segunda-feira, 3 de agosto de 2020

CROCODILOS EM BISSAU SOLICITA-SE SE MANTENHA CALMA E EVITAR ZONAS CONFIRMADAS PRESENÇA DESSES ANIMAIS 
“Nas últimas semanas, têm circulado informações sobre avistamentos de crocodilos no centro e arredores da cidade de Bissau. Esta situação tem criado pânico aos moradores e utilizadores destas localidades, nomeadamente no Parque de N´Batonha, bolanha de Péré, estrada de Cacoma, bolanha de Granja e na zona de São Paulo.
O crocodilo é um dos predadores mais perfeitos que já passaram pela Terra. Prova disso é que ele existe há mais de 200 milhões de anos.


O Crocodilo-do-Nilo, denominado Crocodylus niloticus, cujo estatuto atual está em discussão, especificamente a classificação cientifica, Crocodylus suchus, é a espécie que ocorre nesta zona do país; é uma espécie de crocodilo africano, cuja distribuição se estende desde a bacia do Nilo às regiões a sul do deserto do Saara a Madagáscar.

Esta espécie, uma das maiores do mundo, é conhecida como um predador sorrateiro e perigoso – que tanto ataca na água como em terra e é bastante perigosa para o Homem.
Trata-se de um animal carnívoro com uma dieta alimentar bastante diversificada.

Na maior parte da vida, os crocodilos são solitários. O comprimento é variável e pode atingir 5 metros e o peso pode chegar até 1 tonelada. O tempo de vida é de cerca de 45 anos no estado selvagem e pode ir até os 100 anos em cativeiro.

Contudo, importa ressaltar uma questão polémica, que ainda intriga os pesquisadores, é a informação de que o crocodilo pode ficar um ano sem se alimentar.

Para as diversas populações africanas que habitam nas áreas próximas de rios, bolanhas, pântanos, zonas húmidas em geral e nele fazem as suas atividades, a presença dos crocodilos pode ser fatal.

Não há dúvida de que a preservação da vida humana se sobrepõe a qualquer outra consideração. No entanto, é importante analisar os fatores que condicionam um maior contato entre os humanos e os crocodilos e que podem resultar em ataques.

Só com base nos resultados das análises é que se torna possível proceder a uma prevenção eficaz dos ataques de crocodilos, associada à preservação da biodiversidade. Refira-se que, por lei e pela convenção CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas ), o crocodilo é uma espécie protegida e não pode ser objeto de comércio, abate, etc.

Na realidade é a população humana que se tem aproximado ou mesmo penetrado no habitat natural dos crocodilos, através de cedência de terrenos e construção de habitações nas zonas húmidas.

Esse fenómeno leva não só a um maior contato entre a fauna selvagem e o Homem, como também diminui a permeabilidade dos solos; como consequência, são as cheias e zonas alagadas, fatores que podem arrastar estes animais para perto das aglomerações humanas.

Um grande número de crocodilos têm sido atraídos também para lugares frequentados por seres humanos, este justifica-se pelo aumento de carcaças, vísceras, sangue bovino e outros restos de animais vasados nas diversas linhas e curso de água, a exemplo do que tem vindo a acontecer junto ao matadouro de Bissau.

Sendo assim, os equilíbrios ambientais, isto é a saúde dos ecossistemas, são gravemente atingidos, afetando o habitat e os hábitos dos animais selvagens, este cenário pode resultar em vários tipos de conflitos entre o Homem e a fauna selvagem, nomeadamente em ataques de animais selvagens e emergência de doenças zoonóticas.

A prevenção de possíveis ataques de crocodilo na cidade de Bissau, levou a criação urgente de um Grupo de Trabalho, com intervenções multifacetadas e coordenadas. Liderada pela Câmara Municipal de Bissau (CMB) e o Serviço de Proteção Civil (Bombeiros), este grupo é também constituído pela Direção Geral das Florestas e Fauna (DGFF), Direção Geral da Veterinária, Instituto Marítimo Portuário (IMP), Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas - Dr. Alfredo Simão da Silva (IBAP) e a Guarda Nacional (Brigada de Proteção da Natureza e do Ambiente).

Para que as instituições competentes tomem as decisões adequadas e necessárias no seu respectivo domínio de intervenção, são as recomendações resultado da reunido efetuada a 30 de Julho de 2020 na sede do IBAP:

Criar um grupo de trabalho sobre esta temática ao mais alto nível;
Montar urgentemente um Sistema de Alerta estruturado, cujo número telefónico de emergência é 1313 (Serviço de Proteção Civil – Bombeiros);
Proceder ao levantamento georreferenciado das zonas de ocorrência de crocodilos nos arredores e centro da cidade de Bissau;
Afixar placas de sinalização nas zonas onde foram identificados os crocodilos;
Solicitar a presença permanente de agentes da Guarda Nacional nas localidades consideradas perigosas;
Aumentar a iluminação nestas zonas;
Realizar uma conferência de imprensa, efetuar ações de comunicação para informar e sensibilizar a população (debate radiofónico, brochuras informativas, emissão de spot radiofónico de sensibilização, entre outras ações);
Melhorar a vedação da Lagoa de N´Batonha.
Enquanto as ações identificadas tiverem a ser levadas a cabo, solicita-se que a população se mantenha calma e evite as zonas onde já foram confirmadas a presença destes animais, e sobretudo sensibilizar as crianças para o perigo existente nessas zonas.

Feito aos 30 dias do mês de Julho de 2020

Pelas instituições: Câmara Municipal de Bissau (CMB) - Serviço de Proteção Civil (Bombeiros) - Direção Geral das Florestas e Fauna (DGFF) - Direção Geral da Veterinária - Instituto Marítimo Portuário (IMP) - Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas - Dr. Alfredo Simão da Silva (IBAP) – Guarda Nacional (Brigada de Proteção da Natureza e do Ambiente).”

Notabanca; 03.08.2020

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