terça-feira, 20 de agosto de 2024

VÍTOR MANDINGA “NADO MANDINGA” FIEL AO BRAIMA CAMARÁ PEDE DESCULPA AO POVO POR TER APOIADO SISSOCO EMBALÓ CHEGAR NO PALÁCIO

“Com uma cumplicidade inequívoca de alguns Deputados com altos dirigentes do MADEM G15, prestando serviço na Presidência da República, facto que pude constatar e manifestar o meu desacordo e constatei que alguns colegas estavam a organizar mais um disfuncionamento dos órgãos do Estado, mais uma CRISE”.

“Exmo. Senhor Braima Camara

Coordenador Nacional do MADEM- G15

Bissau

Senhor Coordenador Nacional e estimado irmão.

É com profundo sentido de responsabilidade patriótica e política que solicito seu consentimento, para que esta minha mensagem e declaração sobre o meu posicionamento político e partidário, dirigida a si e ao Conselho Nacional, seja divulgada no decurso dos trabalhos da mesma. Por razões de saúde (acabei de fazer uma intervenção cirúrgica a coluna lombar), não posso estar presente nas reuniões dos órgãos, para melhor expor e defender as minhas convicções, sobre a atual encruzilhada em que a “nossa terra, terra dos nossos avós se encontra”.

 

Senhor Coordenador Nacional e Prezados Membros do Conselho Nacional.

 

Julgo que sempre me pautei por princípios de lealdade intelectual, transparência, cordialidade, fraternidade e frontalidade, para com todos os militantes e demais companheiros da Direção Superior do MADEM – G15, bem como com a nossa Bancada Parlamentar.

 

Antes de mais quero reafirmar que tenho muita honra de pertencer aos órgãos do MADEM - G15, sob a sábia e excessivamente cuidadosa liderança, do seu Coordenador Nacional, na procura de consensos alargados.

 

Fiz a minha opção em ser militante do MADEM – G15, pela confiança no patriotismo e cultura democrática da maioria dos seus militantes, em particular na pessoa do seu Coordenador Nacional, que sempre lutou na procura de soluções mais consensuais, para garantir a coesão dos guineenses, sem distinção de classe, género, etnia e religião e pela liberdade do homem guineense.

 

Fiz ainda a minha opção em ser militante do MADEM – G15, porque nos debates internos, senti que muitos dirigentes queriam aprofundar a CONSTRUÇÃO DE UM ESTADO DE DIREITO DEMOCRATICO e PLURALISTA, base indispensável para tirar o nosso belo país da situação de subdesenvolvimento em que se encontra, onde a “Hora Tchiga” para que os mais vulneráveis da nossa terra, façam ouvir as suas vozes e aspirações e onde os governantes aceitem, por força da lei, ouvir e interpretar aquelas aspirações.

 

Senhor Coordenador Nacional e Prezados Membros do Conselho Nacional.

 

Permitam-me fazer a minha autocritica:

 

Desde 2017, que fiquei convencido que no plano político, em matéria de interpretação da Constituição, nos procedimentos administrativos e técnicos da governação, a minha visão era muito diferente do  Senhor Umaro Sissoko Embalo, então Primeiro-Ministro.

 

Por isso recusei tomar parte nas primárias e na primeira volta das eleições presidenciais de 2019.

 

Naquela ocasião, o Senhor Coordenador Nacional criticou me duramente por ter assumido essa postura.

 

Na segunda volta, após persuasão política de vários dirigentes do MADEM – G15, dos apelos dos anciões das Regiões de Bafatá e Gabu e especialmente as mulheres de Bafatá, decidi reconsiderar e submeter-me aos apelos, dos que sempre votaram em mim desde 1994.

 

Eu sou filho do “Fula-Dú” e não podia manter me indiferente aos apelos dos meus irmãos e irmãs, para ajudar a potenciar os votos do candidato do MADEM-G15, com a minha presença e capital político.

 

Foi assim que decidi participar, com afinco e lealdade, ativamente para o sucesso dos resultados alcançados pelo candidato do MADEM-G15, na segunda volta, e muitas testemunhas estão nesta sala.

 

Mas hoje, tendo em conta o enfraquecimento e a progressiva destruição das nossas instituições democráticas (Governo, ANP, Tribunais, Partidos Políticos, Imprensa livre, etc.), conjugado com o empobrecimento progressivo da população, durante estes últimos 5 anos, concluo que não devia ter cedido aos apelos dos meus irmãos e irmãs.

 

Por isso peço desculpas aos guineenses pela minha participação ativa na eleição do atual Presidente da República.

 

Permitam-me fazer críticas aos dirigentes do MADEM- G!5:

 

A minha coerência e convicção, recomendaram-me sair do Governo chefiado pelo Eng. Nuno Nabian, porque tudo quanto o MADEM - G15 prometeu na campanha eleitoral das legislativas e acessoriamente nas presidenciais de 2019, estava sendo colocado em causa, sobretudo devido a intervenção sistemática do Presidente da República, nos sucessivos Conselhos de Ministros, ditando “ordens avulsas, mal estudadas e tecnicamente erradas”.

 

Todavia devo salientar que essas “ordens avulsas, mal estudadas e tecnicamente erradas”. eram servilmente assumidas pelos ministros do MADEM - G15 e pelos dirigentes do MADEM -G15 enquanto Conselheiros da Presidência.

 

A generalidade dos altos dirigentes do MADEM-G15, pouco ou nada se importavam com os meus insistidos comentários em pleno Conselho de Ministros, muitos diziam “Só Sim Senhor - Presidente”, porque tinham medo de perder o “COURO” ou porque tinham outros fins inconfessados dentro do MADEM G15.

 

 

 

 

Pedi a minha demissão do governo, em 5 de Novembro de 2020, porque a visão do programa do MADEM -G15, sufragada e aprovada pelo Conselho de Ministros e pela ANP, sobre reformas e medidas de política económica, visando a transformação estrutural da nossa economia, era no essencial diferente da visão do Presidente da República e dos seus Conselheiros, em termos estratégicos, táticos e técnicos.

 

Todas as iniciativas do Governo, plasmadas no Programa de Governo, na Estratégia para o Desenvolvimento Económico, Emprego e Fomento Industrial – “Hora Tchiga”, no Plano Nacional de Desenvolvimento (PND- 2020-23), nos documentos estratégicos da Reforma da Função Pública, da reforma da educação, dos programas para alavancar a agricultura, todos aprovados pela ANP, foram sucessivamente colocados na gaveta, porque haveria “outros financiadores e outras alternativas” de desenvolvimento da nossa Terra.

 

Infelizmente, até hoje estamos à espera dos grandes financiamentos que iriam fazer “Terra na BUA”.

 

Permitam-me fazer críticas ao Senhor Coordenador Nacional do MADEM- G!5.

 

O Coordenador Nacional do MADEM - G15, sempre que eu lhe prevenia que o caminho que a governação estava progredindo iria contribuir para a degradação das nossas bases eleitorais. Ele dizia, sofre porque vamos conseguir ultrapassar esta fase! “Temos de gerir a situação”!!

 

Eu ironicamente respondia, espero que tu e o Nuno Nabian não terminem a serem geridos pelo Presidente da República.

 

Lamento muito dizer, mas o que estamos a viver hoje, é fruto de um erro estratégico do Senhor Coordenador Nacional em ter adiado uma “luta interna no MADEM G15 que inevitavelmente estava anunciada”.

 

Senhor Coordenador Nacional e Prezados Membros do Conselho Nacional.

 

Os sucessivos governos em que o MADEM-G15 tem participado não conseguiram realizar o que de facto preocupam os guineenses, isto é:

 

-  Mais autoemprego e maiores rendimentos para os jovens e as mulheres,

- Mais escolaridade técnica para os trabalhadores guineenses,

- Reformar e Melhorar a qualidade de prestação dos serviços da função pública, para assegurar maior produtividade e maiores salários,

- Maior produtividade e rendimentos agrícolas,

- Melhores infraestruturas nos sectores da saúde, educação, justiça, administração pública, administração interna,

- Modernas infraestruturas de vocação económica para facilitar o aumento da produção agrícola e dos rendimentos no campo (estradas no interior do país, energia, transportes, etc.).

 

Por que razão fomos incapazes de cumprir com os nossos objetivos programáticos, que se traduzem simplesmente: em maior liberdade do cidadão, em maior e mais democracia participativa, em mais escolas e centros de saúde, em mais estradas e pistas rurais, em maiores rendimentos para os chefes de família e evidentemente menor sofrimento das nossas populações mais vulneráveis.

 

Nas legislativas de 2023, apesar de termos crescido em números de deputados, fomos altamente penalizados pela falta de cumprimento dos anseios e preocupações do nosso eleitorado. Não tendo conseguido resolver durante a governação os anseios e preocupações dos guineenses, facilitamos a vitoria dos nossos adversários

 

E como explicar as nossas bases eleitorais a razão do nosso insucesso governativo?

 

No meu ponto de vista, a principal razão do nosso insucesso governativo, foi e é a falta de respeito pelos ditames da nossa Constituição, agravado pelo disfuncionamento na interdependência dos principais órgãos do Estado, que ocorre devido a incessante intervenção do Presidente da República tendente a subalternar inconstitucionalmente os outros órgãos de Estado de direito (Governo, ANP, Tribunais e agora os Partidos políticos). 

 

Se eu tivesse declarado isto nas legislativas de 2023 poucos militantes do MADEM G15 iriam compreender-me e eu seria acusado de contribuir para a vitória dos nossos adversários políticos.

 

Ter uma “diplomacia agressiva”, sem que a “barriga do povo esteja cheia”, sem reparação das ruas ou estradas principais das Regiões, não mobiliza um só bairro ou tabanca, mormente quando o respeito pelos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos e o respeito pelo pluralismo das ideias vai esmorecendo.

 

Senhor Coordenador Nacional e Prezados Membros do Conselho Nacional.

 

Enquanto Deputado na última ANP, constatei que alguns colegas estavam a organizar mais um disfuncionamento dos órgãos do Estado, mais uma CRISE. Os meus colegas da Bancada Parlamentar são testemunhas quanto eu opus-me a mais uma “manobra antidemocrática”, para derrubar o Governo do PAI-Terra Ranka, eleito e muito menos a ilegal dissolução do Parlamento.

 

Havia uma cumplicidade inequívoca de alguns Deputados com altos dirigentes do MADEM G15, prestando serviço na Presidência da República, facto que pude constatar e manifestar o meu desacordo nas reuniões da nossa Bancada na sede do MADEM G15, com alguns Vice Coordenadores, durante a ausência do Coordenador Nacional.

 

Os que hoje dizem que existe desrespeito das regras de democracia interna no MADEM G15, foram os primeiros que trabalharam e conspiraram para facilitar a tarefa do Presidente da República em desrespeitar a nossa Constituição e a instalar a decomposição do edifício democrático pluralista assente nos partidos políticos, cuja agenda é exclusivamente a manutenção no poder.

 

A si e a todos os colegas do CN desejo que consigam tomar decisões consentâneas que a situação exige, temos de reforçar a nossa coesão interna no MADEM G15 e com convicção e patriotismo, levar por diante o interesse coletivo da nossa Pequena, mas Grande Nação, que é a de romper com o ciclo do subdesenvolvimento material e espiritual, respeitando as regras democráticas, as nossas Leis, com base na transparência das nossas ações.

 

Marchemos com os nossos próprios pés, pensemos com as nossas cabeças e vamos construir a Nação que os pais fundadores da nossa República sonharam.

 

Bem Hajam

 

VIVA O COORDENADOR NACIONAL BRAIMA CAMARA

VIVA O MADEM G15

VIVA A GUINE BISSAU

A VITÓRIA KA NA MAINA

BISSAU,17 DE AGOSTO DE 2024

 Victor Mandinga”

Notabanca; 20.08.2024

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