terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

REBELDES LIBERTAM SETE MILITARES SENEGALESES

Os rebeldes de Casamansa, sul do Senegal, libertaram hoje sete soldados senegaleses que mantinham cativos desde um confronto mortífero em 24 de janeiro, de acordo com correspondentes da agência France-Presse, que testemunharam a libertação.

Os sete soldados senegaleses, membros da missão militar da África Ocidental na Gâmbia (Ecomig), foram levados pelos rebeldes para um local próximo da aldeia gambiana de Bajagar, onde eram esperados por representantes da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), do exército da Gâmbia e de uma organização católica italiana de mediação, Sant'Egidio.

Os soldados senegaleses, aparentemente de boa saúde, partiram em veículos da Cruz Vermelha.

Os sete militares senegaleses foram capturados num confronto em 24 de janeiro por elementos do Movimento das Forças Democráticas de Casamansa (MFDC), que resultou na morte de quatro soldados senegaleses, de acordo com o exército senegalês.

A Gâmbia tem servido de base dos rebeldes do MFDC, que lutam há 40 anos pela independência de Casamansa, uma região do sul do Senegal, separada precisamente do resto do país pelo território gambiano e que historicamente se reclama abandonada pelo Governo senegalês

A região de Casamansa, no sul do Senegal e junto à fronteira com a Guiné-Bissau, é o cenário de uma rebelião armada desde 1982, atualmente considerada como um conflito de baixa intensidade, entre o Governo em Dacar e o MFDC.

Ao contrário do norte do país, mais árido, o sul do Senegal tem terras férteis e é rico em recursos florestais, sendo o tráfico ilegal de madeira nos últimos anos a principal fonte de financiamento do MFDC, segundo um relatório da organização não-governamental britânica Environmental Investigation Agency (EIA).

Casamansa já foi a zona turística mais popular do Senegal pelas suas florestas e qualidade das praias e, ainda que a rebelião independentista tenha limitado o seu potencial, tem gozado de longos períodos sem incidentes violentos.

Catorze lenhadores foram mortos em janeiro de 2018 por homens armados que, no mesmo mês, assaltaram também quatro turistas espanhóis, depois de terem parado o veículo em que viajavam.

O confronto de 24 de janeiro foi o acontecimento mais grave em vários anos, relacionado com o conflito de Casamansa, que no passado já colheu milhares de vidas e devastou a economia senegalesa, obrigando dezenas de milhares de pessoas a fugir ou refugiar-se na Guiné-Bissau e na Gâmbia nos seus primeiros anos.

Notabanca, 15.04.2022

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