sábado, 3 de agosto de 2024

VENEZUELA SAI À RUA MADURO E OPOSIÇÃO CONVOCAM MANIFESTAÇÕES SIMULTÂNEAS PARA ESTE SÁBADO

Tanto a oposição como Nicolás Maduro convocaram manifestações para este sábado, 3 de agosto. Em causa estão os recentes resultados eleitorais.

Maduro, no poder desde 2013, convocou para este sábado o que chamou de "a mãe de todas as marchas", para celebrar os resultados das eleições.

Mas a oposição também convocou manifestações em todo o país para contestar os resultados eleitorais anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) que atribuem a vitória nas presidenciais de domingo ao líder chavista Nicolás Maduro.

O apelo à mobilização popular foi lançado na quinta-feira pela líder da oposição, María Corina Machado, num momento em que Maduro, que também insiste na mobilização dos seus apoiantes, divulgou que duas prisões de segurança máxima estão a ser preparadas para receber as pessoas detidas em protestos pós-eleitorais.

"Temos de nos manter firmes, organizados e mobilizados, com o orgulho de termos alcançado uma vitória histórica" no domingo, afirmou María Corina Machado ao convocar os protestos de hoje, prometendo ir "até ao fim".

"O mundo verá a força e a determinação de uma sociedade decidida a viver em liberdade", acrescentou na mesma ocasião a opositora, que reclama a vitória esmagadora do seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia, nas eleições de 28 de julho, e denuncia uma fraude eleitoral que permitiu a reeleição de Maduro para um terceiro mandato consecutivo de seis anos.

Os resultados divulgados pelo CNE têm sido contestados nas ruas venezuelanas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, mas também pela comunidade internacional, com vários países, nomeadamente os Estados Unidos, a reconhecerem a vitória da oposição.

Mais de 1.200 pessoas já foram detidas no âmbito dos protestos, que também já fizeram mais de uma dezena de mortos.

MARÍA CORINA MACHADO APARECE EM PROTESTO CONTRA MADURO EM CARACAS A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, chegou este sábado a uma manifestação de milhares de pessoas em Caracas que rejeitam a proclamação de Nicolás Maduro como presidente reeleito, constatou a AFP.

Acompanhada por vários líderes da oposição, mas não pelo seu candidato Edmundo González Urrutia, Machado foi recebida pelos manifestantes no meio de aplausos e gritos de "Liberdade, liberdade!

A líder venezuelana María Corina Machado disse neste sábado que a oposição "nunca foi tão forte", ao participar numa manifestação com milhares dos seus partidários em Caracas, exigindo a vitória presidencial do candidato Edmundo González Urrutia.

"Nunca fomos tão fortes como estamos hoje". Nunca o regime esteve tão fraco. Perdeu toda a legitimidade", disse Machado no meio de aplausos na manifestação contra a proclamação de Nicolás Maduro como presidente reeleito.

MILHARES DE OPOSITORES LIDERADOS POR MACHADO REIVINDICAM VITÓRIA ELEITORAL NA VENEZUELA

A líder da oposição, María Corina Machado, reapareceu em público este sábado, aplaudida por milhares de manifestantes que rejeitam a proclamação de Nicolás Maduro como presidente reeleito da Venezuela, num dia em que o chavismo também convocou os seus seguidores a marchar.

Num camião e vestida com uma t-shirt branca, Machado estava acompanhada por vários líderes da oposição, mas não pelo candidato Edmundo González Urrutia, que reivindica a vitória na eleição presidencial de 28 de julho.

Machado e González Urrutia, ameaçados e escondidos, haviam sido vistos em público pela última vez na terça-feira, num comício em Caracas.

Os manifestantes começaram a reunir-se na capital cerca de duas horas antes, numa atmosfera de calma e sem grande mobilização das forças de segurança.

"Maduro é ilegítimo. Não somos terroristas, estamos a lutar pelo nosso país, pela liberdade. Peço a Maduro que ouça a voz dos nossos irmãos, de todos aqueles que morreram", disse Jezzy Ramos, uma chef de cozinha de 36 anos, casada e mãe de uma filha, na manifestação.

Maduro foi ratificado na sexta-feira pelo Conselho Nacional Eleitoral como presidente reeleito e acusa os líderes da oposição de tentar dar um golpe de Estado.

"Estou a defender a democracia e o voto, porque elegemos um presidente, isso é óbvio, as atas estão publicadas na internet (...). O governo não reconhece que perdeu. É um autogolpe", disse Sonell Molina, 55 anos, mãe de dois filhos, que vivem no Peru.

Com onze civis mortos desde o início dos protestos espontâneos na segunda-feira em rejeição ao anúncio da reeleição de Maduro e mais de mil presos, os líderes da oposição limitaram as suas aparições públicas nos últimos dias.

Na sexta-feira, o líder da oposição e jornalista Roland Carreño, que já tinha sido preso entre 2020 e 2023 por acusações de "terrorismo", foi detido novamente, conforme denunciado por seu partido Voluntad Popular, de Juan Guaidó e Leopoldo López.

De acordo com a procuradoria, um militar também foi morto durante os protestos.

"Gesto incomum"

O Conselho Nacional Eleitoral ratificou a vitória de Maduro com 52% dos votos, à frente dos 43% atribuídos a González Urrutia, a quem o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, expressou apoio.

Maduro acusou os EUA de intervencionismo. "Ele está desesperado, um gesto incomum na diplomacia dos EUA e sai para dizer que têm os resultados (...). O que têm é a armadilha que tentaram impor", disse, referindo-se a Blinken.

"Houve vários apelos e gritos de fraude vindos desse setor da direita radical, criminosa e violenta da Venezuela", disse Maduro numa conferência de imprensa com correspondentes estrangeiros. "Não querem reconhecer os mecanismos nacionais e soberanos da Venezuela, só querem manter o show da farsa.

O chavismo marchará à tarde pelo centro de Caracas, no que Maduro já anunciou como "a mãe" das manifestações.

Uma caravana de motociclistas que apoiam Maduro saiu pelas ruas do centro.

A oposição diz ter provas de fraude e apresenta um site com cópias de mais de 80% dos registros de votação em sua posse. O chavismo rejeita essa afirmação e alega que os documentos são falsos.

"Temos que continuar a avançar para afirmar a verdade. Temos as provas e o mundo já as reconhece", declarou Machado em X.

De acordo com a oposição, González Urrutia recebeu 67% dos votos.

Reconhecimento e diligências

Na sexta-feira, em poucas horas, cinco países latino-americanos - Argentina, Uruguai, Equador, Costa Rica e Panamá - reconheceram a vitória de González Urrutia. O Peru havia sido o primeiro na terça-feira.

Maduro, por sua vez, agradeceu aos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva; da Colômbia, Gustavo Petro; e do México, Andrés Manuel López Obrador, pelos seus esforços para chegar a um acordo político na Venezuela.

"O presidente Lula, o presidente Petro e o presidente López Obrador estão a trabalhar juntos para garantir que a Venezuela seja respeitada, para que os Estados Unidos não façam o que estão a fazer", disse o líder socialista.

Entre os países que reconhecem Maduro estão Nicarágua, Rússia e Irão.

Notabanca; 03.08.2024

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