GUINÉ-BISSAU ASSUME PRESIDÊNCIA DA CEDEAO
A Guiné-Bissau assumiu hoje, pela primeira vez, a presidência rotativa da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), informou, em comunicado divulgado à imprensa, a Presidência guineense.
"A Guiné-Bissau acaba de fazer história. Pela primeira vez, pela mão de Sua Excelência o Presidente da República, general Umaro Sissoco Embaló, o nosso país conquista a presidência em exercício da CEDEAO", pode ler-se no comunicado.
A decisão foi tomada durante a cimeira de chefes de Estado e de Governo da CEDEAO, que decorreu hoje em Acra, no Gana.
"A Guiné-Bissau consegue assim um feito inédito, graças à indiscutível magistratura de influência do Presidente da República. Desde a criação da CEDEAO em 1975, jamais um país lusófono presidiu esta organização", salienta o comunicado.
Além da Guiné-Bissau também Cabo Verde integra a CEDEAO.
"O Presidente Umaro Sissoco Embaló terá agora em mãos os dossiês sobre a crise política na sub-região, sobretudo no Mali, Burkina Faso e Guiné-Conacri, mas também desafios da segurança, caso da vaga de terrorismos. Terá ainda por tarefa concluir a implementação das reformas em todas instituições da CEDEAO", acrescenta o comunicado.
SANÇÕES AO MALI BURKINA FASO E GUINÉ-CONACRY
Os líderes da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) discutem hoje, numa cimeira em Acra, eventuais alterações às sanções impostas ao Mali, Burkina Faso e Guiné-Conacri devido aos golpes de Estado nos três países.
Os dirigentes, que querem pressionar para um regresso rápido dos civis ao poder, vão discutir as fortes medidas de retaliação comercial e financeira impostas ao Mali desde janeiro e outras, mais leves, impostas ao Burkina Faso e à Guiné-Conacri.
O Mali, um país pobre e sem litoral que enfrenta um conflito há mais de uma década, está sujeito a um embargo às transações comerciais e financeiras, excluindo as necessidades básicas.
O Burkina Faso, outro país do Sahel afetado pela violência 'jihadista', e a Guiné-Conacri estão apenas, por enquanto, suspensos dos órgãos da CEDEAO.
Mas as juntas militares no poder querem manter-se durante três anos, arriscando-se a um endurecimento das sanções.
A junta no poder no Mali está há meses em negociações com a organização regional, mas as partes ainda não conseguiram chegar a um compromisso.
Na última cimeira, em 04 de junho, não foi tomada qualquer decisão sobre as sanções contra os regimes golpistas e a CEDEAO deu-se mais um mês para negociar e acordar o levantamento ou a manutenção das penas.
Entretanto, o mediador Goodluck Jonathan, antigo presidente da Nigéria, chegou hoje a Bamaco para se reunir com as autoridades militares, e embora nada tenha sido dito oficialmente, um membro da sua equipa disse à agência France-Presse que "o Mali fez enormes progressos".
A África Ocidental viu uma sucessão de golpes de Estado em menos de dois anos: o golpe de 18 de agosto de 2020 em Bamaco, um segundo em 24 de maio de 2021, o golpe de 05 de setembro de 2021 em Conacri, e o golpe de 24 de janeiro em Ouagadougou.
Alarmada pelo risco de contágio numa região vulnerável, a CEDEAO tem multiplicado as suas cimeiras, mediações e pressões para acelerar o regresso dos civis ao poder.
Notabanca; 03.07.2022
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