LÍDER DO PARLAMENTO DISSE DISTANCIAR-SE DE USO DE FORÇA E PEDE QUE A VERDADE SEJA REVELADA
Domingos Simões Pereira disse distanciar-se da atitude do Ministério Público e lamentou que essa instituição tenha tomado a posição que assumiu no caso dos seis biliões de francos cfa, razão pela qual exortou as instituições competentes a permitirem que a verdade sobe o caso seja conhecida.“Lamento profundamente e estou a exortar as instituições competentes a permitirem que a verdade seja realmente esclarecida e que possa ser servida ao povo guineense. Deixei bem claro que, enquanto cidadão e profissional, nunca me associei a atos de violência em qualquer circunstância e por maioria de razão, condeno qualquer atualização, nomeadamente essa que teve lugar, porque a retirada destes cidadãos podia representar o risco de vida à sua integridade física. Quem é que sabia para onde é que
tinham sido levados e podia garantir que era no sentido da sua proteção e ainda adicionado ao fato de, nem o primeiro-ministro nem a ministra do Interior e da Ordem Pública terem conhecimento dessa ocorrência, como é que eu poderia ter uma posição em relação a isso?”, afirmou.Domingos Simões Pereira prometeu falar como Presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP) no Parlamento, mas questionado sobre a dissolução da ANP afirmou que nas últimas semanas houve pronunciamentos que indicavam essa possibilidade.
“Quanto a essa possibilidade, a nossa estranheza era questionar o que é que se justificaria essa tomada de posição. Que quadro de anormalidade algum guineense encontrou para justificar uma eventual tomada de posição. Como podem notar, de repente ficamos todos chocados e que pareceu que todos esses condimentos estavam a ser reunidos para se poder dizer que vivemos um quadro de instabilidade”, assinalou.
Domingos Simões Pereira, que assumiu nessa sua comunicação falar em seu nome não de uma instituição, disse ser curioso ouvir um partido da oposição que andou a evocar que o país poderia estar em presença de um quadro de instabilidade, vir apontar o dedo no sentido contrário.
Qual é o interesse que eu cidadão, presidente da Coligação PAI-Terra Tânia e da ANP, poderia ter nessa altura para que existisse um quadro de instabilidade. Qual poderia ser a minha motivação pessoal ou institucional para que haja um quadro de instabilidade no país para justificar exatamente aquilo que um partido da oposição, durante a semana, queria que acontecesse?”, notou.
Disse ter encontrado na figura do ministro da Economia e das Finanças “um homem profundamente preocupado em proteger a imagem de Estado” e “ quando todos nós insistimos que era importante que, ao chegar à plenária da Assembleia, divulgasse toda a informação de que dispunha, insistia que não podia divulgar tudo o que tinha. Mostrou-se, por uma questão de lealdade institucional, a lista das despesas que tinham sido ordenadas, despesas de várias naturezas e apontou que se esse quadro de despesas fosse tornado público, o país corria o risco de o FMI não só atrasar, como eventualmente suspender odesbloqueamento que acabou por acontecer.
“Por isso é que a Assembleia Nacional Popular, por um lado, coopera com o Ministério Público, mas exortou a sua comissão especializada a ter acesso a toda essa documentação para que o povo guineense , a seu tempo, possa conhecer a realidade”, disse.
Afirmou que o seu maior receio neste momento, embora não espere que seja o caso, é que “a voz de prisão dos dois membros do governo absolutamente indisponível, tendo em conta as circunstâncias, não seja a intenção de solicitar aos membros do governo que têm elementos fundamentais para que a verdade seja conhecida.
“Talvez não seja um bode expiatório, mas o mais importante é que as pessoas saibam que todos esses documentos já estão cá fora. Se ainda não saíram à luz é porque felizmente estão na mão de gente comprometida também com o Estado, mas é importante que haja colaboração, caso contrário os documentos podem ser tornados públicos e aí cada um de nós terá que responder à medida da sua responsabilidade “, alertou.
Questionado sobre a sua posição em relação à atuação do Ministério Público, Simões Pereira disse que “ por mais que escolho as palavras , sei que será difícil os profissionais de comunicação e o povo acharem que acredito na neutralidade do Ministério Público, não encontrarei palavras para dizer que acredito na neutralidade do Ministério Público”.
“Quando recebi a carta do Ministério Público, achei que havia um sinal de que, pelo menos desta vez, deveremos ter uma colaboração institucional, priorizando o essencial, que o povo guineense saiba a verdade, mas se os principais protagonistas do processo deram provas da sua disponibilidade para cooperar são silenciados, temos que estranhar o que está a acontecer”, indicou.
Finalmente, Domingos Simões Pereira pediu calma aos cidadãos e que sejam criadas as condições para apurar a verdade, não utilizar o poder da força para silenciar pessoas.
Notabanca; 03.12.2023
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