MILITARES AMEAÇAM MATAR PRESIDENTE SE HOUVER INTERVENÇÃO MILITAR NO NÍGER
A junta militar no poder no Níger ameaçou matar o Presidente deposto se os países vizinhos consumarem uma intervenção militar, segundo disseram funcionários ocidentais, sob condição de anonimato.A ameaça, divulgada pela agência Associated Press (AP), foi transmitida à subsecretária de Estado norte-americana Victoria Nuland durante a visita que fez a Niamey esta semana, disse um oficial militar ocidental, sob anonimato devido à sensibilidade da situação.
A junta militar, autodenominado Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CNSP), liderada pelo general Abdourahmane Tiani, ameaçou executar o Presidente eleito, Mohamed Bazoum, se se concretizasse a intervenção militar invocada pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) se não fosse reposta a legalidade constitucional.
Bazoum está detido, na companhia da família, no palácio presidencial desde a sua deposição.
Segundo a AP, um funcionário dos Estados Unidos da América (EUA) confirmou a ameaça transmitida pela junta militar a Victoria Nuland, também sob condição de anonimato, por não estar autorizado a falar com os meios de comunicação social.
Chefes de Estado e representantes dos 15 países-membros da CEDEAO estão hoje reunidos numa cimeira extraordinária em Abuja, sede da organização, em que o único ponto da ordem de trabalhos é o debate sobre a situação criada pelo golpe de Estado de 26 de julho no Níger e avaliar uma intervenção militar para repor a legalidade constitucional.
Esta é a primeira reunião dos líderes da CEDEAO desde o termo do seu ultimato aos militares na anterior cimeira da organização, em 30 de julho.
Todos os presidentes do bloco da África Ocidental participam nesta cimeira, com exceção da Gâmbia, da Libéria e de Cabo Verde, que enviaram representantes.
Os presidentes do Burundi e da Mauritânia, que não são membros da CEDEAO, mas foram convidados pela organização, também participam na cimeira e estão igualmente presentes representantes da Argélia, da Líbia, da Organização das Nações Unidas e da União Africana.
A cimeira extraordinária de Abuja realiza-se tendo como cenário o que fazer para enfrentar o quinto golpe de Estado bem-sucedido na região desde 2020, depois dos do Mali (duas vezes), Burkina Faso e Guiné-Conacri.
No total, desde 2020, a África Ocidental registou nove tentativas de golpes de Estado.
FRANÇA APOIA DECISÃO DA CEDEAO
A França manifestou hoje "apoio total" às conclusões da cimeira da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) sobre o Níger, que ordenou o envio da "força de reserva" para restaurar a ordem constitucional no país.
Além disso, Paris reiterou, em comunicado emitido pelo ministério dos Negócios Estrangeiros a sua "firme condenação da tentativa de golpe em curso no Níger, assim como do sequestro do presidente Bazoum e da sua família".
Entretanto, também os EUA declararam apoio à decisão da CEDEAO, através de uma declaração do chefe da diplomacia norte-americana, Anthony Blinken, sem, no entanto, aprovar explicitamente a decisão de mobilizar a força militar.
"A CEDEAO, organização que reúne os países da África Ocidental, desempenha um papel essencial na demonstração da necessidade de um regresso à ordem constitucional e apoiamos a sua liderança e o seu trabalho nesta área", afirmou Blinken.
Os dirigentes da CEDEAO aprovaram hoje o envio da "força de reserva" da organização para restabelecer a ordem constitucional no Níger, sem especificar imediatamente a forma e o papel desse envio.
Antes desta decisão, incluída nas resoluções lidas no final de uma cimeira extraordinária da CEDEAO sobre o Níger, em Abuja, o Presidente da Nigéria, Bola Tinubu, que detém a presidência rotativa da CEDEAO, sublinhou a sua esperança de "chegar a uma resolução pacífica".
Acrescentou, no entanto, que o recurso à força como "último recurso" não estava excluído.
O regime militar que emergiu de um golpe de Estado no Níger formou um governo pouco antes desta cimeira extraordinária, na qual os líderes da África Ocidental confirmaram que estavam a considerar uma opção militar para repor o Presidente deposto, Mohamed Bazoum, como último recurso.
O único ponto de ordem de trabalhos da reunião de Abuja, que juntou chefes de Estado e representantes dos 15 países-membros da CEDEAO era o debate sobre a situação criada pelo golpe de Estado e a avaliação de uma intervenção militar para repor a legalidade constitucional.
Esta foi a primeira reunião dos líderes da CEDEAO desde o termo do seu ultimato aos militares na anterior cimeira da organização, em 30 de julho.
A cimeira extraordinária de Abuja realizou-se tendo como cenário o que fazer para enfrentar o quinto golpe de Estado bem-sucedido na região desde 2020, depois dos do Mali (duas vezes), Burkina Faso e Guiné-Conacri.
No total, desde 2020, a África Ocidental registou nove tentativas de golpes de Estado.
Notabanca, 11.08.2023
Sem comentários:
Enviar um comentário