O Secretário de Estado da Cultura defendeu hoje a inclusão no currículo escolar das poesias do “pioneiro da música moderna guineense”, José Carlos Schwarz, “para que possam ser estudadas como outros poetas nacionais e estrangeiros nas universidades”.
Francelino
Cunha falava numa cerimónia em homenagem ao José Carlos que esta quarta-feira
completa 43 anos de desaparecimento físico.
O governante
disse que José Carlos como poeta é um pensador nato, um escritor, um criativo e
um homem dotado de muita inteligência e capacidade poética, sustentando que como linguista, o pioneiro da música
moderna guineense, como ninguém, escreveu e cantou em Crioulo de “forma
incrível”.
O secretário
de Estado da Cultura qualificou igualmente de incrível o domínio que José
Carlos tinha nessa língua(o Crioulo) que une todos os guineenses.
Cunha
considerou o pioneiro da música guineense de um homem facetado e de muitos
dons, nomeadamente artista musical, poeta, linguista, compositor e no campo
político como combatente da Liberdade da Pátria.
Disse que
como artista musical esse homem deixou muitas obras que hoje serviu e vai
servir de fonte de inspiração para a
nova geração.
“Como sabemos,
a mensagem passa com muita facilidade através da música e José Carlos foi
um músico de intervenção e lutou contra
a presença colonial através da música, e ajudou a despertar a consciência
nacionalista de muitos filhos da Guiné e de muitos africanos para compreender
que estamos sob jugo colonial e que precisávamos, com máxima urgência,de lutar
e conquistar a nossa independência”,frisou Francelino Cunha.
Segundo o
governante, José Carlos como combatente da liberdade de Pátria não poupou o
esforço e fez tudo que podia fazer como combatente de palavra, de microfone, de
caneta, e lutou até que foi preso e passou tudo que um combatente na
clandestinidade pode passar, tendo morrido
muito jovem.
Cunha
sublinhou que esse músico deixou para a juventude um legado humano e
intelectual para inspirar nova geração e sociedade guineense em geral.
Segundo o
músico da nova geração, Mário Mendonça vulgo Mc.Mário, José Carlos Schwarz
simboliza a raíz das inspirações dos músicos da nova geração.
Mc Mário
sustenta que todos os que estão a fazer música
hoje têm um bocado de influência do pioneiro da música guineense.
“A nova
geração não tem como fugir do caminho
deste músico. Todos nós que estamos a fazer música moderna guineense ou seja,
música em crioulo, temos um bocadinho deste homem nas nossas veias artísticas”,
frisou.
Perguntado
se o pioneiro da música guineense sentiria orgulhoso da nova geração que as
vezes diz palavrões nas músicas, disse que a arte é algo livre e que cada um
tem a sua forma de a fazer, acrescentando que muitas das vezes dizer palavrões
nas músicas é uma forma também de fazer revolução, sustentando que uma coisa é
dizer palavrões na música sem que isso seja arte e a outra é dizê-la de uma
forma artística.
Mc. Mário
considerou José Carlos Schwarz de um apologista de tudo que é a arte, de tudo
que é revolução e sobretudo daquele que caminha para mudar a mente no sentido
positivo.
O dia 27 de
Maio é anualmente celebrado como Dia Nacional da música e igualmente da morte
do pioneiro da música guineense, José Carlos Schwarz.
Na
celebração foram recitados poemas de autoria do
músico e poeta José Carlos Schwarz como “Antes de partir”, “Momentos
primários da construção” e “Fidjus di Guiné” nas vozes do poeta Tomás Barbosa,
Carlos Sambu e Braima Djaló, e poema “Guinendadi” de autoria de Rui Jorge
Semedo, na voz de Jacinto Mango vullgo Atchós Express.
Presentes
nas celebrações estiveram artistas de
nova e velha geração que acompanharam a deposição de coroa de flores na campa de José Carlos, no
Cemitério Municipal de Bissau.
Notabanca; 27.05.2020
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