. O advogado faz paralelismo
com outros casos de pessoas que desafiaram Sissoco Embaló e
admite haver "forte probabilidade de o deputado estar a dizer a
verdade".
MAIS INVESTIGAÇÃO
Carlos Melo Alves,
advogado de defesa de Manuel Lopes, considerou que "o caso devia ser
melhor investigado" pela justiça portuguesa. "A
acusação tem poderes para investigar, [mas] pode-se
dizer que aqui não investigou aquilo que devia ter investigado",
questionou o advogado de defesa no final da primeira sessão de julgamento.
"E nós
agora, se calhar, pretendemos fazer prova de alguns factos e não sei se o vamos
conseguir fazer, uma vez que existe uma enorme discrepância entre o poder da
acusação em investigar e o poder da defesa",
asseverou Melo Alves.
De acordo com a
moldura penal portuguesa, crimes desta natureza podem ser condenados entre os
quatro a 12 anos de prisão.
Notabanca;
12.03.2025
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