ADVOGADO DO CANDIDATO PRESIDENCIAL VENÂNCIO MONDLANE MORTO A TIRO EM MAPUTO
Elvino Dias, advogado de Venâncio Mondlane, e Paulo Guambe, mandatário do partido PODEMOS, foram mortos, na madrugada deste sábado (19.10), na capital moçambicana. Sernic já confirmou o homicídio de ambos.O advogado do candidato presidencial Venâncio Mondlane, Elvino Dias foi morto, na madrugada deste sábado (19.10), em Maputo.
Elvino Dias, e também o mandatário do partido PODEMOS, Paulo Guambe, que o acompanhava, terão sido mortos a tiro no interior de uma viatura no Bairro da Malhangalene na capital moçambicana.
Fonte do Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic) confirmou hoje o homicídio de ambos, acrescentando que a Polícia da República de Moçambique vai pronunciar-se sobre o caso nas próximas horas. Também o partido PODEMOS deverá dar uma conferência de imprensa ainda esta manhã.
Durante toda a madrugada circularam em Moçambique vídeos de extrema violência das duas vítimas e da viatura atingida aparentemente por mais de duas dezenas de tiros. Não se conhecem os autores do crime.
Num comunicado enviado à imprensa, o Consórcio Mais Integridade explica que, “segundo o depoimento de testemunhas oculares, os finados foram interpelados por duas viaturas da marca Mazda BT-50, de onde terão saído dois indivíduos desconhecidos, munidos de armas de fogo e que de imediato crivaram-nos de balas, tendo o Elvino Dias perecido no mesmo instante e o Paulo Guambe, horas depois, uma vez a Polícia da República ter impedido a sua evacuação através de uma ambulância que esteve no local para os socorrer. As testemunhas, frisaram que a polícia fez um forte exercício de censura e intimidações às testemunhas para que não registassem a cena de violência, tendo recolhido e danificado diversos telemóveis".
O próprio Elvino Dias já havia denunciado na sua página do Facebook um plano de o assassinar, juntamente com o candidato presidencial Venâncio Mondlane.
O advogado Elvino Dias, conhecido defensor de casos de direitos humanos em Moçambique, era assessor jurídico de Venâncio Mondlane e da Coligação Aliança Democrática (CAD), formação política que apoiou inicialmente aquele candidato a Presidente da República de Moçambique, até a sua inscrição para as eleições gerais de 09 de outubro ter sido rejeitada pela Comissão Nacional de Eleições (CNE).
Venâncio Mondlane viria depois a ser apoiado na sua candidatura pelo partido Povo Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), cujo mandatário nacional das listas às legislativas e provinciais, Paulo Guambe, também seguia na viatura alvo do crime.
Nas redes sociais, são já muitas as personalidades que lamentam a notícia, que chocou o país esta manhã.
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"ATO COVARDE E HEDIONDO"
Entretanto, multiplicam-se as reações ao sucedido.
Os juízes moçambicanos classificaram o homicídio de Elvino Dias como um "ato covarde e hediondo", que "representa um ataque não apenas à vida de um profissional dedicado, mas também à própria justiça e ao Estado de Direito em Moçambique".
"O doutor Elvino Dias era um defensor incansável da legalidade, conhecido pelo seu compromisso com a defesa dos direitos humanos e a justiça social. A sua morte não deve ser vista como um facto isolado, mas como um sinal alarmante das crescentes ameaças que pairam sobre os operadores do Direito em nosso país", lê-se no comunicado da Associação Moçambicana de Juízes (AMJ).
A associação dos juízes moçambicanos acrescenta que "não pode e não ficará indiferente a este crime", exigindo das autoridades "uma investigação célere, imparcial e rigorosa, que traga à luz os responsáveis por este assassinato e os leve a barra da justiça".
"Este crime, tal como outros atentados contra advogados e magistrados, visam enfraquecer o sistema judicial e intimidar aqueles que, com coragem e firmeza, se levantam em defesa dos direitos dos cidadãos", lê-se.
RADAR DW: MOÇAMBIQUE À BEIRA DE UMA CONVULSÃO SOCIAL?
Já o Consórcio Mais Integridade fala de um “vil e bárbaro assassinato e insta as autoridades para que, este crime seja urgentemente esclarecido e os seus atores materiais e morais sejam responsabilizados”.
Em comunicado, a plataforma de observação eleitoral escreve que o assassinato do Elvino Dias e Paulo Guambe representa "um ato de intimidação de todos os que reivindicam a transparência e a verdade nas eleições de 2024”.
Notabanca; 19.10.2024
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