A representante das Nações Unidas na Guiné-Bissau, Rosine Sori-Coulibaly, avisou quinta-feira que a comunidade internacional está atenta à situação no país e manifestou esperança que as presidenciais de domingo possam "acabar com o ciclo de instabilidade".
Em entrevista à agência Lusa, em Bissau,
a representante especial do secretário-geral da ONU, António Guterres, e
responsável pela Missão Integrada das Nações Unidas para a Consolidação da Paz
e Segurança na Guiné-Bissau (Uniogbis) considerou que "o país caminha na
boa direção", mas advertiu que "se houver
uma crise mais grave, a comunidade internacional tem de estar lá".
Segundo a representante, oriunda do
Burkina Faso, a comunidade internacional deve "lembrar que são necessárias regras e princípios" que
devem ser cumpridos.
Questionada sobre a possibilidade de
imposição de sanções caso se mantenha a crise política no país após as eleições
presidenciais, Rosine Sori-Coulibaly referiu que a ONU "não impõe sanções de forma gratuita", recordando
que isso aconteceu em 2012, mas devido "a um golpe de Estado após as
eleições".
"A nossa esperança
é que as eleições presidenciais de 24 de novembro possam pôr fim a este ciclo
de instabilidade política e institucional" e que tudo decorra "com normalidade", antes
e depois das eleições, afirmou a representante.
"É isso que a
comunidade internacional espera porque o mandato desta missão é político, veio
acompanhar o diálogo político e o processo de paz neste país", acrescentou.
O objetivo, disse, é que "o
programa de desenvolvimento possa desenrolar-se normalmente, que o Governo seja
capaz de encontrar soluções para as necessidades da população e que os
parceiros possam ajudar de acordo com as prioridades do país".
Rosine Sori-Coulibaly se
congratulou com os atores políticos, o povo da
Guiné-Bissau e os parceiros que acompanham o país porque as "legislativas
decorreram em condições normais, a assembleia nacional está constituída, os
representantes do povo estão em funções", e disse esperar que as
presidenciais de domingo "fecham
o ciclo eleitoral".
A responsável considerou que estão
criadas as condições para a realização das eleições porque "os 12
candidatos fizeram campanha" e a "população está mobilizada".
A Uniogbis está no país desde 1999 e o
atual mandato termina em dezembro de 2020, estando previsto que o Conselho de
Segurança reavalie a situação em fevereiro próximo.
A Guiné-Bissau voltou a viver um clima
de tensão política no final de outubro após o Presidente José Mário Vaz ter
demitido o Governo de Aristides Gomes, saído das legislativas de 10 de março, e
nomeado um outro liderado por Faustino Imbali.
Grande parte da comunidade internacional
opôs-se a estas decisões e a Comunidade Económica dos Estados da África
Ocidental (CEDEAO) exigiu a demissão de Imbali, sob pena de impor "pesadas
sanções" aos responsáveis pela instabilidade política.
Também o Conselho de Segurança das
Nações Unidas ameaçou com novas sanções "todos aqueles que minem a estabilidade" na Guiné-Bissau e
apelou à "conduta ordenada" dos atores políticos".
Imbali acabou por se demitir, pouco
antes de serem conhecidas as decisões dos chefes de Estado da CEDEAO, que se
reuniram numa cimeira extraordinária no Níger, em 08 de novembro, que decidiram reforçar a presença da força de
interposição Ecomib no país e advertir o Presidente guineense de que qualquer
tentativa de usar as forças armadas para impor um ato ilegal será "considerada
um golpe de Estado".
Mais de 760 mil eleitores escolhem no
domingo o próximo Presidente entre 12 candidatos. A campanha eleitoral termina
na sexta-feira e no país estão 23 observadores da Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa (CPLP), 54 da União Africana, 60 da CEDEAO e 47 dos Estados Unidos
da América.
Notabanca;
22.11.2019
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