IMPRENSA PRIVADA EM CONACRI SUSPENDE EMISSÕES EM RESPOSTA A JUNTA MILITAR
As organizações da imprensa privada na Guiné-Conacri apelaram hoje a uma suspensão das emissões na segunda-feira, na sequência de uma série de medidas restritivas da liberdade de imprensa adotadas pela junta militar no poder.
De acordo com a agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP), o sindicato dos profissionais da imprensa da Guiné (SPPG, na sigla em francês) está a apelar a "um dia sem imprensa", argumentando que a profissão neste país africano vizinho da Guiné-Bissau está "ameaçada de extinção".
Os ecrãs de televisão e os 'sites' de notícias irão exibir na segunda-feira a mensagem "imprensa em perigo" e as estações de rádio irão permanecer em silêncio, acrescentou o sindicato no comunicado citado pela AFP.
O apelo apoiado por várias associações de imprensa surge depois de a Alta Autoridade para a Comunicação, a supervisora do setor, ter pedido ao Canal+ que retirasse do ar, até nova ordem, os canais de rádio e televisão Espace FM, Espace TV, Evasion FM e Evasion TV, todos com grande audiência.
Estes meios de comunicação estavam inacessíveis no Canal+ já hoje, escreve a AFP, lembrando que as autoridades guineenses já tinham tomado medidas semelhantes contra a rádio e a televisão Djoma, na semana passada.
Em cada uma das ocasiões, o regulador apresentava razões de "segurança nacional", sem dar mais pormenores.
Numa mensagem reproduzida pela imprensa 'online', o porta-voz do Governo afirmou que as medidas "não se destinam de forma alguma a amordaçar a imprensa, mas representam antes uma resposta imediata a práticas como a promoção do ódio comunal, a exacerbação de tensões sociais e políticas e a propagação de discursos divisionistas".
Estas medidas são as últimas a serem adotadas contra os meios de comunicação social, depois de em outubro as forças de segurança terem detido uma dúzia de jornalistas e utilizado gás lacrimogéneo para os dispersar numa manifestação a favor do desbloqueamento do 'site' Guinée Matin, que também é muito popular.
Na quarta-feira passada, num comunicado de imprensa, o SPPG e várias associações de imprensa declararam "inimigos da imprensa" vários membros do governo militar que tomou o poder pela força em setembro de 2021, incluindo o primeiro-ministro, Bernard Goumou, e o porta-voz do governo e ministro das Telecomunicações, Ousmane Gaoual Diallo.
Notabanca, 11.12.2023
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