“Após EUA criticarem demissão da equipa de combate ao narcotráfico na Guiné-Bissau, ex-ministra da Justiça Ruth Monteiro acusa Governo guineense de colaboração com traficantes: “São rececionados por forças de segurança".
A ex-ministra da Justiça e Direitos Humanos da Guiné-Bissau, Ruth Monteiro, acha que sua demissão do cargo em fevereiro está relacionada à estratégia de combate ao narcotráfico que ela e sua equipa implementaram no país. Em entrevista exclusiva à DW África, Monteiro não mede palavras ao acusar o atual Governo de colaboração com traficantes.
Nesta terça-feira
(21.07), o Governo dos Estados Unidos mostrou-se preocupado com o afastamento
dos responsáveis pelo combate ao tráfico de drogas na Guiné-Bissau. Segundo a adjunta do secretário de
Estado para o Gabinete para Narcóticos Internacionais, Heather Merritt, os
resultados estavam a ser "extraordinários".
Merrit disse
que o Governo norte-americano "está preocupado com o tipo de Governo que
está a ter [a Guiné-Bissau] e com o esforço que ele está a fazer ou não para
prevenir o tráfico de droga".
Ruth Monteiro foi
demitida a 27 de fevereiro deste ano e refugiou-se na Embaixada de Portugal em
Bissau no início de abril. Na ocasião, integrantes do Governo do ex-primeiro-ministro Aristides Gomes
denunciavam perseguição política. Após passar semanas na embaixada, Monteiro viajou
para Lisboa no dia 28 de abril.
DW África:
Como comenta a notícia de que os Estados Unidos se mostraram preocupados com um
suposto "défice democrático" na Guiné-Bissau, falando de ataques à
liberdade de expressão e até de retrocessos no combate ao narcotráfico?
Ruth
Monteiro (RM): Penso que Washington tem razão. Penso que a comunidade
internacional deve ter uma especial atenção ao que se vive na Guiné-Bissau. De
fato nós temos um défice de democracia, temos um défice de liberdade. Eu saí da
Guiné numa situação praticamente de fuga, porque temia pela minha integridade
física. Estive escondida durante dois meses. O primeiro-ministro legítimo da
Guiné-Bissau encontra-se refugiado há quatro meses. Tudo isto tem a ver com a
falta de segurança no país. Ele [o Presidente] disse claramente que está a
iniciar o trabalho no país, uma empresa para poder monitorar as comunicações
telefónicas dos guineenses ou de quem quer que ouse falar mal do regime.
Ouvir o
áudio 04:14
"O Governo está ligado ao tráfico de droga"
DW África:
Entretanto o programa de Governo de Nuno Nabiam foi aprovado na Assembleia
Nacional Popular, certo?
RM: Existe no Supremo Tribunal de
Justiça uma previdência cautelar com vista a declarar a suspensão desses atos
administrativo, porque o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo
Verde (PAIGC) tem a maioria no parlamento. (...) Temos membros do governo que
são demitidos por Umaro Sissoco Embaló à noite para de manhã apresentarem-se
como deputados e à tarde voltarem a ser ministros...
DW África:
Acha que a sua demissão tem a ver com o seu trabalho no combate ao tráfico de
drogas na Guiné-Bissau?
RM: O que me parece é que o Governo, e quem assumiu o poder na
Guiné-Bissau, está estreitamente ligado ao tráfico de droga. É daí que um
Governo liderado por Aristides Gomes – que combateu o tráfico de drogas e deu
um rude golpe aos traficantes - é combatido por estes novos governantes.
Sissoco declarou há dias que já não há tráfico de droga na Guiné. Em tom de
ironia eu diria que os traficantes de droga agora fugiram todos, porque não
gostam dele... Durante o governo de Aristides Gomes, quando eu era
ministra da justiça, houve resultados no combate ao tráfico. Agora não há
resultados. Há carregamentos de droga no sul do país. Os traficantes são
rececionados por forças de segurança e por militares. Temos o Ministério
Público apoiando e protegendo os traficantes de droga. Houve um caso de
apreensão de cocaína no aeroporto e a Polícia Judiciária foi obrigada a
devolver tanto a droga como a pessoa que tinha a droga em seu poder às forças
do Ministério do Interior que estavam no aeroporto.
DW África:
Esses contactos são maiores e mais envolventes do que o eram noutras épocas,
com outros governos, liderados por outros partidos?
RM: O governo de Nuno Nabiam foi
apoiado pelos militares. Um desses militares tem um mandato internacional de
captura por tráfico de droga e terrorismo. Isto dá uma resposta muito sucinta à
situação da droga na Guiné-Bissau.
DW África:
Tem condições, neste momento, de regressar ao seu país?
RM: Absolutamente nenhuma. Nem sequer
em Portugal me sinto em segurança, sobretudo depois de entrevistas como esta.”
Notabanca;
21.07.2020
Sr.tens provas do que falas ? Ou e desespero da vossa derrota ?
ResponderEliminarAbsolutamente
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