quinta-feira, 19 de março de 2020

SEIS PORTUGUÊS DE UMA ONG RETIDOS NA GUINÉ-BISSAUDECISÃO PREVENÇÃO DE CORONAVÍRUS
Seis portugueses retidos na Guiné-Bissau estão desde domingo a tentar regressar a Portugal, mas viram três hipóteses de viagem falharem com o sucessivo fecho de fronteiras europeias. “Tentámos tudo. Estamos nas mãos das autoridades portuguesas”, disse ao PÚBLICO Octávio Coelho, em nome do grupo, a partir de Bissau.
O grupo inclui o presidente e um dos directores da Organização Não Governamental para o Desenvolvimento (ONGD) Rota dos Povos, com sede no Porto, Tito Baião e Coelho, uma médica, um informático e duas educadoras de infância que foram em Fevereiro em missão para a Guiné-Bissau.


A Rota dos Povos foi criada há nove anos para desenvolver projectos de desenvolvimento na área educativa na Guiné-Bissau. Com materiais enviados em 22 contentores ao longo dos anos, a organização criou uma casa de acolhimento de órfãos, cinco bibliotecas, dois centros de informática e equipou mais de 200 salas de aula na região de Tombali.

Terminado o trabalho, “o plano era regressar ao Porto na madrugada de domingo”, conta Coelho, engenheiro mecânico, no voo marcado Bissau-Casablanca-Porto. Quando a ligação para o Porto foi cancelada, pensaram manter a viagem até Marrocos.

Perceberam que não chegariam a tempo de se juntarem aos portugueses resgatados de Marraquexe e pensaram ir de carro de Casablanca até Tânger e, aí, apanhar o ferry até Tarifa. ​“Mas Espanha fechou as fronteiras a voos não-europeus.” Compraram então bilhetes para o Senegal, mas perceberam depois que os aviões já não sairiam de Dacar.

“A nossa preocupação é o coronavírus: a pandemia há-de cá chegar e estamos num país onde a maioria das casas não tem água canalizada, nem electricidade, nem condições de higiene, nem saneamento básico, nem bons cuidados médicos. A nossa protecção vai ser zero”, diz Coelho.

O PÚBLICO contactou esta noite a secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, mas sendo a Rota dos Povos uma ONGD independente que não trabalha no universo da cooperação portuguesa sob tutela do Instituto Camões, a equipa da secretária de Estado Teresa Ribeiro não tem informação sobre o pedido de repatriamento ou as diligências que possam estar a ser tomadas.

O caso estará nas mãos da Direcção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas (DGACCP), que está a centralizar este tipo de casos, e de onde não foi possível obter respostas esta quarta-feira à noite.
Notabanca; 19.03.2020

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