quarta-feira, 31 de julho de 2024

QUATRO MORTOS E 749 DETENÇÕES NOS PROTESTOS CONTRA OS RESULTADOS DAS PRESIDENCIAIS NA VENUZUELA

A Venezuela continua desde segunda-feira a ser abalada por manifestações de protesto contra os resultados das presidenciais de domingo que deram oficialmente a vitória ao Presidente Maduro, o que a oposição contesta.

De acordo com as autoridaes pelo menos quatro pessoas morreram nas manifestações, tendo-se igualmente registado mais de 700 detenções.

A ONG Foro Penal  (FP) informou que pelo menos uma pessoa faleceu e, logo a seguir a National Hospital Inquiry, rede que também acompanha esta crise, deu conta de mais três mortes e 44 feridos, a maioria por armas de fogo. Segundo o Ministério da Defesa, 23 militares também ficaram feridos durante as manifestações que se registaram em vários pontos do país.

O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, anunciou nesta terça-feira a detenção de 749 pessoas durante os protestos contra a reeleição do Presidente Nicolás Maduro, e alertou que o número pode crescer nas próximas horas. 

"Há 749 destes criminosos detidos", disse Saab num comunicado à imprensa, no qual especificou que o Ministério Público avalia se vai acusá-los de "resistência à autoridade e nos casos mais graves, (de) terrorismo".

De entre as pessoas detidas pelas forças de segurança do Governo, destacam-se pelos menos quatro elementos da oposição, três delas figuras de proa, e um cuja identidade não foi revelada, segundo a imprensa local. 

A Embaixada de Portugal na Venezuela e os Consulados-Gerais em Caracas e Valência dizem estar a acompanhar "a Comunidade Portuguesa residente no país e apelam a que os cidadãos portugueses se mantenham tranquilos, evitando deslocações não necessárias".

Fora da Venezuela, a situação está a igualmente a ser acompanhada com atenção, nomeadamente em Portugal, onde foram organizadas manifestações de protesto contra os resultados eleitorais, Portugal tendo uma grande diáspora naquele país.

O presidente da Associação dos Pensionistas e Reformados da Venezuela em Portugal, Olivier Mouton, denuncia "uma mentira" que saiu da boca das urnas.

A denúncia de “fraude eleitoral” e a certeza na vitória do candidato presidencial da oposição continuam a mover dirigentes da comunidade venezuelana em Portugal, que hoje terça-feira (30 de Julho) promoveram uma pequena concentração em Lisboa frente à estátua do “libertador” Simão Bolívar.

“Não se pode tapar o sol com um dedo”, disse Olivier Mouton, de 70 anos, residente em Portugal há 17 anos, presidente da associação de pensionistas e reformados da Venezuela em Portugal. O veterano activista considera que a declaração de vitória eleitoral atribuída ao actual Presidente Nicolás Maduro é simplesmente uma “mentira”.

“O povo da Venezuela disse que queria liberdade, em paz, e isso não está a acontecer. É claramente uma mentira enorme que não queremos aceitar nem vamos aceitar. A luta vai continuar na rua, pacificamente, nada de banhos de sangue, nada de guerra civil. Isso está na cabeça de Maduro, não está na nossa”, diz o activista.

Desde segunda-feira que se registam manifestações em várias cidades venezuelanas contra os resultados oficiais das eleições de domingo, divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral que anunciou a reeleição de Nicolás Maduro para um terceiro mandato (2025-2031) consecutivo, com 51,2% dos votos.

O principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, obteve 44,2%, de acordo com os dados oficiais divulgados pelo CNE.

A oposição venezuelana reivindica a vitória nas presidenciais de domingo, com 70% dos votos para González Urrutia, afirmou a líder opositora María Corina Machado, recusando reconhecer os resultados proclamados pelo CNE.

Vários países como a Rússia, Nicarágua, Cuba, China e o Irão, já felicitaram Maduro pela vitória, mas outros Estados da comunidade internacional, reconhecidos como democráticos, demonstraram grande preocupação com a transparência das eleições na Venezuela, casos de Portugal, Espanha ou Estados Unidos.

Nove países latino-americanos - Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai - pediram hoje uma “revisão completa” dos resultados eleitorais na Venezuela.

Notabanca; 31.07.2024

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