As mulheres grávidas guineenses com VIH/Sida
seguidas no centro de tratamentos Céu e Terra, em Bissau, estão com
dificuldades para aceder aos antirretrovirais, dadas as restrições de
movimentos em vigor devido à covid-19, alertou o diretor do hospital esta
segunda-feira.
Manuel Aquessuen, diretor clínico do Céu e Terra, um
dos poucos centros de tratamento e seguimento às grávidas e mulheres lactantes
infetadas com o VIH/Sida, disse que as restrições para conter a pandemia do
novo coronavírus adotadas pelas autoridades sanitárias e políticas guineenses
estão a dificultar o seguimento de doentes do Céu e Terra.
Com o estado de emergência, várias mulheres
seropositivas, sobretudo as do interior da Guiné-Bissau, “deixaram de se
deslocar à clínica, o que também acontece com as dos bairros periféricos” de
Bissau, observou Aquessuen.
Em condições normais, a clínica atende, por dia, até
50 mulheres, entre grávidas e lactantes, mas desde o início da pandemia da
covid-19, apenas recebe 10 pessoas, notou o diretor clínico da Céu e Terra.
Para não faltar aos doentes com os antirretrovirais,
a equipa de Manuel Aquessuen decidiu levar os medicamentos a casa de pacientes
em Bissau, mas há mais de 15 dias que não consegue deslocar-se por falta de
combustíveis para a única viatura disponível na clínica.
O médico aguarda por uma resposta do Ministério da
Saúde Pública a quem pediu combustível para atestar o carro e continuar a
distribuição gratuita de antirretrovirais às pacientes de Bissau.
“As pacientes com HIV são pessoas vulneráveis,
pessoas de alto risco de contaminação com a covid-19, por isso não podemos
deixar de as disponibilizar medicamentos”, observou Manuel Aquessuen.
Entre pessoas em tratamento e aquelas em seguimento,
a clínica atende cerca de quatro mil infetados com VIH/Sida, disse Aquessuen.
A Céu e Terra é uma associação de profissionais de
saúde, tutelada pelo Ministério da Saúde Pública e que trabalha sob a
supervisão do secretariado guineense de luta contra a sida, desde 2002
Notabanca; 12.05.2020
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