"NÃO SE PODE CONFIAR NO MAL, BASTA PERGUNTAR A PRIGOZHIN", Diz Zelensky nas Nações Unidas
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, falou sobre a guerra na Ucrânia durante o seu discurso na abertura da 78.ª Assembleia Geral das Nações Unidas, e sublinhou que "não se pode confiar no mal, basta perguntar a Prigozhin".O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, iniciou o seu discurso focando-se no tema da guerra nuclear, e afirmou que o século XX ensinou-nos a não utilizar armas de destruição em massa e a promover o desarmamento nuclear completo, sendo que a Rússia ainda possui estes recursos e “não tem o direito”.
Abordando o tema da crise na alimentação causada pela guerra, destacou que existem tratados contra armas no geral, mas não há restrições contra o uso de alimentos como arma.
“Desde o início da guerra em grande escala, os portos ucranianos foram bloqueados pela Rússia”, disse. “Os nossos portos no rio Danúbio continuam a ser alvo de mísseis e drones”.
Referiu também que a Rússia está a utilizar o fornecimento de alimentos para pressionar outros países a reconhecerem o território ucraniano capturado como russo, e agradeceu aos países que compraram cereais ucranianos por resistirem a esses esforços.
Passando ao tema das crianças ucranianas que foram levadas para a Rússia, referiu que no passado já aconteceu grupos terroristas raptarem crianças, mas na guerra da Ucrânia o rapto e a deportação de crianças ucranianas para a Rússia é a política do governo de Putin, algo nunca visto antes.
“Sabemos que existem dezenas de milhares de crianças que foram raptadas pela Rússia”, sublinhou, e disse ainda que "estamos a tentar trazer as crianças de volta para casa, mas o tempo passa".
"Essas crianças na Rússia são ensinadas a odiar a Ucrânia e todos os laços com as suas famílias são rompidos. Isto é claramente um genocídio", acrescentou.
Falou ainda sobre outras ameaças letais, além das armas nucleares. “Vemos cidades, vemos aldeias na Ucrânia destruídas pela artilharia russa”, disse. “Conhecemos os possíveis efeitos da propagação da guerra no ciberespaço”, avisou.
“Graças a Deus as pessoas ainda não aprenderam a usar o clima como arma”, continua, e listou vários desastres naturais recentes.
Quase no fim do discurso, referiu ainda que "não se pode confiar no mal, basta perguntar a Prigozhin", e comunicou à audiência a sua fórmula de paz que, segundo o chefe de Estado, acabará com a guerra na Ucrânia.
Terminou com uma mensagem de esperança de que a guerra da Rússia seja a última do mundo e disse a conhecida frase "Slava Ukraini" ("Glória à Ucrânia!", em tradução livre).
Lula e Zelensky têm prevista reunião quarta-feira em Nova Iorque
Por outro lado, o chefe de Estado brasileiro afirmou ter ficado “chateado” após a delegação ucraniana adiar o encontro até finalmente não aparecer.
Apesar de condenar a invasão da Rússia na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro do ano passado, o presidente brasileiro já tinha, em abril, admitido a cedência da Crimeia, ilegalmente anexada por Moscovo em 2014, como uma saída para o conflito e, na cimeira dos BRICS, voltou a pedir uma paz negociada e o abandono de uma “mentalidade obsoleta da Guerra Fria”.
A reunião agora confirmada entre os chefes de Estado do Brasil e da Ucrânia acontece numa altura de relação conturbada entre os dois países, devido a declarações que Lula da Silva tem proferido em relação à guerra entre a Rússia e a Ucrânia, a última das quais ao afirmar que não prenderia o presidente russo, Vladimir Putin, ao abrigo de uma decisão do Tribunal Penal Internacional, caso este viesse ao Brasil.
O presidente brasileiro voltou atrás nas declarações dizendo que tal decisão caberia à justiça brasileira, mas insistiu que o país deveria rever a sua presença no Tribunal Penal Internacional.
Putin é alvo de um mandado de captura do Tribunal Penal Internacional emitido em março, por suspeita de crimes de guerra pela deportação de crianças ucranianas.
“Quero muito estudar essa questão deste Tribunal Penal, porque os Estados Unidos não são signatários dele, a Rússia não é signatária dele. Então, eu quero saber por que o Brasil é signatário de um tribunal que os EUA não aceitam. Por que somos inferiores e temos de aceitar uma coisa?”, afirmou Lula da Silva, na Índia, durante a sua participação na Cimeira do G20, na semana passada.
Dias antes, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, lembrara o homólogo brasileiro que os ucranianos são vítimas da invasão russa e que “a guerra não é no Brasil”, afastando concessões territoriais e pedindo respeito pelos Estados independentes.
“A guerra é em concreto na Ucrânia, as vítimas são concretamente os ucranianos. Não são os brasileiros, ou outros europeus, nem americanos. São concretamente dezenas de milhares de pessoas, centenas de milhares, que morreram ou ficaram feridas, são as nossas casas que foram atacadas ou bombardeadas, não as casas do Brasil ou de outros países”, afirmou Zelensky em entrevista à RTP.
Notabanca; 20.09.2023
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