A denúncia mostra que a Casa Branca estava "profundamente perturbada" pelas ligações de Trump para a Ucrânia.
O documento traz a denúncia de que Trump usava "seu poder para solicitar interferência de países estrangeiros na eleição americana de 2020". Entre as interferências há a pressão feita pelo presidente para que outros países investigassem os seus rivais no pleito.
A
denúncia aponta o advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani, como uma figura
central no caso e o Procurador-geral, William Barr é citado como
"envolvido".
Segundo
o texto, múltiplos funcionários da Casa Branca que tinham conhecimento da
ligação entre Trump e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, em 25 de
Julho, informaram que o líder americano teria utilizado a chamada para tratar
de "interesses pessoais". "Nominalmente, ele tentou pressionar o
líder ucraniano a tomar acções para ajudar na reeleição presidencial de
2020", diz.
O
denunciante, cujo nome ainda não foi identificado, afirmou ainda que, alguns
dias depois da ligação, altos funcionários da Casa Branca mobilizaram-se para
"bloquear" todos os arquivos vinculados à conversa.
O pedido
para que Zelensky prosseguisse com a investigação do ex-vice-presidente Joe
Biden e seu filho Hunter Biden e a promessa de que Giuliani e Barr tratariam do
caso aparece na denúncia.
O
delator disse que os funcionários da Casa Branca estavam "profundamente
perturbados" pela ligação entre os presidentes.
Segundo
ele, os advogados da Casa Branca estavam em discussão para decidir "como
tratar a ligação por causa da probabilidade de terem testemunhado o presidente
abusar de seu escritório para obter ganhos pessoais".
"Estou
profundamente preocupado que as acções descritas abaixo constituam 'um sério ou
escandaloso problema, abuso ou violação da lei ou da ordem executiva' que 'não
inclui diferenças de opinião no que diz respeito a assuntos de políticas
públicas', consistente com a definição de 'preocupação urgente'", diz o
delator no documento.
O
documento também diz que Trump aconselhou o seu vice-presidente Mike Pence a
cancelar a sua viagem para a Ucrânia no dia da posse de Zelensky e ele próprio
não iria conhecer o ucraniano até descobrir como Zelensky "escolheu
agir".
Trump
também teria pedido ao presidente ucraniano para investigar a empresa
CrowdStrike, que foi contratada pelo comité do partido Democrata para
investigar invasão em seus computadores - o que mais tarde apontou a Rússia
como executora. O denunciante disse ter ficado confuso pela obsessão de Trump
com a empresa e porque a teria associado à Ucrânia.
"Não
sei por que o presidente associa esses servidores à Ucrânia", escreveu o
denunciante em nota de rodapé em sua carta, endereçada ao Congresso.
Segundo
ele, vários funcionários da Casa Branca estavam na sala no momento da ligação e
ele não foi o único membro do comité de inteligência a receber as atractivas da
chamada.
O chefe
de inteligência de Trump repondeu quinta-feira no Congresso a questionamento
acerca de como o governo lidou com o relato do delator.
O
director interino de Inteligência Nacional, Joseph Maguire, depõe ao Comité de
Inteligência da Câmara dos Deputados depois de ter se recusado a compartilhar a
denúncia feita pelo delator com o Congresso, apesar de uma lei que exige que
esta fosse enviada aos parlamentares depois de um inspector-geral determinar que
ela era urgente e crível.
Justificou
o não compartilhamento devido ao "privilégio executivo" que, segundo
ele, não tem autoridade para negar. "Por causa disso, não conseguimos
compartilhar imediatamente os detalhes da denúncia com esse comité",
afirmou.
A
divulgação deste documento ocorre um dia depois da Casa Branca publicar a
transcrição da conversa entre os dois líderes, a qual mostra que Trump pediu a
Zelensky que "olhasse" para sinais de suposta corrupção contra um dos
filhos de Biden.
Biden,
que foi vice-presidente de Barack Obama, é apontado no momento como o favorito
na disputa do Partido Democrata para obter a candidatura à presidência.
Hunter
Biden, seu filho, foi membro de 2014 a 2019 do comité de monitoramento do grupo
ucraniano de gás Burisma, que pertence a um oligarca pró-Rússia de reputação
duvidosa.
Trump
negou qualquer irregularidade na conversa e na quarta-feira afirmou: "Não
ameacei ninguém, não pressionei, nada". Zelensky também negou que tenha
sido pressionado.
A
possível pressão de Trump para influenciar o pleito americano foi o que motivo
a líder do Congresso, Nancy Pelosi, a abrir o processo de impeachment contra o
presidente na terça-feira.
Notabanca;
01.10.2019
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