A casa de proteção de raparigas vítimas do casamento forçado na Guiné-Bissau, que albergava 20 jovens, teve de as devolver à família devido à falta de alimentos, disse terça-feira à Lusa o coordenador da instituição.
Laudolino Medina, secretário executivo da Associação Amigos da Criança (AMIC), disse que "com muita pena" teve de dar ordens para que as 20 raparigas regressassem aos ambientes familiares, desde o mês de março, altura em que as autoridades declararam o estado de emergência sanitária.
A AMIC teve de acelerar o mecanismo de
"mediação junto da família" para permitir que regressem aos ambientes
familiares, ainda que mediante alguns riscos de serem novamente alvos de alguma
forma de violência, sublinhou Medina.
"Tentámos encontrar um parente, um
tio, um primo, que possa receber a jovem", para que não fique desamparada,
já que o centro de acolhimento não tem capacidade de as manter, a partir do
momento em que os parceiros da AMIC limitaram as ajudas, notou Laudolino
Medina.
O responsável assegurou que assim que
passar o estado de emergência as raparigas voltam para o centro.
Algumas daquelas jovens foram acolhidas
no centro por se terem recusado a um casamento forçado ou precoce, outras por
violência doméstica e outras na sequência de incesto.
Todos os casos aguardam por uma decisão
da justiça, na sequência de queixas apresentadas pela AMIC contra os
agressores.
Laudolino Medina disse estar "muito
preocupado" com a situação de algumas das raparigas que voltaram para o
ambiente familiar, pelos relatos que vai recebendo dos ativistas que as
acompanham.
"Os riscos de serem novamente alvo
de violência baseada no género é patente", observou Medina.
Notabanca; 03.06.2020
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