A Ordem dos Jornalistas da Guiné-Bissau
apelou terça-feira à "reabertura imediata" da
televisão e rádios públicas do país, encerrados na sexta-feira por militares.
Num comunicado à imprensa, a Ordem dos Jornalistas,presidida pelo jornalista António Nhaga, pede também às "autoridades políticas e governamentaispara não se imiscuírem na gestão dos conteúdos dos órgãos de comunicação social em geral".
Num comunicado à imprensa, a Ordem dos Jornalistas,presidida pelo jornalista António Nhaga, pede também às "autoridades políticas e governamentaispara não se imiscuírem na gestão dos conteúdos dos órgãos de comunicação social em geral".
A Ordem dos Jornalistas salienta também
que a Televisão da Guiné-Bissau e a Rádio Nacional são órgãos públicos não
oficiosos e pede aos jornalistas em geral "bom senso" no exercício
das suas atividades.
A Guiné-Bissau vive um novo momento de
tensão política, depois de o autoproclamado Presidente, Umaro Sissoco Embalo,
ter demitido Aristides Gomes do cargo de primeiro-ministro e nomeado Nuno
Nabian.
Umaro Sissoco Embaló, dado como vencedor
da segunda volta das presidenciais da Guiné-Bissau pela Comissão Nacional de
Eleições, tomou posse simbolicamente como Presidente guineense na quinta-feira,
numa altura em que o Supremo Tribunal de Justiça ainda analisa um recurso de
contencioso eleitoral interposto pela candidatura de Domingos Simões Pereira.
Após estas decisões, registaram-se
movimentações militares, com os militares a ocuparem várias instituições de
Estado, incluindo a rádio e a televisão públicas, de onde os funcionários foram
retirados e cujas emissões foram suspensas.
A Comunidade Económica dos Estados da
África Ocidental (CEDEAO) voltou na segunda-feira a ameaçar impor sanções a
quem atente contra a ordem constitucional estabelecida na Guiné-Bissau e acusou
os militares de se imiscuírem nos assuntos políticos.
Apesar de antes ter reconhecido Umaro
Sissoco Embaló como vencedor das presidenciais, a CEDEAO condena agora todas as
ações tomadas "contrárias aos valores e princípios democráticos" e
que atentam contra a ordem constitucional estabelecida e "expõem os seus
autores a sanções".
A CEDEAO reitera a "necessidade
absoluta" de se esperar pelo fim do processo eleitoral e que vai ajudar a
que sejam tomadas iniciativas para que seja posto um fim ao impasse
pós-eleitoral.
Cipriano Cassamá, que tinha tomado posse
na sexta-feira como Presidente interino, com base no artigo da Constituição que
prevê que a segunda figura do Estado tome posse em caso de vacatura na chefia
do Estado, renunciou domingo ao cargo por razões de segurança, referindo que
recebeu ameaças de morte.
O primeiro-ministro Aristides Gomes
denunciou que um grupo de militares invadiu a sua residência, retirando as
viaturas da sua escolta pessoal e proferindo ameaças.
Aristides Gomes tem utilizado a rede
social Facebook para denunciar várias ocupações por militares de instituições
do Estado, incluindo que Nuno Nabian ocupou na segunda-feira o seu gabinete do
Palácio do Governo, no mesmo dia em que tomou posse o seu executivo.
Umaro Sissoco Embaló afirmou que não há
nenhum golpe de Estado em curso no país e que não foi imposta nenhuma restrição
aos direitos e liberdades dos cidadãos.
Entretanto o Governo liderado por Nuno
Nabian emitiu um comunicado a referir que todas as instituições públicas,
inclusive a Radiodifusão nacional e Televisão púbçlica, que se encontravam
fechadas vão retomar os seus serviços a partir desta terça-feira.
Notabanca; 04.03.2020
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